Começa nesta sexta-feira (12), e segue até sábado (13), das 14h às 22h, a 9ª Femptur – Feira dos Municípios e Produtos Turísticos do RN, no Centro de Convenções. A Prefeitura de Natal é patrocinadora do evento e contará com um amplo estande onde todos os visitantes terão a oportunidade de conhecer de perto os principais atrativos do município como artesanato, agricultura familiar e gastronomia local. O evento é gratuito e aberto para todas as idades.
O prefeito Álvaro Dias destaca a importância da Feira uma vez que agentes de viagens de todo o país estarão presentes, e terão a oportunidade de conhecer de perto as belezas, estrutura e potencialidades da capital potiguar. “Tenho a plena convicção de que esse evento vai gerar muitas oportunidades, gerando bons negócios e fazendo com que a nossa cidade receba ainda mais turistas”, disse o prefeito.
De acordo com os organizadores do evento, a Femptur é uma importante ferramenta para que os municípios potiguares possam expor suas qualidades, trocar ideias, inovar e se tornarem destinos visados para quem busca boas experiências turísticas. Este ano, mais de 40 municípios expositores de todas as regiões do Rio Grande do Norte participam do evento.
Programação
Neste ano, a Femptur traz uma novidade. A criação do Palco do Músico Potiguar, espaço aberto aos artistas com foco na valorização musical, com capacidade para três músicos por vez e apresentações de até 30 minutos. No total, são 20 vagas, sendo 10 por dia.
Nesta edição também haverá o “Troféu Femptur de Melhor Estande”, dividido em três modalidades: Ambientação, Originalidade e Interatividade. Desta forma, os municípios expositores poderão concorrer nas categorias citadas e receber troféu de 1º, 2º e 3º lugar. O 1º lugar em Originalidade ganhará uma visita técnica do projeto “Lugares de Charme” para um diagnóstico de potencial turístico.
A programação conta ainda com 20 apresentações culturais, 20 shows musicais, exposição e espaço gastronômico.
O prefeito Álvaro Dias entregou mais uma obra concluída na tarde desta quinta-feira (11). A lagoa de captação de Potilândia e a alameda em seu entorno foram construídas para dar fim aos problemas de alagamentos no local durante períodos chuvosos. A obra recebeu investimento de R$590 mil, recursos próprios do município.
A nova lagoa de captação de Potilândia possui capacidade de 1,2 milhão de metros cúbicos e foi totalmente urbanizada com cerca de proteção, revestimento do talude e iluminação de LED. A Prefeitura ainda destinou R$ 846 mil para a execução de serviços de pavimentação das ruas próximas da lagoa.
Álvaro dias reforçou que outras obras como essa estão sendo realizadas por toda a cidade. “O sistema de drenagem e esgotamento sanitário de Natal está sendo reforçado com investimentos próprios. Estamos trabalhando na construção da lagoa de captação no bairro Planalto, que está em fase de conclusão. São quase R$ 160 milhões aplicados nas ações da área e que incluem a construção de novas lagoas de captação, a maior parte delas na Zona Norte”, disse.
O Secretário Municipal de Infraestrura, Carlson Gomes, contou que a região da zona Norte vai passar a contar com cinco novos reservatórios, compondo o projeto de saneamento integrado. “São investimentos vultosos para ampliarmos a capacidade de armazenamento das nossas lagoas de captação. A zona Norte será contemplada com a construção de cinco lagoas, que já estão com os recursos garantidos. Os reservatórios fazem parte do projeto de saneamento integrado da Zona Norte. Só nessa obra, são mais de R$ 130 milhões aplicados”, acrescentou.
Atualmente, a cidade de Natal conta com 77 lagoas captação, destas, 35 são urbanizadas. Os trabalhos de limpeza das lagoas estão sendo realizados pela secretaria de Infraestrura desde o início do ano. As equipes retiram o material excedente dos reservatórios para prevenir e evitar alagamentos com a chegada de chuvas, verificando todo o seu funcionamento, que têm a importante função de garantir a drenagem e infiltração das águas pluviais.
