Bem situado nas pesquisas eleitorais, o deputado federal General Girão (PL), uma das mais influentes lideranças políticas que representa o “bolsonarismo raiz” no Rio Grande do Norte, foi capa da Revista “DIREITA BR”, uma publicação de circulação nacional, veiculada através do meio digital e que se auto-intitula como sendo “a maior revista conservadora do Brasil”. Na ampla matéria, o parlamentar, que é candidato à reeleição, detalha como será a atuação do Exército brasileiro nas eleições de outubro próximo, critica o poder Judiciário Poder Judiciário, que, segundo ele, extrapola os seus limites e interfere no Poder Legislativo e no Executivo, levanta suspeitas com relação a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas e chama, textualmente, o ministro Barroso de mentiroso. “Além de mentiroso, o ministro Barroso quis se contrapor à vontade da população brasileira, que foi à rua várias vezes pedindo a transparência das eleições. A população brasileira já sabe em quem pode confiar e as Forças Armadas, com certeza, estão nesse universo de confiabilidade há muitas décadas”, declara.
O parlamentar bolsonarista se empenha ainda em desqualificar o governo Fátima Bezerra (PT) e diz que o estado do Rio Grande do Norte “está sendo governado por uma mulher que se diz professora, mas que ninguém nunca soube se ela deu uma aula”.
Para Girão, Fátima Bezerra é “uma sindicalista que está implantando no Governo do Estado uma gestão sindical”. Girão diz ainda que ser “conservador” é ter respeito à Pátria, o respeito a Deus, às tradições e à família, bem como também, o respeito à liberdade em todos os sentidos, seja ela, individual, de expressão, de imprensa”.
Com relação ao presidente Bolsonaro, o parlamentar é taxativo: “O presidente Bolsonaro está governando com uma oposição política, da mídia e também, internamente, dentro de algumas instituições do próprio Governo Federal, que foram aparelhadas ao longo de quase três décadas por pessoas de esquerda em universidades e institutos federais, por exemplo”.
Leia abaixo a entrevista na íntegra:
1 – Como poderia descrever sua participação nas forças armadas durante o momento em que esteve na ativa?
Comecei minha vida militar passando em um concurso público bastante difícil e tenho muito orgulho disso. Servi às Forças Armadas durante 36 anos, fiz os principais cursos operacionais, trabalhei em todo o território nacional, fui instrutor de quase todas as escolas militares e formei muita gente. Fui instrutor do NPOR aqui no Rio Grande do Norte e tenho muito orgulho de ter formado duas turmas na década de 1970. Como oficial, consegui ser adido militar na República da Polônia e a experiência adquirida internacionalmente e também na área diplomática foram muito boas. Trabalhei na Casa Militar da Presidência, o que me deu uma proximidade com a vida política. Ao final da minha carreira, já como General, comandei na Amazônia, um Comando que me deixou realizado e muito feliz. Lá, comandei como Coronel um Batalhão de Selva e de Fronteira e, como General, uma Brigada de Selva em uma fronteira de quase 2 mil km de perímetro de responsabilidade, com dois países. Então, isso, para um oficial, significa plenitude. Pedi passagem para a reserva porque recebi uma ordem absurda e, nós, militares, aprendemos que ordens absurdas devem ser questionadas. Quando eu questionei, o ex-presidente e ex-presidiário Lula, mandou me transferir como um castigo. Então, eu simplesmente informei aos meus comandantes que iria pedir passagem para a reserva porque um militar deve prezar muito a sua honra, e a minha não tem preço. Eu costumo dizer muito a frase de uma poesia de Sidónio Muralha, um poeta português, que diz que “se caráter custa caro, eu pago o preço”.
2 – Sente saudades daquela época? Existe algum momento que mais te marcou durante esse período?
O tempo que passei nas Forças Armadas me ensinou muito. Consegui trabalhar tanto dentro quanto fora dos quarteis. Meu aprendizado de vida me permitiu chegar com a experiência que, acredito, tem sido muito útil para o dia a dia do trabalho político. Não vou dizer que não sinto saudades porque a farda não abafa o cidadão que a gente carrega no peito. Então, carrego e defendo com muito orgulho as nossas Forças Armadas em todas as instâncias e momentos. Não desejo que o tempo volte porque acredito que tudo que fiz foi dentro da minha consciência e da mais alta responsabilidade e sentimento de patriotismo. Jurei defender a bandeira, jurei defender a Pátria e com certeza continuo mantendo esse juramento muito forte.
3 – Como foi esse encontro com a política e como se deu seu mandato de Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte?
