14 de abril de 2025 às 09:45
14 de abril de 2025 às 06:50
FOTO: RICARDO STUCKERT
O presidente Lula está prestes a completar seis meses, nesta terça-feira, sem decidir quem indicará às duas vagas abertas no STJ. O petista chegou a marcar três reuniões para bater o martelo, que foram adiadas.
O Pleno do Superior Tribunal de Justiça definiu em 15 de outubro do ano passado as duas listas tríplices com indicados para as cadeiras que foram das ex-ministras Laurita Vaz (que deixou a Corte em outubro de 2023) e de Assusete Magalhães (aposentada em janeiro de 2024).
Para a lista dos magistrados federais, o STJ escolheu Carlos Augusto Pires Brandão, do TRF-1; Daniele Maranhão Costa, também do TRF-1; e Marisa Ferreira dos Santos, do TRF-3.
Já na dos integrantes do Ministério Público, foram eleitos Maria Marluce Caldas Bezerra, do Ministério Público de Alagoas; Sammy Barbosa Lopes, do Ministério Público do Acre; e Carlos Frederico Santos, do Ministério Público Federal.
Hoje, Carlos Brandão e Marluce Caldas são considerados favoritos, segundo integrantes do governo ouvidos pelo Radar.
Nos bastidores, no entanto, a disputa segue acalorada.
14 de abril de 2025 às 09:30
14 de abril de 2025 às 06:52
FOTO: FABIO RODRIGUES POZZEBOM
Jason Miller, ex-conselheiro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes neste domingo, 13. Em post nas redes sociais, Miller classificou Moraes como uma “ameaça à democracia”.
“O Ministro da Suprema Corte do Brasil, Alexandre de Moraes, é a maior ameaça à democracia no Hemisfério Ocidental, e ele acha isso engraçado”, afirmou, repercutindo um trecho da entrevista de Moraes à revista americana The New Yorker.
Miller já teve problemas com Moraes anteriormente. Em setembro de 2021, o ex-assessor de Trump foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas “milícias digitais”.
O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas em 2021 após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.
Miller foi o principal porta-voz de Trump durante a campanha presidencial de 2016 e a transição entre o governo Obama e o primeiro mandato do republicano. Posteriormente, em 2017, foi comentarista político na CNN americana mas deixou a emissora um ano depois. Em 2024, Miller deixou o cargo de CEO do Gettr para atuar como conselheiro na terceira campanha presidencial de Trump.
Entrevista
Na entrevista à The New Yorker, Moraes comentou sobre sua atuação como ministro do STF, em especial nas questões relativas à democracia e redes sociais. Para o magistrado, a ausência de regulamentação tornou as redes sociais propícias à disseminação de desinformação e discursos de ódio.
“Se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso ao X, estaríamos condenados”, disse Moraes, referindo-se ao ministro da Propaganda da Alemanha nazista. “Os nazis teriam conquistado o mundo.”
À revista, Moraes criticou o movimento político que denomina como “novo populismo digital extremista”, termo cunhado pela tese que apresentou em um concurso público no qual pleiteou uma vaga como professor titular da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). “É um populismo altamente estruturado e inteligente. Infelizmente, no Brasil e nos Estados Unidos, ainda não aprendemos a revidar”, disse o ministro.
Moraes afirmou ainda que as redes sociais devem respeitar as leis dos países em que estão disponíveis, comparando-as com as Companhias de Índias dos séculos 17 e 18. As companhias foram empresas fundadas pelas principais economias da Europa à época com o objetivo de garantir a exploração de recursos em suas colônias.
Segundo o ministro do STF, sem regulamentação, as plataformas lucram em detrimento dos países em que atuam, assim como as Companhias de Índias europeias. “Não só influenciam as pessoas, como geram a maior receita publicitária do mundo, o que lhes dá a força financeira para influenciar as eleições”, afirmou Moraes “Não querem respeitar a jurisdição de nenhum país, porque, na realidade, procuram ser imunes às nações.”
14 de abril de 2025 às 09:15
14 de abril de 2025 às 06:47
FOTO: RICARDO STUCKERT
presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve visitar novamente a China, em maio, quando terá um novo encontro com o presidente Xi Jinping. A visita ocorrerá no contexto da Cúpula entre China e países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A data da viagem – entre 12 e 13 de maio – foi acertada esta semana durante a 9ª Cúpula da Celac, realizada em Honduras, que contou com a presença de Lula.
