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Categoria: agosto 18, 2025

Pai de santo acusado de estupro ganha R$ 12 mil como servidor público

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Além de pai de santo, Renato Hudson Silva Alves – acusado de estuprar e mutilar mulheres em rituais – é servidor do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal há um ano. Segundo o portal da transparência do órgão, ele recebe vencimentos brutos superiores a R$ 12 mil mensais.

Renato está preso preventivamente pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) por usar a desculpa de “purificação” para praticar crimes sexuais contra mulheres que buscavam tratamento para problemas psicológicos e crises.

O Metrópoles apurou que o pai de santo exerce o cargo de técnico administrativo desde agosto de 2024, e ainda está em estágio probatório, sendo avaliado para comprovar sua aptidão. Ele trabalhava em modelo híbrido, e a última vez que esteve presencialmente na sede para exercer as atividades foi no dia 7 de agosto deste ano.

Metrópoles

Entenda como será o rito do julgamento de Bolsonaro e aliados no STF

FOTO: ANTONIO AUGUSTO

No dia 2 de setembro será o primeiro dia de julgamento que pode condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete aliados pela trama golpista ocorrida para tentar reverter o resultado das eleições de 2022.

A sessão será aberta às 9h pelo presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin.

Em seguida, o ministro chamará o processo para julgamento e dará a palavra a Alexandre de Moraes, que fará a leitura do relatório, que contém o resumo de todas as etapas percorridas no processo, desde as investigações até a apresentação das alegações finais, etapa finalizada na última quarta-feira (13) e que representa a última fase antes do julgamento.

Após a leitura do documento, Zanin passará a palavra para a acusação e as defesas dos réus.

A ação penal que trata do caso se refere ao núcleo crucial da trama e será julgada pela Primeira Turma da Corte. O colegiado é responsável pela análise do caso porque o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, pertence à Primeira Turma.

O rito que será adotado no julgamento está previsto no Regimento Interno do STF e na Lei 8.038 de 1990, norma que regulamenta as regras processuais do tribunal.

Réus

São réus do núcleo crucial da trama golpista:

  • Jair Bolsonaro – ex-presidente da República;
  • Alexandre Ramagem – ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
  • Almir Garnier- ex-comandante da Marinha;
  • Anderson Torres – ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
  • Augusto Heleno – ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
  • Paulo Sérgio Nogueira – ex-ministro da Defesa;
  • Walter Braga Netto – ex-ministro de Bolsonaro e candidato à vice na chapa de 2022;
  • Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

Acusação

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, será responsável pela acusação. Ele terá a palavra pelo prazo de até uma hora para defender a condenação dos réus.

Crimes

Todos os réus respondem no Supremo pelos crimes de:

  • Organização criminosa armada
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Golpe de Estado
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça e Deterioração de patrimônio tombado

A exceção é o caso do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que, atualmente, é deputado federal. Ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações e responde somente a três dos cinco crimes. A regra está prevista na Constituição.

A suspensão vale para os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado, relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro.

Ramagem continua respondendo pelos crimes de golpe de Estado, organização criminosa armada e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

Defesas

Depois da fala da PGR, os advogados dos réus serão convidados a subir à tribuna para as sustentações orais em favor dos réus. Eles também terão prazo de até uma hora para suas considerações.

Votos

O primeiro a votar será Alexandre de Moraes, relator da ação penal. Em sua manifestação, o ministro vai analisar questões preliminares suscitas pelas defesas de Bolsonaro e dos demais acusados, como pedidos de nulidade da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e um dos réus, alegações de cerceamento de defesa, pedidos para retirar o caso do STF, além das solicitações de absolvição.

Moraes poderá solicitar que a turma delibere imediatamente sobre a questões preliminares ou deixar a análise desses quesitos para votação conjunta com o mérito.

Após a abordagem das questões preliminares, Moraes se pronunciará sobre o mérito do processo, ou seja, se condena ou absolve os acusados e qual o tempo de cumprimento de pena.

Sequência de votação

Depois de Moraes, os demais integrantes da turma vão proferir seus votos na seguinte sequência:

  • Flávio Dino;
  • Luiz Fux;
  • Cármen Lúcia;
  • Cristiano Zanin;

A condenação ou absolvição ocorrerá com o voto da maioria de três dos cinco ministros da turma.