O presidente Lula (PT) anunciou nesta quinta-feira (04) que o pagamento do 13º salário para os aposentados, pensionistas e demais beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) será antecipado e a primeira parcela será paga a partir do dia 25 deste mês. Os pagamentos serão feitos em duas parcelas nos meses de maio e junho, respeitando o calendário do INSS.
A medida beneficiará cerca de 30 milhões de brasileiros, que receberão um montante de R$62,6 bilhões. Normalmente, o abono anual, que é conhecido como o 13º, é pago entre agosto e novembro. Este é o quarto ano seguido que o benefício é antecipado para o primeiro semestre.
O dinheiro é depositado na conta dos segurados sempre a partir do final no mês da competência que está sendo paga. Em maio, o pagamento começa no dia 25 para quem tem número de benefício com final 1, sem considerar o dígito. Os primeiros a receber são os beneficiários que ganham um salário mínimo.
A segunda parcela começará a ser paga em no dia 26 de junho, conforme calendário habitual de liberação dos benefícios previdenciários. Recebem primeiro os segurados com direito ao salário mínimo e, depois, no início de julho, aqueles que ganham valores acima do piso previdenciário. A data de pagamento para estes últimos vai de 3 a 7 de julho.
Têm direito ao 13º quem recebe aposentadoria, pensão e auxílios. Ficam de fora do pagamento os segurados que ganham BPC (Benefício de Prestação Continuada) e renda mensal vitalícia.
CALENDÁRIO DO 13º DO INSS Quem recebe até um 1 salário mínimo
Final do NIS 1ª parcela 2ª parcela
1 25 de maio 26 de junho 2 26 de maio 27 de junho 3 29 de maio 28 de junho 4 30 de maio 29 de junho 5 31 de maio 30 de junho 6 1 de junho 3 de julho 7 2 de junho 4 de julho 8 5 de junho 5 de julho 9 6 de junho 6 de julho 0 7 de junho 7 de julho
Quem recebe acima de 1 salário mínimo
Final do NIS 1ª parcela 2ª parcela
1 e 6 1 de junho 3 de julho 2 e 7 2 de junho 4 de julho 3 e 8 5 de junho 5 de julho 4 e 9 6 de junho 6 de julho 5 e 0 7 de junho 7 de julho
A Câmara dos Deputados colocou em atividade um trenzinho da alegria e aprovou na última quarta-feira (10) dois projetos de lei que permite a contratação de até 484 servidores comissionados no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), além de criar 20 novos cargos comissionados no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O primeiro projeto partiu do próprio tribunal, enquanto o segundo foi proposto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
No caso do CNJ, os novos cargos serão implementados de forma gradual até 2026. Além das vagas para servidores comissionados, o projeto prevê a abertura de 20 cargos de analista judiciário (nível superior) e outros 50 de nível técnico. A relatora Erika Kokay (PT-DF) também acrescentou a retomada dos quintos e décimos no CNJ, benefício na forma de parcelas a mais no salário para comissionados.
No caso do TJDTF, os novos cargos consistem na criação do quadro de servidores comissionados do tribunal. Eles ficarão encarregados de auxiliar diretamente nos gabinetes de desembargadores, juízes substitutos de segundo grau e de juízes de turmas recursais. Outros 214 servidores ficarão encarregados de apoiar os juizados, e 140 serão alocados na administração.
BRASÍLIA – A Procuradoria-Geral da República (PGR) gasta R$ 878 mil por ano para ter “lavador de carro oficial” e “carregador de móveis” à disposição exclusiva dos procuradores e subprocuradores com salários de quase R$ 3,9 mil. No total, são quatro pessoas para fazer a limpeza dos veículos e mantê-los cheirosos. O contrato diz que eles “devem lavar constantemente a frota” utilizada pelos integrantes do Ministério Público. Já para a função de carregador de móveis a PGR conta com 15 profissionais.
Os trabalhadores responsáveis pela lavagem dos carros têm carga horária de 8 horas diárias dedicada exclusivamente a essa atividade. Segundo prescreve documentação da PGR, os contratados devem “realizar a lavagem externa e limpeza externa dos veículos oficiais, compreendendo as atividades de higienização de interiores, polimento de pintura e secagem, quando pertinentes”. A PGR tem uma frota de 80 carros modelo Novo Cruze Sedan.