Resolvi entrar para a política quando fui conversar, na Câmara dos Deputados, com o então deputado federal Jair Bolsonaro, meu amigo de farda. Servimos juntos na Brigada Paraquedista e fomos contemporâneos também de Academia. Ele falou que iria concorrer à Presidência da República e precisava ter um grupo de apoio a ele no estado do Rio Grande do Norte. Eu já estava morando em Natal, havia sido secretário de Estado da Segurança e ele conhecia o meu passado. Então, ele nos convidou e partimos para essa nova missão. Encaro sim a vida política como uma missão e acredito que temos demonstrado para as pessoas que é possível fazer uma política correta e diferenciada, sem comprar ninguém, sem se vender, fazendo as coisas independente de bandeiras político-partidárias, visando o bem comum da sociedade e a grandeza do nosso Estado e País.
4 – Como o senhor vê a situação política em nosso país hoje? Existe algum risco para nossa democracia?
O âmago da democracia está fundamentado na obediência às leis e na Constituição Federal, que prevê uma organização composta por três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), que devem ser harmônicos e independentes entre si. Infelizmente, estamos vivendo um período, já há alguns anos, em que o Poder Judiciário extrapola os seus limites e interfere no Poder Legislativo e, mais ainda, no Executivo. A interferência no Poder Executivo, inclusive, nos últimos três anos e meio, passou a ser a tônica. Qualquer partido de esquerda que se sente ofendido vai ao Supremo, que determina e interfere nas decisões do Executivo. Isso é inaceitável. Então, o risco à democracia, se tivéssemos um presidente que não fosse equilibrado e mal assessorado, nós já teríamos tido, talvez, uma ruptura constitucional. Essa ruptura, por parte do Supremo Tribunal Federal, continua acontecendo e o que me deixa mais espantado ainda é a incompetência que reina dentro do Poder Legislativo, que já deveria ter dado um freio nisso e cumprido seu papel. O Legislativo precisa legislar e não pode aceitar que o STF se meta a ser legislador. Então, o risco à democracia existe sim e eu espero que haja uma política de freios e contrapesos a ser exercida exatamente por quem aprova os ministros do Supremo, que é o Senado Federal. Mas parece que há o interesse de alguns senadores a não darem decisões a respeito dos abusos antidemocráticos cometidos por alguns ministros do Supremo. A responsabilidade precisa ser chamada para que eles entendam que ninguém é Deus, ninguém está acima da Lei.
5 – Na sua opinião como se dará as eleições este ano? O senhor tem conversado com os militares e qual o sentimento dentro das forças referente as eleições deste ano?
As eleições neste ano de 2022 serão mais um teste para nossa democracia. Nós sabemos que não existe no mundo um equipamento eletrônico que use a rede mundial de computadores que seja imune a interferência de hackers, bem como as máquinas que são programadas pelos homens podem sofrer interferências justamente por serem feitas pelo homem. Nós tivemos atitudes que levaram à investigação pela Polícia Federal e o TSE, mais uma vez, omitiu invasões identificadas nas últimas três eleições. Então, nos causou mais espanto ainda ver que o TSE fez uma campanha internacional, o que já é absurdo, dizendo que os nossos processos eleitorais não são passíveis de fraude. Além de mentiroso, o ministro Barroso quis se contrapor à vontade da população brasileira, que foi à rua várias vezes pedindo a transparência das eleições. A população brasileira já sabe em quem pode confiar e as Forças Armadas, com certeza, estão nesse universo de confiabilidade há muitas décadas. Em relação à conversa com os militares, nós somos democratas e seguimos o que está na Constituição. Então, se ousarem descumprir a Constituição, faremos com que a nossa Carta Magna seja cumprida.
6 – Como o senhor avalia o mandato do Presidente Bolsonaro, e quais as principais mudanças que o senhor pode apontar referente a esse governo.
O Presidente Bolsonaro está governando com uma oposição política, da mídia e também, internamente, dentro de algumas instituições do próprio Governo Federal, que foram aparelhadas ao longo de quase três décadas por pessoas de esquerda em universidades e institutos federais, por exemplo. Então, o presidente Bolsonaro enfrentou e continua enfrentando, todos os dias do governo dele, uma reação muito grande, além do fato de ter o STF funcionando praticamente como um partido político também. O presidente começou o governo sempre evitando a política do ‘toma lá dá cá’ e colocando pessoas com critérios técnicos em cargos importantes e estratégicos, mas em algum momento, o Legislativo disse que ou teria que conversar com ele ou nada que fosse enviado pelo Executivo seria aprovado. Esse é um sistema de governo que a gente lamenta, mas que o presidente Bolsonaro tem se mantido fiel. Espero que isso seja motivo de exemplo para que nos estados também não haja uma repartição política dos cargos a serem distribuídos nos Poderes Executivos dos demais estados e municípios. Nós estamos cansados de incompetência como a que ocupou durante décadas o Executivo Federal e ainda ocupa alguns governos estaduais.
7 – Como o senhor vê a situação de seu Estado, como avalia o governo do Estado?
