A reedição feita pelo SBT de slogans da ditadura militar em alusão ao presidente eleito e ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro (PSL) faz parte de um longo histórico de agrados feitos pelo apresentador, empresário e dono da emissora, Sílvio Santos, aos mandatários do país; tradição que teve início ainda na década de 1980 com o boletim dominical “Semana do Presidente”, que ia ao ar nos intervalos do programa do apresentador, e deve se estender ao longo do mandato de Bolsonaro.
“Silvio é assim, um diplomata”, diz em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o jornalista Gilberto Dionísio, que assinou diversos dos boletins entre os anos de 1981 e 1988, . O roteiro dos boletins, composto por material enviado de Brasília, era uma espécie de destaque das ações positivas do governo.
Dionísio relata, porém, que Silvio não interferia diretamente nos roteiros do boletim e nem que isso resultasse em contrapartidas publicitárias por parte do governo. “Era independente do governo, ele só queria fazer um agrado”, afirma. “Faço aquilo que posso para ajudar o país e respeito o presidente, qualquer que seja o regime”, disse Sílvio Santos em 1988, ao colunista Mauricio Stycer , para o livro “Topa Tudo por Dinheiro – As Muitas Faces do Empresário Silvio Santos”.
Apesar da emissora negar que pretenda reeditar os boletins a favor do governo, Bolsonaro vem sendo retratado positivamente nos programas da rede de televisão. No último dia 10, ele entrou ao vivo no Teleton e ouviu elogios do apresentador por ter escolhido Sérgio Moro para o Ministério da Justiça.
No dia 6, Ratinho defendeu Bolsonaro e criticou publicamente a Globonews, afiliada da Rede Globo e rival do SBT. No mesmo dia, o SBT levou ao ar a vinheta “Brasil, Ame-o ou Deixe-o” – um slogan da ditadura militar. A vinheta foi retirada de circulação poucas horas depois de ser lançada em função das críticas recebidas.