Para ser lavador de carro oficial é preciso ter ensino fundamental completo ou experiência comprovada em carteira assinada. A empesa contratada pela PGR precisa fornecer aspirador de pó e lavadora de alta pressão para a execução do serviço e manter estoque de produtos de limpeza incluindo spray ”aromatizante tipo bom-ar”, que não contenha gás CFC.
A descrição do trabalho está expressa num contrato de prestação de serviços terceirizados feito por intermédio de uma empresa privada selecionada por licitação. Por esse contrato, a empresa fornece ainda pessoas para exercer outras atividades administrativas na PGR como operador de telemarketing, ascensorista e operador de máquina copiadora. Com salário de R$ 3.800 por mês, os ascensoristas garantem que os procuradores não precisem apertar o botão do elevador. A profissão está cada vez mais em extinção no País, segundo dados do Ministério do Trabalho.
O contrato com a empresa prestadora de serviços que oferece a mão-de-obra de lavadores de carro, ascensorista e outras funções foi assinado em 2020. O termo já está na sua terceira renovação. Atualmente, o valor total do contrato está em R$ 5,9 milhões para manter 119 trabalhadores terceirizados na PGR.
Segundo revelou o Estadão, o procurador-geral da República, Augusto Aras, publicou no início do mês passado uma portaria que abre brecha para procuradores de todos os ramos do Ministério Público da União (MPU) utilizarem carros oficiais para se deslocar a qualquer lugar, e não mais somente do trabalho para casa, como previa a regra anterior
Além dos lavadores de carros, a PGR ainda desembolsa mensalmente R$ 35 mil para pagar os salários de 10 funcionários com o cargo de “carregador de móveis”. Na PRDF são cinco funcionários desempenhando a funções. O contrato com a empresa que fornece os profissionais foi assinado em 2020 e vigorará até 2025.
De acordo com o documento, os carregadores devem “realizar o transporte/remanejamento de mobiliários, equipamentos, e afins, em âmbito interno e/ou, excepcionalmente, externo”. Esses trabalhadores ainda acumulam a função de “realizar o transporte/distribuição e armazenamento de água mineral e outros insumos e materiais de uso nas copas em âmbito interno e/ou, excepcionalmente, externo”.
Procurada pela reportagem, a PGR alegou que a contratação dos lavadores é “óbvia“, pois “a instituição dispõe de uma frota de veículos que, como qualquer outro bem público, precisa de manutenção e limpeza”.
Em relação aos carregadores de mobília, a PGR afirmou que “os móveis são transportados regularmente de um ambiente para outro em razão das necessidades de uso, com a ocupação de espaços e reformas, seja para o galpão onde são armazenas ou reparados para que sejam reutilizados, o que ocorre com frequência”.
O Brasil será palco de um experimento sobre o impacto da jornada de trabalho semanal de quatro dias, que acontecerá entre junho e dezembro de 2023. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a organização sem fins lucrativos 4 Day Week, que conduz testes globais sobre a carga horária reduzida, e a brasileira Reconnect Happiness at Work.
Em junho e julho, a Reconnect vai oferecer informações sobre o programa para qualquer empresa que demonstrar interesse em participar no Brasil. Não há pré-requisitos, como número mínimo de funcionários. Basta responder a um formulário disponível no site https://www.4dayweek.com/contact para ter acesso à mentoria.
As companhias podem se inscrever para o início do experimento em agosto e começam a ser preparadas para adotar o modelo em setembro. Vai haver um custo para participar do estudo, que ainda não foi definido.
O modelo a ser implementado nas participantes será do tipo 100-80-100: 100% do salário, trabalhando 80% do tempo e mantendo 100% da produtividade. Indicadores como estresse da força de trabalho, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, resultados financeiros e turnover (rotatividade) serão os fatores avaliados ao final do experimento.
A universidade americana Boston College elaborou a metodologia da iniciativa. A instituição cuida das pesquisas antes do início do experimento, assim como de análises após três meses da implementação e ao fim do piloto. Com isso, a expectativa é garantir acurácia dos dados para que as empresas possam definir se seguirão com a semana de quatro dias.