Pedido de vista

Um pedido de vista do processo não está descartado. Pelo regimento interno, qualquer integrante da Corte pode pedir mais tempo para analisar o caso e suspender o julgamento. Contudo, o processo deve ser devolvido para julgamento em 90 dias.

Prisão

A eventual prisão dos réus que forem condenados não vai ocorrer de forma automática e só poderá ser efetivada após julgamento dos recursos contra a condenação.

Em caso de condenação, os réus não devem ficar em presídios comuns. Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP). O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela restrição.

Núcleos

A denúncia da trama golpista foi dividida pela PGR em quatro núcleos. O núcleo crucial ou núcleo 1, formado por Jair Bolsonaro, será o primeiro ser julgado. As demais ações penais estão em fase de alegações finais, última etapa antes do julgamento, que deverá ocorrer ainda neste ano.

Agência Brasil

Evo Morales diz que pleito na Bolívia é ilegítimo; candidato de esquerda, seu ex-aliado, é apedrejado

FOTO: REPRODUÇÃO

O ex-presidente da Bolívia Evo Morales, impedido de concorrer nas eleições gerais desse domingo (17), afirmou que o voto nulo será o vencedor do pleito, como forma de rejeição a um processo “sem legitimidade”. A autoridade eleitoral do país já declarou a votação encerrada.

“Esta votação vai demonstrar que se trata de uma eleição sem legitimidade. Pela primeira vez na história, se não houver fraude, o voto nulo será o mais votado”, declarou Evo, após votar em uma comunidade próxima a Lauca Eñe, um pequeno povoado no centro da Bolívia, onde seus seguidores o protegem dia e noite para evitar o cumprimento de uma ordem de prisão contra o ex-presidente.

Vestido com camisa branca e sandálias, o ex-presidente de 65 anos votou enquanto dezenas de camponeses davam as mãos para formar um cordão de segurança ao seu redor, segundo a agência AFP. Não foi observada presença policial nas proximidades.

O presidente do Senado e candidato da esquerda, Andrónico Rodriguez, foi atacado por críticos ao votar em uma escola em Entre Ríos, no departamento de Cochabamba. Vídeos nas redes sociais mostram o candidato cercado por apoiadores que tentavam protegê-lo enquanto pessoas xingavam e lançavam pedras quando ele deixava o local, segundo o jornal El Pais.

“Cumprimos com nossa vocação democrática ao exercer nosso voto no dia de hoje”, escreveu ele no X, após votar.

Favorito pela esquerda, Andrónico, 36, era visto como o sucessor natural de Evo, mas os dois se distanciaram nos últimos meses, e apoiadores do ex-presidente agora o tratam como um traidor. Nas pesquisas, ele pontua por volta dos 5% das intenções de voto.

“Claramente são grupos organizados que, de forma intolerante, no momento em que cheguei, queriam evitar que eu votasse. Ainda assim, a população se impôs e controlou a situação”, disse ele aos jornalistas, ao classificar o episódio como um incidente isolado.
Primeiro presidente indígena da Bolívia, Evo tentou um quarto mandato, mas foi inabilitado pelo Tribunal Constitucional, que proibiu mais de uma reeleição. Além disso, ele enfrenta uma ordem de prisão por suposto envolvimento com tráfico de uma menor de idade durante seu governo —acusação que ele nega.

“Desta vez vamos votar, mas não vamos eleger”, afirmou Evo, que se desvinculou do partido governista MAS (Movimento ao Socialismo) —legenda com a qual chegou ao poder— devido ao rompimento com seu ex-ministro e hoje presidente, Luis Arce.
Sem candidato para apoiar, Evo fez campanha pelo voto nulo, apesar de isso não impactar o resultado oficial. A autoridade eleitoral na Bolívia considera apenas os votos válidos para os resultados finais.

Neste domingo, mais de 7,9 milhões de bolivianos estão chamados a escolher entre oito candidatos presidenciais e a renovar o Congresso.

Mais cedo, Evo criticou Arce. Ele disse na rede social X que seu movimento político estaria liderando o processo eleitoral se não fosse pelo atual mandatário. O rompimento de Evo com Arce acabou minando a força do MAS, por 20 anos dominante na esquerda e no país.