A previsão da viagem foi confirmada pelo Palácio do Planalto, e deve ocorrer na sequência da visita que o presidente fará à Rússia.
A convite do presidente Vladimir Putin, Lula participará das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. É o feriado mais importante da Rússia, que ocorre no dia 9 de maio, com um grandioso desfile cívico-militar em Moscou.
Comércio internacional
O encontro entre Lula e Xi Jinping ocorrerá em meio ao acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do planeta. A imposição de tarifas mútuas, desencadeada por iniciativa do presidente norte-americano Donald Trump, vem causando sucessivas turbulências nos mercados de ações e alimenta o temor de uma recessão global.
A viagem à China será a segunda visita oficial de Lula neste terceiro mandato. A visita anterior ocorreu em abril de 2023, que foi retribuída por Xi Jinping em visita de Estado em novembro do ano passado, após a Cúpula do G20, sediada pelo Brasil. Além disso, eles haviam se encontrado outra vez em 2023 na Cúpula dos Brics, na África do Sul.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve visitar novamente a China, em maio, quando terá um novo encontro com o presidente Xi Jinping. A visita ocorrerá no contexto da Cúpula entre China e países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A data da viagem – entre 12 e 13 de maio – foi acertada esta semana durante a 9ª Cúpula da Celac, realizada em Honduras, que contou com a presença de Lula.
A previsão da viagem foi confirmada pelo Palácio do Planalto, e deve ocorrer na sequência da visita que o presidente fará à Rússia.
A convite do presidente Vladimir Putin, Lula participará das celebrações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. É o feriado mais importante da Rússia, que ocorre no dia 9 de maio, com um grandioso desfile cívico-militar em Moscou.
O encontro entre Lula e Xi Jinping ocorrerá em meio ao acirramento da guerra comercial entre Estados Unidos e China, as duas maiores economias do planeta. A imposição de tarifas mútuas, desencadeada por iniciativa do presidente norte-americano Donald Trump, vem causando sucessivas turbulências nos mercados de ações e alimenta o temor de uma recessão global.
A viagem à China será a segunda visita oficial de Lula neste terceiro mandato. A visita anterior ocorreu em abril de 2023, que foi retribuída por Xi Jinping em visita de Estado em novembro do ano passado, após a Cúpula do G20, sediada pelo Brasil. Além disso, eles haviam se encontrado outra vez em 2023 na Cúpula dos Brics, na África do Sul.
14 de abril de 2025 às 09:00
14 de abril de 2025 às 08:01
FOTO: MARC ELO CAMARGO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mandatário que menos se reuniu com parlamentares nos primeiros 28 meses de governo desde que a Lei de Acesso à Informação (LAI) passou a exigir a divulgação pública das agendas, em 2012. De lá para cá, no segundo governo Dilma Rousseff, iniciado em 2015 e que durou apenas um ano e cinco meses, no de Michel Temer, seu sucessor após o impeachment, e no de Jair Bolsonaro, os parlamentares tiveram mais encontros com os presidentes. De 2023 até agora, o petista registra apenas 96 agendas com congressistas no Palácio do Planalto, enquanto seu antecessor, no mesmo intervalo, esteve com deputados federais ou senadores em 502 ocasiões.
Por meio de nota, a Secretaria de Relações Institucionais informou que o presidente Lula mantém contatos com parlamentares também em viagens oficiais e encontros informais, além das agendas no gabinete. Segundo a pasta, o presidente tem priorizado o diálogo com o Congresso em temas de interesse nacional e reiterado a importância das duas Casas na aprovação de medidas relevantes do governo, como a Reforma Tributária.
Em 2023, primeiro ano do atual mandato, Lula participou de 47 agendas com parlamentares. No ano seguinte, o número se manteve praticamente estável, com 42 encontros registrados até o fim de dezembro. Já até abril de 2025, o petista esteve em apenas sete ocasiões com algum deputado ou senador, totalizando 96 interações com congressistas desde o início do mandato.