MITOS DA PRODUTIVIDADE
Renata Rivetti, diretora da Reconnect e especialista em Felicidade Corporativa, explica que um dos principais desafios do experimento no Brasil é desmistificar a crença que a produtividade é proporcional ao número de horas trabalhadas.
— É um projeto com foco inicial no aumento de produtividade, mas que acaba resultando em ganhos para os indivíduos, suas famílias e para toda a sociedade. As empresas que adotaram a semana de trabalho de 32 horas percebem maior atração e retenção de talentos, envolvimento mais profundo do cliente e melhor saúde e felicidade dos colaboradores — disse.
Além disso, explica Rivetti, a semana de quatro dias de trabalho pode trazer ganhos em saúde mental para os trabalhadores. Segundo pesquisa da empresa de consultoria McKinsey com 15 mil funcionários de 15 países, 59% das pessoas passaram ou estão passando por um desafio relacionado à saúde mental.
A pesquisa aponta ainda que funcionários que estão enfrentando desafios na saúde mental têm uma chance quatro vezes maior de sair da empresa e duas vezes maior de estarem desengajados no trabalho.
— Os desafios da saúde mental estão custando muito para as organizações, além dos impactos na sociedade. A adoção da semana de quatro dias é boa para a empresa, para os clientes, para os colaboradores e para a sociedade. Será uma revolução no mundo do trabalho, possibilitando mudanças em nossa forma de atuarmos, de forma mais produtiva e saudável.
ONDE JÁ FOI TESTADO
Emirados Árabes
Os Emirados Árabes Unidos foram o país pioneiro na redução no número de dias de trabalho. Desde janeiro de 2022, todos os funcionários de órgãos públicos colaboram com apenas 36 horas semanais, divididas em quatro dias úteis.
Reino Unido
Cerca de 60 empresas do Reino Unido participaram de um teste com a semana de trabalho de quatro dias durante seis meses. Lá, as companhias puderam escolher entre uma jornada de oito horas por dia durante quatro dias ou as mesmas 32 horas divididas em cinco dias. Remuneração e benefícios permaneceram inalterados.
A grande maioria das empresas participantes (92%) decidiram manter o formato de trabalho depois dos testes. Entre elas, a receita média aumentou 35% em comparação ao período anterior e 90% dos funcionários disseram que gostariam de continuar trabalhando apenas quatro dias. Desses, 15% disseram que nenhum dinheiro é suficiente para que aceitem voltar ao expediente de cinco dias.
Outros dados importantes foram que 39% dos trabalhadores se sentiram menos estressados, 71% reduziram sintomas de burnout e 54% acharam mais fácil conciliar vida pessoal e profissional.
Bélgica
No início de 2022, a Bélgica implementou a semana de quatro dias. Os trabalhadores ganharam o direito de decidir se preferem a jornada de quatro ou cinco dias, com o mesmo salário. A jornada de trabalho belga é de 38 horas totais, mas o empregado pode trabalhar 45 horas numa semana e deduzir o tempo adicional na semana seguinte.
Islândia
Entre 2015 e 2019, a Islândia realizou o maior piloto do mundo, reduzindo a jornada semanal de trabalho de 40 horas para 35 ou 36 horas, sem corte salarial. Cerca de 2.500 pessoas participaram dos testes. Os resultados, com as empresas tendo maior ou igual produtividade, levaram os sindicatos a negociar a jornada de trabalho.
Suécia
Na Suécia, a semana de trabalho de quatro dias com expediente de seis horas foi testada em 2015 e teve resultados mistos. Partidos de esquerda julgaram que a implementação da medida sairia cara, enquanto algumas empresas decidiram adotar a mudança, como a Toyota.
Espanha
Testes como esse também serão realizados na Espanha durante dois anos, onde o governo está oferecendo até 200 mil euros por candidatos e pelos custos de consultoria, necessários para se adequar a uma nova jornada de trabalho.
O piloto é focado em pequenas e médias empresas industriais, onde de 25% a 30% dos funcionários trabalharão pelo menos 10% menos horas.
A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde em 2019 um grupo de estudantes colocou uma caixa com pedras contendo a indicação “grátis para atirar em um zuca [contração de brazuca]”, voltou a ser palco de acusações de xenofobia contra brasileiros.