Enquanto isso, a liderança da corrida presidencial é partilhada, com ampla vantagem, pelo milionário empresário Samuel Doria Medina e pelo ex-mandatário Jorge “Tuto” Quiroga.

Praticamente empatados nas pesquisas com cerca de 20% das intenções de voto para cada, os dois disputariam um segundo turno em 19 de outubro, num duelo inédito entre duas candidaturas de direita. O governista Eduardo del Castillo e o esquerdista e Andrónico aparecem atrás nas pesquisas.

“Hoje é um dia muito importante para os bolivianos, porque por meio do voto poderemos sair desta crise econômica de forma pacífica, de forma democrática”, declarou Doria Medina à imprensa após votar em uma escola em La Paz.

Já Quiroga sinaliza com um giro radical em relação aos anos de prevalência da esquerda. “Vamos provocar uma reviravolta: vamos mudar tudo, absolutamente tudo. São 20 anos perdidos.”

Medida e Quiroga encarnam o desejo de ruptura. Suas propostas convergem: implantar uma economia de mercado e desmontar o modelo implantado pelo MAS, que nacionalizou setores da economia nos primeiros anos de governo Evo.

O primeiro promete um plano de choque de 100 dias para combater a escassez de combustíveis, de dólares e de alguns produtos básicos. O empresário fez fortuna na indústria do cimento, no setor hoteleiro e no ramo de fast food.

Seu rival é um velho conhecido da política. Quiroga foi presidente de 2001 a 2002, quando, sendo vice-presidente, assumiu o poder no lugar de Hugo Banzer —um ex-ditador dos anos 1970 que depois foi eleito democraticamente, mas renunciou ao ser diagnosticado com câncer.

O Tempo

Zelensky admite ceder territórios para encerrar guerra

FOTO: EFE

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou pela primeira vez que pode ceder à Rússia parte do território de seu país a fim de encerrar a guerra.

Após reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas, neste domingo (17) Zelensky declarou que “é preciso ter negociações reais”, sugerindo pela primeira vez a possibilidade de iniciar um diálogo de paz com base na atual linha de frente.

“Isso significa que podemos começar por onde está a linha de frente agora”, afirmou o líder ucraniano.

A visita de Zelensky à sede da União Europeia teve como principal objetivo angariar apoio político e econômico em meio ao avanço das forças russas no leste do país.

Em paralelo, o presidente russo, Vladimir Putin, esteve nos Estados Unidos na última sexta-feira (15), onde se reuniu com o presidente Donald Trump para discutir os rumos do conflito.

Embora o encontro entre Putin e Trump não tenha resultado em um cessar-fogo, o líder norte-americano indicou disposição para promover um acordo de paz duradouro, mesmo que isso envolva concessões territoriais por parte da Ucrânia.

A sugestão de cessão de territórios tem potencial para agradar Moscou. A Rússia controla hoje mais de 400 km² nas regiões de Sumi e Kharkiv, além das quatro áreas oficialmente anexadas — Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson — e a península da Crimeia, ocupada desde 2014.

Apesar da ocupação russa, cerca de 6.600 km² da região de Donetsk permanecem sob domínio ucraniano, mas estão sob pressão constante de avanços militares russos.

Zelensky também pode se reunir com Trump nos próximos dias, em uma tentativa de influenciar as negociações e garantir que qualquer eventual acordo contemple interesses ucranianos mínimos, como segurança territorial e soberania política.

Diário do Poder

Fux não pedirá vista, mas divergirá de Moraes sobre Bolsonaro, dizem fontes

FOTO: ANTONIO AUGUSTO

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux disse a interlocutores que não pedirá vista no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas que deverá divergir do relator Alexandre de Moraes.

Havia expectativa no entorno bolsonarista de que Fux pediria vista dos autos por 90 dias, o que na prática levaria a conclusão do julgamento para 2026. O julgamento do ex-presidente começa no dia 2 de setembro.

Ele, porém, sinalizou a duas fontes com que a CNN conversou que não postergará seu voto, mas que deverá divergir de pontos da denúncia da Procuradoria-Geral da República e do provável voto de Moraes dando pena máxima ao ex-presidente.