O levantamento foi feito com base nos dados da Agência Transparente, ferramenta criada pela ONG Fiquem Sabendo, que compila diariamente os compromissos divulgados nos canais oficiais do governo. Foram considerados encontros presenciais com deputados, senadores, presidentes da Câmara e do Senado, além de líderes de bancadas ou de partidos com mandato vigente, registrados na agenda oficial da Presidência da República. Também foram incluídos os casos em que essas reuniões contaram com a presença de outras autoridades, como ministros, governadores e prefeitos.
Mais de 97% dessas agendas contaram com a presença de deputados e senadores do próprio PT. Foram raras as ocasiões em que Lula se reuniu com lideranças de siglas fora do núcleo petista, como no primeiro ano de governo, quando recebeu integrantes do Progressistas, ou mais recentemente, em fevereiro de 2024, ao se encontrar com os líderes do Republicanos, PSD e Podemos.
Para Leandro Consentino, professor de Ciência Política do Insper, embora a agenda oficial não registre reuniões realizadas fora dos canais de divulgação pública, o fato de Lula ter adotado uma postura de articular menos diretamente com o Congresso contribui para as dificuldades do governo em aprovar pautas prioritárias e manter uma base coesa desde o início do terceiro mandato. “Isso pode resvalar no projeto de reeleição de Lula em 2026″, afirma o cientista político. “Ele precisa do Congresso neste ano mais do que nunca para aprovar projetos econômicos.”
A percepção de que Lula tem demonstrado pouca paciência para as rotinas do governo e para os rituais da política parte de partidos da própria base governista no Congresso. O deputado federal Mário Heringer, líder do PDT na Câmara, afirma que a queixa é recorrente e que o presidente, de fato, se afastou das relações com o Legislativo neste terceiro mandato. “É o período em que Lula está mais distante do Legislativo de verdade”, diz, afirmando que a postura contribuiu para uma série de derrotas do governo no Congresso.
O Estadão apurou que a insatisfação vem desde o primeiro ano de mandato, em 2023, quando parlamentares já se queixavam do distanciamento e da falta de disposição do presidente em recebê-los no Planalto.
Agora, porém, líderes partidários ouvidos pela reportagem afirmam que há a expectativa de que o mandatário passe a receber com mais frequência deputados e senadores. A virada de chave, segundo congressistas, é atribuída à recente viagem ao Japão, na qual Lula esteve acompanhado dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, além de outros parlamentares. A agenda internacional serviu para “ajustar os ponteiros” entre o Executivo e o Congresso.
Em outra frente, a entrada de Gleisi Hoffmann na Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política do governo, também foi bem recebida por parlamentares. Presidente do PT e próxima de Motta, Gleisi assumiu o posto no lugar de Alexandre Padilha e tem sido descrita nos bastidores como uma “articuladora profissional”, capaz de reabrir canais que estavam travados desde o início do governo, em um momento de reposicionamento político com vistas às eleições presidenciais de 2026.
A mudança ocorre enquanto tramitam no Congresso projetos considerados prioritários para o Planalto, como a PEC da Segurança Pública, o acesso de trabalhadores do setor privado ao crédito consignado, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda, a reforma tributária sobre o consumo e a aprovação do novo Plano Nacional de Educação.
Consentino aposta que, com a proximidade da disputa eleitoral, a tendência é que as reuniões entre o Executivo e o Congresso aumentem, mas pondera que a disposição para o diálogo precisa partir de ambos os lados.
Para ele, o número reduzido de encontros no atual mandato reflete, de um lado, uma estratégia até aqui mal calibrada de Lula, que tem adotado uma postura mais institucional, concentrando as conversas nos presidentes das Casas e delegando o varejo político a ministros e líderes; e, de outro, uma mudança estrutural na relação entre os Poderes, impulsionada pelo fortalecimento do Congresso — especialmente por meio das emendas parlamentares, que deram mais autonomia aos congressistas e reduziram a dependência do Executivo na liberação de recursos, já que grande parte dessas verbas passou a ter pagamento obrigatório.
“Esses encontros dependem dos dois lados. Os parlamentares estão mais independentes e não precisam mais ‘beijar a mão do presidente’ para ter suas verbas liberadas e Lula vem apostando em uma estratégia institucional, articulando por meio de líderes e dos presidentes das Casas”, completa.
Os dados da agenda presidencial confirmam essa dinâmica. Os senadores Randolfe Rodrigues (líder do governo no Congresso) e Jaques Wagner (líder do governo no Senado) estiveram presentes em quatro de cada dez reuniões com parlamentares. Já os então presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco, participaram de 40% dos encontros registrados no período.