Mais uma vez, um estudante da instituição foi acusado de fazer alusão ao apedrejamento de brasileiros. A direção da faculdade informou que abriu um processo disciplinar para avaliar a conduta do aluno.
O episódio ocorreu em 20 de abril, na Reunião Geral dos Estudantes, quando um aluno-conselheiro da faculdade pediu a palavra para criticar uma carta entregue por brasileiros à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que realizava uma viagem a Lisboa.
No documento, brasileiros relatam dificuldades enfrentadas pelos imigrantes no país, incluindo questões relacionadas ao ensino superior em Portugal. O conteúdo aborda desde questões burocráticas junto ao órgão migratório até o valor diferenciado das mensalidades para os estrangeiros.
O grupo também chamou a atenção para casos de discriminação e relembrou o episódio com a caixa de pedras ocorrido em 2019. Naquela ocasião, o grupo satírico Tertúlia Libertas, que colocou a caixa no hall de entrada da faculdade, negou que a intenção fosse xenofóbica. Segundo eles, tratava-se de uma mensagem satirizando a grande quantidade de brasileiros na instituição.
Na reunião realizada em abril, o aluno Hélder Semedo, ex-presidente da Associação Acadêmica da Universidade de Lisboa, pediu a palavra para rebater os pontos apresentados pelos brasileiros. Além de criticar a carta e as denúncias, o estudante português rechaçou a menção ao episódio com a caixa com pedras, descrito por ele como uma brincadeira ocorrida há anos e da qual ninguém se lembrava.
Semedo também criticou o fato de os estudantes tratarem o presidente como “Lula”. Em Portugal, o hábito é incluir sempre o sobrenome das autoridades, o que acaba transformando o chefe de Estado brasileiro sempre em Lula da Silva nas menções oficiais e na imprensa.
O estudante apresentou então o que seria sua interpretação da intenção dos autores com o conteúdo da carta: “Lula, é só para dizer que Portugal é um país péssimo, somos super maltratados, mas mesmo assim somos tão burros que continuamos a ir para lá”. Ele finalizou dizendo que os autores da carta “de fato mereciam levar com uma pedra”.
Acusado de xenofobia, Semedo foi suspenso das reuniões. Estudantes brasileiros relatam, porém, o que veem como uma tentativa de abafar o caso entre a comunidade acadêmica. Isso porque, sob a justificativa de desrespeito ao regimento, as falas de Semedo foram excluídas da ata do evento —e só foram incluídas posteriormente após mais pressão dos brasileiros.
Aluno de mestrado na faculdade, o brasileiro Pedro Marangoni relata que o episódio causou indignação entre os colegas. “É claro que nós repudiamos [as declarações], mas também o fato da associação de estudantes ter omitido isso tudo da ata da reunião”, diz. Os estudantes brasileiros organizaram um protesto contra a xenofobia para a próxima terça-feira (16).
Um dos organizadores, Carlos Diego, que fez parte do grupo que entregou a carta dos brasileiros à ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), reafirma a importância do conteúdo apresentado. “As declarações ofensivas foram feitas em uma reunião importante da universidade. Foi grave”, diz.
Procurado, Semedo não respondeu aos questionamentos da Folha.
Em nota, a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa afirmou que “repudia e não tolera qualquer situação de discriminação” e informou que a atitude de Semedo será investigada. “Tendo tomado conhecimento do sucedido, a FDUL decidiu avançar no imediato com um processo disciplinar ao referido aluno”, disse a faculdade. “O ambiente multicultural que se vive na instituição, proporcionado pela presença de alunos e professores das mais diversas geografias, é uma das suas mais-valias.”
Desde 2014, quando Portugal aprovou uma lei que facilita a entrada de estudantes internacionais (e que permite a cobrança de mensalidades mais elevadas para eles em instituições públicas), o número de brasileiros nas universidades lusas disparou.
Os brasileiros são a maior comunidade internacional no ensino superior português. Na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, cerca de 20% dos alunos são cidadãos do Brasil. No doutorado, eles representam 58% dos inscritos.