Fux não estaria convicto, por exemplo, da correlação entre episódios como a reunião de Bolsonaro com embaixadores atacando a urna eletrônica com os atos de 8 de janeiro de 2023. Haveria, ainda, outros pontos de divergência.

Na sexta-feira, o ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), marcou para dia 2 de setembro o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus do núcleo 1 no processo que apura suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

A Primeira Turma terá sessões extraordinárias nos 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro para análise do caso.

No julgamento, os ministros da Primeira Turma votarão pela condenação ou absolvição dos réus e definirão uma pena.

Moraes começará a sessão com a leitura de seu relatório, no qual deve retomar todas as provas colhidas e produzidas durante o processo. O momento para pedir vistas seria após o voto do relator.

CNN

Padre investigado por sexo com stripper de 17 anos teria comprado silêncio por R$ 1,4 milhão

FOTO: REPRODUÇÃO

Um padre do Alabama, nos Estados Unidos, foi acusado de pagar para manter relações sexuais durante anos com uma stripper. O caso teria começado quando a vítima, Heather Jones, tinha 17 anos.

A denúncia contra o padre Robert Sullivan, 61 anos, foi divulgada pelo jornal britânico The Guardian nesta semana. A ex-stripper, hoje com 33 anos, acusa o clérigo de tentar comprar seu silêncio.

O padre e seu advogado a fizeram assinar um contrato de confidencialidade em troca de US$ 273 mil (cerca de R$ 1,47 milhão). Registros bancários comprovam os pagamentos, segundo o jornal britânico.

Heather Jones decidiu denunciá-lo no fim de julho à diocese de Birmingham, no Alabama, ao descobrir que o padre continuava trabalhando com famílias e crianças. A vítima expressou medo de que “outros estejam vulneráveis ao mesmo tipo de manipulação e exploração” que ela sofreu.

A mulher cresceu em lares adotivos após sua mãe perder a guarda por “negligência severa”. Em uma carta, ela afirma que carecia de “apoio adulto consistente” e passou a trabalhar como stripper em um clube noturno para se sustentar.

Foi ali que conheceu Robert Sullivan, padre que se apresentou como médico e ofereceu para “mudar sua vida”. Ele passou a levar a adolescente para fazer compras, jantar, beber e dormir em hotéis, pagando pelas relações sexuais.

“Eu estava hesitante, mas por fim aceitei, devido à sua persistência e ao estado de espírito em que eu estava”, contou Jones ao The Guardian.

Ela ficou em choque ao descobrir que Sullivan, na verdade, era padre. Ele chegou a pagar pelo tratamento da vítima contra depressão e dependência química, dizendo que “estava feliz em dar o dinheiro porque a amava – assim como Jesus Cristo”.

Padre investigado por sexo com stripper é afastado no Alabama
Robert Sullivan anunciou aos fiéis que está tirando uma “licença pessoal”. O porta-voz da diocese de Birmingham, Donald Carson, informou que o caso está sob análise do conselho da igreja local.

As acusações contra o padre investigado por sexo com stripper também foram encaminhadas ao Vaticano para apuração da má conduta, como manda o protocolo. Até o esclarecimento do caso, Robert Sullivan está proibido de desempenhar suas funções eclesiásticas.

O porta-voz da diocese também disse que ele foi denunciado ao Departamento de Recursos Humanos do estado do Alabama, que investiga casos de abuso sexual infantil.

Apesar da Igreja Católica considerar abusiva qualquer relação sexual de clérigos com menores de 18 anos, a legislação estadual não proíbe. A idade de consentimento legal no Alabama é 16 anos, o que descartaria o caso do padre investigado por sexo com stripper de 17 anos.

Portal NDMais

Senadores têm mais verbas em emendas do que 44% das cidades brasileiras

FOTO: WALDEMIR BARRETO

Um único senador controla, por meio de emendas parlamentares, um valor maior do que o orçamento de 44% dos municípios brasileiros. Cada deputado, por sua vez, tem verbas superiores a 14% das cidades, aponta levantamento feito pela Folha com os orçamentos projetados para 2025.

Os números ilustram o nível de poder e influência que os congressistas podem concentrar no âmbito local, após a disparada do volume das emendas promovida pelo Legislativo na última década.