14 de abril de 2025 às 08:45
14 de abril de 2025 às 08:09
FOTO: ANTONIO AUGUSTO
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmou no último sábado (12), durante a Brazil Conference, evento realizado na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que teve orgulho de ter participado do “desmanche” da Operação Lava Jato, que ele classificou como uma “organização criminosa”. Em sua fala, o ministro criticou a atuação da força-tarefa da ação e do ex-juiz Sergio Moro.
– Fico muito orgulhoso de ter participado desse processo que você chamou de desmanche da Lava Jato, porque era uma organização criminosa. O que eles organizaram em Curitiba, lamentavelmente, era uma organização criminosa – acusou o ministro.
Em sua fala, o ministro ainda rejeitou comparações entre seu colega de Corte Alexandre de Moraes e o senador e ex-juiz Sergio Moro. O ministro refutou as afirmações de que Moraes estaria violando o devido processo legal ao julgar um caso no qual também seria vítima e defendeu que ele siga como relator das ações relacionadas aos atos de 8 de janeiro.
– Não há justificativa para ele [Moraes] ser afastado, uma vez que ele já era relator desses inquéritos e depois dos inquéritos que se agregaram. Ele não é suspeito, não está impedido, não está julgando no seu interesse. Não se pode nem de longe compara Alexandre com Moro. Moro, de fato, se associa ao Bolsonaro – completou Gilmar.
14 de abril de 2025 às 08:30
14 de abril de 2025 às 06:44
FOTO: ZECA RIBEIRO
O deputado Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) surpreendeu em seu discurso durante sessão na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (9). Ele se ofereceu para ser enviado aos Estados Unidos, a fim de amenizar a guerra comercial do país norte-americano com a China.
O parlamentar deu um recado direto ao presidente Donald Trump. Em um dos trechos de sua fala, Isidório criticou as decisões do republicano, comparando seu comportamento ao de líderes de facções.
– O mundo inteiro está sobressaltado com o comportamento tirano e semelhante a líder de facções do senhor Donald Trump – declarou.
O político brasileiro disse ainda, em inglês e em português, ser um “doido vindo da Bahia”.
14 de abril de 2025 às 08:15
14 de abril de 2025 às 08:05
FOTO: DIVULGAÇÃO
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou as redes sociais, na noite deste domingo (13/4), para agradecer a equipe médica que operou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele passou 12 horas em cirurgia, neste domingo, no hospital DF Star, em Brasília (DF).
“Meu amor já está no quarto. Nossos anjos aqui na Terra”, escreveu Michelle, ao lado de uma foto dos médicos. “Minha eterna gratidão a essa equipe médica extraordinária que, com precisão, competência e humanidade, conduziu as 12 horas de cirurgia do nosso capitão.”
O hospital liberou, às 21h40, o primeiro boletim médico de Bolsonaro depois da cirurgia. O procedimento de grande porte ocorreu sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue, afirma a equipe médica.
Bolsonaro passa por cirurgia em Brasília
Bolsonaro está internado em Brasília desde a noite desse sábado (12/4), depois de ser transferido de Natal (RN), onde precisou ser hospitalizado às pressas na sexta-feira (11/4), para tratar um quadro de subobstrução intestinal.
“A obstrução intestinal era resultante de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita durante o procedimento de liberação das aderências. Bolsonaro encontra-se no momento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), estável clinicamente, sem dor, recebendo medidas de suporte clínico, nutricional e prevenção de infecções”, informa o boletim médico.
14 de abril de 2025 às 08:00
14 de abril de 2025 às 06:41
FOTO: CANINDÉ SOARES
Uma das principais forças da economia potiguar, o turismo ainda carece de melhorias em áreas específicas visando expandir e utilizar plenamente o seu potencial. Nesse sentido, um dos segmentos turísticos que pode ser potencializado em grandes proporções é o de cruzeiros, mercado que passou por constantes transformações no Brasil e no mundo nos últimos anos. Um estudo inédito feito pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN) mostrou que essa área turística no Estado, por meio do Porto de Natal, pode sair dos atuais R$ 3,5 milhões de impacto econômico para R$ 89,5 milhões. O quantitativo de passageiros, que foi de 2.539 em 2023, poderia chegar a 63 mil, segundo o estudo. Para se chegar nesses quantitativos, no entanto, “muita água precisa correr por debaixo da ponte” como diz o ditado popular. Isso porque obras estruturantes, estratégias de captação e parcerias comerciais precisariam ser feitas para potencializar ainda mais este mercado.