Quando lançou Ovelha Negra, em 1975, Rita Lee finalmente estava botando para fora a mágoa acumulada após sua arbitrária expulsão dos Mutantes, três anos antes. “Uma escarrada na cara teria sido menos humilhante”, escreveu em 2016, em sua autobiografia. Conforme o tempo passou, a letra se agigantou e ganhou outros significados, de hino das meninas durante a ditadura militar a tema de mocinhas rebeldes em novelas, com seu refrão que conclamava à urgência: “Baby, baby / Não vale a pena esperar”. Mais ainda, tornou-se a epígrafe de Rita: uma pessoa fora dos padrões sociais que, exatamente por isso, se transformou em símbolo do rock brasileiro. Com sua deselegância discreta (como cantou Caetano), Rita exibiu, ao longo de seus mais de cinquenta anos de carreira, uma qualidade rara: foi fiel a si mesma sem se deixar levar por modismos. Tal característica a manteve ativa e rebelde até segunda-feira 8, quando morreu em casa, aos 75, após dois anos de tratamento contra um câncer de pulmão. Dona de uma voz marcante e atitudes transgressoras, Rita deixa uma marca indelével na cultura brasileira. Em suas composições, falou de temas tabus na sociedade, como aborto, homossexualidade, drogas — e dedicou boa parte da sua obra à defesa da emancipação feminina. Ousadias que fizeram dela, sim, a ovelha negra da música e uma das maiores artistas do país.
Ao longo da vida, Rita Lee revolucionou a MPB inúmeras vezes. De ascendência americana e italiana, nascida em 1947 no bairro paulistano da Vila Mariana, Rita contava que foi uma criança sapeca. Com 20 anos, no fim da década de 60, se juntou aos irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias para criar Os Mutantes. E já demonstrava seu pioneirismo: foi uma das primeiras mulheres a tocar guitarra, um instrumento tido como exclusivamente masculino. Ela também foi uma das poucas artistas femininas da época que, além de intérprete, compunham as letras e os arranjos das músicas. Em 1967, um ano antes do primeiro álbum dos Mutantes, o trio ganhou notoriedade ao participar do III Festival da Música Brasileira, na TV Record, tocando Domingo no Parque ao lado de Gilberto Gil. Mas foi apenas no ano seguinte, com o lançamento de um dos movimentos mais emblemáticos da música brasileira, o tropicalismo, com o álbum Tropicalia ou Panis Et Circencis, que seu nome seria alçado definitivamente ao panteão dos ídolos nacionais. O disco, que teve entre seus participantes Caetano Veloso, Gal Gosta, Tom Zé e Nara Leão, foi um marco cultural e refletia, em contraste com a repressão militar, o período de ebulição criativa dos anos 1960.
Em 1968, ela se casou com o colega de banda Arnaldo Baptista. A relação foi marcada por traições de Baptista, brigas e a tentativa de subestimar o talento dela, culminando com a sua expulsão da banda em 1972 pelo próprio músico. Com sua saída, o grupo perdeu o rumo e ela se viu diante do desafio de começar praticamente do zero, como cantou em Mamãe Natureza (“não sei se vou ter algum dinheiro ou se só vou cantar no chuveiro”). Junto com a banda Tutti Frutti, lançou esse e outros sucessos, inclusive Ovelha Negra. Foi também nessa época que ela conheceu, em 1976, o guitarrista Roberto de Carvalho, por quem se apaixonou e que se tornaria seu grande parceiro musical e de vida.
Em agosto daquele mesmo ano, já grávida de três meses de seu primeiro filho, Beto Lee, Rita passou por um dos períodos mais sombrios da vida. Ela teve sua casa invadida pelos militares que disseram ter encontrado maconha no lugar. Presa, a artista foi usada como exemplo de mau comportamento para a juventude. No segundo dia de prisão, Elis Regina foi visitá-la, acompanhada do filho João Marcello Bôscoli, então com 6 anos. Rita lembrava-se com carinho da visita, porque Elis foi a única artista a visitá-la na cadeia. “Sempre fui considerada grupo de risco. Desde que entrei para o mundo da música, fui a artista mais censurada na época da ditadura no país, por ser tida como uma mulher perigosa para os bons costume da família brasileira”, disse a cantora a VEJA em 2020.