Cada um dos 81 senadores tem neste ano R$ 68,5 milhões para indicar onde o governo federal deve gastar (valor superior ao de 2.291 cidades), e cada um dos 513 deputados, ao menos R$ 37,1 milhões (acima de 712 cidades). A execução dessas verbas pelo Executivo é obrigatória, e ao menos metade precisa ir para a saúde.

No caso dos deputados, esse valor deve ser ainda maior. Em julho, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiu distribuir mais R$ 11 milhões “por cabeça” em emendas de comissão, que em tese deveriam ser decididas em grupo, para tentar reforçar sua base na Casa.

Somando essa quantia, cada deputado poderá ter nas mãos neste ano R$ 48,1 milhões, mais do que o orçamento de 27% dos municípios -essa última modalidade, no entanto, é de pagamento opcional pelo governo.

A conta não inclui ainda as emendas de bancada, que também continuam sendo “rachadas” individualmente entre os congressistas, descumprindo uma determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).

As emendas são uma forma de parlamentares direcionarem recursos para investimentos e custeios em suas bases eleitorais, o que pode render votos tanto para quem os envia quanto para quem os recebe. A Folha mostrou, por exemplo, que 98% dos prefeitos mais turbinados com verbas se reelegeram em 2024.

“É, de certo modo, como se cada parlamentar tivesse um feudo fiscal para chamar de seu”, afirma Élida Graziane, professora de administração da FGV e procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo. Para ela, os legisladores assumiram funções do Executivo em todos os níveis de governo.

“Congressistas se tornaram ordenadores de despesas mais poderosos do que muitos ministros, governadores e prefeitos. Eles gozam do melhor dos mundos: têm os bônus de poderem liberar despesas em meio a tantas restrições fiscais sem serem obrigados aos ônus de prestar contas ou licitar”, diz.

A análise por estado indica que o valor disponível para cada senador é maior, por exemplo, que o orçamento de 80% dos municípios do Tocantins e na casa dos 60% no Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Piauí. Os deputados também controlam mais dinheiro que 22% das cidades de Santa Catarina e 33% das do Amapá.

São, naturalmente, municípios pequenos. Quase todos eles têm menos que 20 mil habitantes, exceto Piraí do Sul (PR), Marialva (PR) e Pirenópolis (GO), que estão na faixa de 20 mil a 50 mil moradores.

A disparada das emendas aconteceu de forma rápida. Até 2022, os valores ficavam na casa dos R$ 15 milhões a R$ 17 milhões por parlamentar. Naquele ano, porém, o Congresso decidiu ampliar o limite das emendas individuais no Orçamento e acabar com a divisão igualitária entre as duas Casas.

O dinheiro em poder de um único senador, então, triplicou no ano seguinte (para R$ 59 milhões), enquanto o dos deputados duplicou (para R$ 32 milhões), até chegarem às cifras atuais. Repentinamente, os gabinetes legislativos foram inundados com verbas, invertendo a lógica dos acordos políticos.

Se antes eram os parlamentares que batiam na porta do Executivo para liberar os recursos, nos últimos anos os ministérios é que passaram a ir até o Congresso e distribuir cartilhas -uma espécie de cardápio com os programas que precisam de emendas- aos deputados e senadores.

A disparada dos valores não se traduziu em maiores critérios para a sua distribuição. Em 2023, a Folha identificou apenas 16 congressistas (3% de um total de 594), que adotaram algum tipo de regra pública, como editais ou consultas populares, o que, segundo assessores parlamentares, continua sendo exceção.

“Sou uma grande defensora das emendas individuais como elo de representação entre o parlamentar e o eleitor, mas o montante atual e o poder que o Congresso está se dando desde 2014 tem que ser regulado”, diz a pesquisadora Beatriz Any, que estuda o fortalecimento do Legislativo em pós-doutorado na USP.

Ela defende acabar com as emendas coletivas, limitar valores e rever a obrigatoriedade do pagamento, tema em análise no STF. Também lamenta que o controle tenha ficado a cargo do Judiciário, lembrando que o Congresso já se autorregulou no passado, como no escândalo dos anões do Orçamento, esquema de desvio de emendas revelado em 1993.

A reportagem procurou o relator do Orçamento de 2025, o senador Angelo Coronel (PSD-BA), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mas eles não responderam.