Os números constam no estudo “Mercado e Impacto Econômico de Cruzeiros em Natal”, feito pelo Sebrae-RN a pedido da Companhia Docas do RN (Codern) e Secretaria de Estado do Turismo (Setur-RN), divulgado nesta semana. Segundo os dados do mapeamento, Natal está atrás no fluxo de passageiros em comparação aos portos de Recife e Maceió, por exemplo. Neste último caso, a capital alagoana recebeu 99.446 cruzeiristas em 2023, com impacto econômico total de R$ 140 milhões. Recife, por sua vez, recebeu 27.287 cruzeiristas e movimentou R$ 38,4 milhões.
Para se chegar nesses números, foi feito um diagnóstico de 50 embarcações que chegam no Brasil em rotas já conhecidas. Destas, 14 delas já atracaram ou estão programadas para atracar na capital em 2025/2026, demonstrando que o destino já faz parte de algumas rotas de cruzeiros. Além disso, 20 dessas embarcações operam no Nordeste brasileiro, o que representa oportunidade estratégica para ampliar a captação de novas escalas para Natal, fortalecendo sua posição no mercado de turismo marítimo.
Além disso, o turismo de cruzeiros tem suas particularidades e especificidades, como por exemplo a limitação de atrativos e o tempo disponível para a realização de atividades turísticas, ficando limitada a 6 horas, em alguns casos. Entre os atrativos indicados estariam passeio nas dunas e city tour pelo Centro Histórico de Natal.
“Essas 14 embarcações vieram de uma maneira espontânea, não tivemos trabalho de prospecção ativa desde que veio a pandemia, desde que perdemos a rota que era nossa principal em 2013, que era Fernando de Noronha, por questões ambientais. Nossa rota acabou sendo perdida e depois da pandemia houve uma queda de viagens de cruzeiros dentro desse panorama nacional. Agora ele está voltando e com uma força muito grande. Estamos vindo de um período de pós-pandemia e estamos agora retomando o que perdemos baseando no que gostaríamos de trazer para o nosso Estado”, explica Ana Raquel Pena, coordenadora do estudo e consultora de mercado credenciada do Sebrae-RN.
Além disso, o estudo também fez entrevistas com oito instituições/associações do turismo local, além de agências de receptivos do Estado. Foram feitas perguntas como “Quais os principais atrativos turísticos para o turista que chega de cruzeiros em Natal/RN considerando suas limitações?”, “Qual o potencial para o turismo de cruzeiro em Natal/RN?”, entre outras.
“Um dos grandes fatores da nossa pesquisa foi justamente aproveitar esse momento para identificar nosso posicionamento futuro em função dos cruzeiros, respeitando nossa capacidade de infraestrutura atual, no mercado potencial e de como essa movimentação hoje mundial e das tendências e oportunidades que os cruzeiros estão trazendo no setor do turismo”, acrescenta a pesquisadora.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE procurou a Secretaria de Estado do Turismo para repercutir o estudo. A pasta enviou a seguinte nota. “Os primeiros resultados do estudo foram apresentados inicialmente à Codern, e posteriormente ao Conselho Estadual de Turismo – Conetur, reforçando o compromisso da Setur e do Sebrae em fomentar ações que ampliem a competitividade e atratividade do destino Rio Grande do Norte no cenário nacional e internacional. O detalhamento completo do estudo será apresentado em reunião técnica entre a Setur e o Sebrae nos próximos dias, quando serão discutidas as próximas etapas e possíveis desdobramentos das propostas levantadas”.
Potencial
O diagnóstico aponta, por exemplo, que apesar da baixa performance atual, o Porto de Natal possui “grande potencial a ser explorado”. Entre as perspectivas estariam a realização de reformas e aumento da capacidade operacional do terminal, que poderia aumentar em 25x o valor atual. Essa reforma, por exemplo, consistiria numa dragagem a ser feita no Rio Potengi, que seria uma nova bacia de evolução para o fundeio de navios de cruzeiro. A área selecionada para essa infraestrutura está situada na margem direita do Rio Potengi, entre a Ponte Newton Navarro e o Farol Recife de Natal. Essa dragagem citada no estudo é diferente da que é alvo de licitação para 2025.