O Estado do Rio Grande do Norte está sendo governado por uma mulher que se diz professora, mas que ninguém nunca soube se ela deu uma aula. É uma sindicalista que está implantando no Governo do Estado uma gestão sindical. A gestão precisa ser empresarial. Os governadores e prefeitos precisam entender isso. Talvez as gestões sindicais passadas levaram o Brasil a esculhambação que temos hoje. Me desculpem o termo, mas é o que a gente vê. Muita coisa errada, falta de infraestrutura, saúde abandonada, pessoas entregues à própria sorte. Com a pandemia, descobrimos que muitos hospitais não tinham respiradores, nem desfibriladores. Na Educação, os números são cada vez piores e o IDEB demonstra isso. Infelizmente a gente vê uma população que não sabe fazer conta de cabeça de matemática, que desconhece a história do Brasil, ou melhor, que só se interessa por parte da história da forma como é contada por alguns professores que pregam uma política imbecilizada e ideologizada de socialismo. Lamento muito que isso esteja acontecendo.
8 – Cite algumas de suas propostas na Câmara Federal.
Entrei na Câmara consciente de que, talvez, o Brasil já tenha leis demais. Mas identificamos que algumas leis mereciam ser ‘agravadas’. Foquei muito minhas propostas em cima da segurança pública, tentando acabar, por exemplo, com saidinhas temporárias nos presídios, que só estimulam mais a prática do crime entre os apenados. Também coloquei Proposta de Emenda Constitucional para que os crimes cometidos contra policiais e seus familiares, por exemplo, sejam agravados. Hoje, o bandido se orgulha em colocar uma caveira no corpo como matador de policial. Teríamos que colocar esses caras presos para nunca mais saírem da prisão e trabalhar lá dentro também. Há uma proposta ainda para que o trabalho do preso seja obrigatório. Que ele possa trabalhar e pagar o seu sustento dentro do presídio. Outra proposta também é o fim da impunidade, na qual procuramos impedir que um político ou um ocupante de cargo em administração pública, por exemplo, que cometa um crime, possa se resguardar de medidas protelatórias que, infelizmente, existem dentro do nosso Código Penal. Nós temos uma reforma do Código Penal e espero que ela possa ir adiante. Mas o absurdo que acontece no Brasil é que, a cada ano de eleições, ninguém consegue votar nada. A imunidade parlamentar, outra proposta nossa, deve existir tão somente como está na CF. Os deputados e senadores são invioláveis por quaisquer opiniões, palavras e votos. A gente está tendo isso desrespeitado pelo STF. Tivemos um caso emblemático de um senador encontrado com dinheiro em várias partes do corpo e o tal se valeu da imunidade parlamentar para não ser preso. E também tivemos uma deputada que foi indiciada e pode ter participado do homicídio do seu cônjuge e ficou mais de seis meses protegida por uma imunidade. Isso não pode acontecer.
9 – A Revista DireitaBR se consolidou como a Maior Revista Conservadora de nosso país, já alcançou também mais de 100 países e chegou a realizar em janeiro seu primeiro congresso internacional feito na Europa. Qual sentimento de ver um veículo de comunicação que tem credibilidade e mostra o pensamento dos conservadores de nosso país?
Fiquei muito feliz quando identifiquei na Revista DireitaBR uma pauta voltada para o conservadorismo. Não sei se lembram, mas escrevemos um artigo ‘Se você é conservador, reaja’, para ser disponibilizado no II CPAC, que aconteceu em Brasília. Naquele momento nós decidimos criar alguns instrumentos de informação para a população sobre o que é ser conservador. Ser conservador é ter respeito à Pátria, o respeito a Deus, às tradições e à família, bem como também, o respeito à liberdade em todos os sentidos, seja ela, individual, de expressão, de imprensa. Essas são as máximas do conservadorismo. É claro que também precisamos lembrar do respeito à vida, desde o momento da concepção, e do direito à autodefesa. É importante que as publicações da DireitaBR mostrem esses assuntos, pois precisamos formar uma massa crítica de pessoas que tenham conhecimento sobre o que é ser conservador. A grande mídia, falada, escrita e televisada, passou a ocupar espaços voltados para o progressismo, para o comunismo e para o socialismo. Então, agradeço e parabenizo o trabalho que vocês têm feito e ocupado muito bem esse espaço.
10 – Deixe uma mensagem aos nossos leitores
A mensagem final que eu deixaria para vocês é uma frase de Henry Thomas Buckle: “grandes mentes discutem ideias, mentes medianas discutem eventos e mentes pequenas discutem pessoas”. Vamos evitar ficar discutindo pessoas e investir na formação de mentes que possam levar o Brasil ao sucesso. Desde a criação, Deus nos deu o direito e a liberdade de decidir entre o bem e o mal. Então, reagimos em 2018, o Brasil mostrou que tem essência e maioria conservadora. Por isso, precisamos continuar reagindo em 2022. Não podemos deixar que o mal vença dentro do país. Se você é conservador, reaja!