A análise da Folha usou os orçamentos aprovados pelas Leis Orçamentárias Anuais de 5.245 municípios (94% do total), com dados enviados ao Tesouro Nacional no primeiro bimestre de 2025, por meio dos “relatórios resumidos de execução orçamentária”.

O orçamento é o valor máximo que cada cidade está autorizada a gastar ao longo deste ano. Na prática, portanto, eles podem gastar menos, o que aumentaria ainda mais, proporcionalmente, o peso das emendas.

Folhapress

Bolívia deverá escolher presidente no 2º turno com disputa entre dois candidatos de direita, segundo projeções

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A Bolívia deverá eleger o próximo presidente em um segundo turno entre Rodrigo Paz, um senador de centro-direita, que se converteu na surpresa da jornada, e o ex-presidente de direita Jorge “Tuto” Quiroga, segundo as projeções de duas empresas de pesquisas divulgadas nesse domingo (17).

Paz, de 57 anos, filho do ex-presidente Rodrigo Paz Zamora (1989-1993), corte todas as especificidades ao se importar no primeiro turno, com 31% dos votos, de acordo com as apurações rápidas da Ipsos-Ciesmori e da Captura Consulting. Com 27%, Quiroga ficou em segundo lugar. Se as tendências forem confirmadas, os dois se enfrentarão no segundo turno em 19 de outubro. Nenhuma pesquisa antecipou a passagem de Paz para o segundo turno.

O senador, que cresceu no exílio por causa da perseguição que seus pais sofreram durante as ditaduras militares, superou o grande favorito das sondagens, Samuel Doria Medina, que somou 19% dos apoios. As eleições confirmaram a exclusão ao Movimento ao Socialismo, que governou durante 20 anos, primeiro com Evo Morales e depois com Luis Arce, hoje adversários.

Os bolivianos votaram em meio a uma grave crise econômica pela escassez de dólares e combustíveis e com uma inflação anual de quase 25%, a maior em 17 anos. Durante a administração de Arce, a Bolívia, outra rica produtora de gás e com importantes recursos de lítio para exploração, quase esgotou suas reservas em dólares devido aos subsídios aos combustíveis que chegam a 11,3 milhões de habitantes.

O fim de um ciclo

Quase em uníssono, os candidatos prometeram uma mudança para este país após duas décadas de governos do MAS. “A Bolívia precisa de estabilidade, governabilidade e gerar uma mudança na economia que não seja uma economia para o Estado, mas uma economia para o povo”, afirmou Paz após votar na cidade de Tarija, no sul da Bolívia.

Quiroga também se comprometeu com uma etapa que, segundo ele, será uma importação e uma democracia. “A Bolívia vai ser exemplo para o mundo, pela forma como vamos mudar a importação e democraticamente depois de 20 anos de abusos”, declarou o candidato do movimento Libre ao eleitor.

Quiroga foi mandatário entre 2001 e 2002, quando, sendo vice-presidente, assumiu o poder em substituição a Hugo Banzer, um ex-ditador dos anos 70 que depois foi eleito democraticamente, mas renunciou ao adolescente de câncer. Paz e Quiroga coincidem em seu propósito de que Evo Morales presta contas à Justiça.

“Sem legitimidade”

Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia, que governou entre 2006 e 2019, tentou disputar nesta eleição por um quarto mandato. Uma decisão judicial o impediu de proibir a reeleição por mais de uma vez. Além disso, enfrenta uma ordem de prisão pela suposta exploração de uma menor quando era presidente, acusação que ele nega.

O líder cocaleiro, de 65 anos, que durante sua gestão conseguiu reduzir a pobreza e triplicar o PIB com seu plano de nacionalizações, rompeu de forma irreconciliável com Arce, o que implodiu o MAS. Desde outubro, encontra-se resguardado em um pequeno povoado no centro da Bolívia, onde simpatizantes o protegidos para evitar sua detenção. Desvinculado do MAS, fez campanha pelo voto nulo.

Nesse domingo saiu do seu refúgio para votar. “Esta votação vai demonstrar que é uma eleição sem legitimidade”, disse, e assegurou que “se não houver fraude”, o voto nulo sairá “em primeiro lugar”.

Jovem Pan News