Restrição histórica desse tipo de turismo em Natal, a altura da Ponte Newton Navarro deixaria de ser um empecilho. Isso porque, com essa nova bacia de evolução, os navios atracariam antes da ponte, com os cruzeiristas desembarcando em terra por meio de embarcações menores. Além disso, o comprimento máximo permitido para recepção de embarcações seria ampliado para 300 metros.
“Se eu tenho um limite na ponte para que os cruzeiros aportem aqui, a solução foi termos uma área de fundeio antes da ponte. Fizemos a batimetria e constatamos um volume de 900 mil m³ de remoção para que ali tenhamos um calado a 10m e atenda exatamente os cruzeiros.
O cruzeiro não aportaria direto no Porto, ficaria antes da Ponte e os turistas iriam de barco, indo num transfer. Esse tipo de operação é feita em Búzios, Ilhabela, Camboriú, ou seja, é bem recebida pelo mercado. Não é nenhum gargalo”, explica o diretor-presidente da Codern, Paulo Henrique de Macedo, acrescentando ainda que existe uma ideia de se criar uma rota de cruzeiros na costa Nordeste para atrair os turistas.
O diretor-presidente da Codern acrescenta ainda que já estão sendo feitos estudos e diagnósticos acerca dessas questões, com o intuito de viabilizar recursos junto ao Governo Federal. “Pedimos ao Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias uma solução operacional para que pudéssemos receber grandes cruzeiros. Fizemos a batimetria e entregamos para o INPH, e a Codern começa a elaborar uma solução operacional para que saibamos quanto vai custar receber grandes cruzeiros. Não adianta visualizarmos um potencial de um setor sem que possa efetivamente mensurar isso em números e poder projetar. Para o Governo do Estado fazer esse estudo, ele precisava de uma solução a médio prazo”, acrescenta.
Captação e divulgação do destino
Além das obras para ampliação do Porto de Natal e de sua infraestrutura ao redor, o estudo sugere um trabalho integrado de captação desses navios, além de ações de promoção e divulgação desses destinos. “Temos, com certeza, oportunidades de trabalhar um perfil de embarcações desse nível com a infraestrutura que temos hoje. Esse estudo permite ter essa radiografia do que nós temos hoje e o que está deixando de ser feito, que seria a parte de estratégia de captação de novos navios e embarcações”, explica Ana Raquel Pena.
Segundo George Costa, coordenador da Câmara Empresarial de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do RN (Fecomercio-RN), o turismo de cruzeiros depende de toda uma conjuntura, não apenas de infraestrutura, mas também comercial.
“Os navios de pequeno porte, que é o que temos capacidade de receber, estão se dedicando a um turismo cada vez mais de luxo ou de grandes travessias, que são cruzeiros de 30, 60 dias, em que as pessoas dão a volta ao mundo. Esse tipo de cruzeiro está ficando mais raro no mercado mundial, porque os navios viraram verdadeiras cidades, que são muito grandes e que rendem muito mais dinheiro, porque concentra-se mais pessoas”, explica.
Ainda segundo George, grandes cruzeiros saem de rotas como Rio e São Paulo, mas não acabam passando nem desembarcando por cidades como Natal. “Não temos ainda força econômica e conjunto de cidades que junte Fortaleza, com Natal, João Pessoa e Maceió e consiga sair daqui um cruzeiro de grande porte. Esses de 3, 5 mil, a gente não consegue fazer com que eles venham para o Nordeste neste momento pela questão econômica”, aponta, acrescentando ainda as dificuldades estruturais existentes no Porto.
Outro ponto que pode ser beneficiado com o turismo de cruzeiros é o Terminal Marítimo de Passageiros (TMP Natal), que foi inaugurado em 2014 em função da Copa do Mundo em Natal mas acabou acabou se tornando um equipamento subutilizado com a falta de cruzeiros vindos ao Estado. O espaço custou R$ 72,5 milhões. A Codern estuda fazer mudanças internas para utilização ampla do espaço, além de possibilidade de cessões onerosas com o intuito de ampliar a relação “porto-cidade”.
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