Ao deixar a banda Tutti Frutti, em 1978, Rita seguiu em carreira-solo, tendo a seu lado Roberto como parceiro criativo, de negócios e romântico. Eis aí a outra revolução musical da artista. Ao não se prender no rock e passear também por outros ritmos como samba, pop e até a disco music, Rita ampliou os horizontes de seu gênero de origem e seu próprio alcance popular, compondo canções incontornáveis da música brasileira que ajudaram a revolucionar o cenário do pop nacional. Foram inúmeras pérolas com arranjos e letras sofisticadas, mas acessíveis o bastante para cair no gosto do povão. Lulu Santos já afirmou mais de uma vez que ele jamais existiria se não fosse pelos discos pop de Rita Lee. Em seu primeiro álbum-solo, Mania de Você, de 1979, Rita teve hits como Chega Mais, Doce Vampiro e a irônica Arrombou a Festa II (parceria com Paulo Coelho que desancava a MPB). Mas a melhor descrição do trabalho veio do incorrigível Tom Zé, ex-colega de tropicália. O músico afirmou que o disco foi um marco da liberação sexual brasileira com suas “letras sexo-pedagógicas” e teceu loas ao amor do casal, que deveria ser tão sensacional a ponto de “fazer amor por telepatia”. Simultaneamente, a cantora equilibrava a vida pessoal com a criação dos filhos, Roberto, João e Antonio.
O auge desse período ocorreu em 1983, quando, aos 35 anos, ela inaugurou no país a era dos mega-shows em estádios por artistas brasileiros. Em apenas três meses, ela havia rodado pelo Brasil com sua turnê e se apresentado para mais de 500 000 pessoas, um recorde absoluto. Até então, nenhum outro artista havia tocado em tão pouco tempo para tantas pessoas. O show era uma superprodução, com cenografia e iluminação elaboradas, e trocas de figurinos. A maior ironia é que a transgressiva Rita já não provocava medo ou ira, mas empolgação geral: atraía na plateia desde a vovozinha até o netinho. A conquista foi além. Ela foi contratada pela Som Livre e, coincidindo com o período áureo das novelas, suas músicas ganharam espaço em praticamente todas as produções da Globo. Rita é, até hoje, a artista com mais músicas em novelas, quinze faixas de aberturas e quase 100 músicas nas trilhas sonoras.
Ao todo, vendeu mais de 55 milhões de discos, ocupando o quarto lugar entre os campeões nacionais de vendas, atrás apenas de Tonico & Tinoco, Roberto Carlos e Nelson Gonçalves. Com graça e elegância, Rita foi encarando a censura e em suas letras derrubou, um a um, vários tabus (confira o quadro). Na censurada Banho de Espuma, originalmente intitulada Afrodite, narrou com elegância uma vívida cena de sexo. Já em Cor de Rosa Choque, foi censurada por fazer referência ao ciclo menstrual. “Mulher é bicho esquisito / Todo mês sangra”, cantou. Não abandonou a rebeldia após a redemocratização. Em Obrigado Não, de 1997, ela misturou inúmeras polêmicas em uma só letra ao falar de aborto, casamento gay, ditadura militar, comunismo e legalização das drogas. A hipocrisia e o conservadorismo foram atacados novamente em 2012 — quando, aos 64 anos, mostrou as nádegas em um show em Brasília, cutucando um novo tabu: o envelhecimento.
Aos poucos, foi se retirando da vida pública para viver uma vida de “bruxinha”, como gostava de dizer, em um sítio nos arredores de São Paulo. Após o diagnóstico de câncer, em 2021, provou não ter perdido a verve ácida ao nomear o tumor como “Jair” — em referência, claro, a certo ex-presidente que sintetizava o reacionarismo. “Peço ao universo que minha morte seja rápida e indolor, de preferência dormindo e sonhando que estou com minha família numa praia do Caribe”, disse a VEJA. Quando ficou claro que a doença era irreversível, Rita se fechou, se comunicando apenas pelas redes sociais. Como testamento, deixa Outra Autobiografia, livro que será lançado em 22 de maio (dia de Santa Rita de Cássia), em que relata sua luta contra a doença. De fato, a própria Rita preferia ser chamada de “padroeira da liberdade” do que de “rainha do rock”. A força da pantera rosa-choque é imortal.
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