Sem mandato e afrontado por seu clã, Henrique Alves procura ‘holofotes’, tenta recondução à política e esbanja otimismo
Por Wagner Guerra – Editor
Assim, como uma fênix. Pelo menos é essa a impressão que o ex-ministro e deputado federal Henrique Eduardo Alves (MDB) passa aos amigos e apoiadores. Para ele, o passado ficou para trás e, agora, vai jogar com todas as cartas para ‘ressurgir das cinzas’ no jogo político. Afinal, foi muito tempo longe da mídia e dos eleitores, enquanto se encontrava preso, atormentado no calvário da ‘operação Manus‘ e sendo invalidado, inclusive, por pessoas do próprio sangue. Quem não é visto, não é lembrado! E Henrique sabe disso. Haja posts nas redes sociais, nem que seja para mostrar que continua ‘vivo’.
No último deles, no Instagram, o ex-ministro aparece em vídeo esbanjando tranquilidade, otimismo e sorrisos largos. Mostra que está de bem com a vida. Junto ao filho Eduardo, aproveitou a ida ao Complexo Gastronômico Mané, em Brasília, para apreciar um espumoso da Heineken. “Quem também vai tomar um chopinho hoje?”, perguntou, vibrante.
Apesar do intragável rompimento político unilateral promovido por seu primo, ex-senador Garibaldi Alves Filho (MDB), e o seu filho, o deputado federal Walter Alves (MDB), Henrique demonstra fôlego em seguir adiante na política, aos 73 anos de idade, mesmo se dizendo ‘surpreso’ com a cisão familiar, desfecho de uma antiga rixa, certamente motivada pela insegurança e inveja.
Nas redes sociais, ele tenta resgatar alguns momentos decisivos ao longo dos seus 11 mandatos na Câmara Federal. Estampa com âmago a foto do pai, Aluízio. Faz declarações nostálgicas e apaixonantes daquela ‘época áurea’. O intuito, quem sabe, pode ser a tentativa dele em arregimentar ‘bacuraus’ pelos 167 municípios do RN.
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Atualmente, Henrique participa de programa em quatro rádios potiguares, com retransmissão em outras. Nas retóricas, um discurso quase neutro, mas com críticas sutis ao presidente Jair Bolsonaro.
No famoso “#TBT” virtual, Henrique também ressalta importantes amizades que até hoje perduram, mostrando que ainda tem prestígio no cenário político atual. “Passado de quem se orgulha muito por onde passou e pode voltar, encontrando as portas abertas”, avisou.
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E por falar em “portas abertas” é bem verdade que o filho de Aluízio Alves esteja mais antenado aos ‘seus’, em Brasília – que o diga a Executiva Nacional do MDB. No Rio Grande do Norte, seu berço político, tais ‘portas’ não se encontram nem mesmo encostadas, pelo menos, se depender de Garibaldi e, principalmente, de Walter. Acuado e sem voz no próprio ‘berço político’, a maior esperança de Henrique é que o povo, novamente ‘fale por ele’ .
Engana-se quem pensa que Henrique está morto e sepultado; Muito pelo pelo contrário, acredite meu caro leitor.
A sucessão de 2022 no Rio Grande do Norte passa pelo diálogo com ele, que, credenciado pela sua história e habilidade política, tem interlocutores poderosos, inclusive no plano nacional.
Ele é ouvido, sua opinião e experiência têm peso.
Atualmente, por exemplo, é um dos principais amigos e confidentes do prefeito de Natal, Álvaro Dias. Conversam e trocam informações quase diariamente. Estão juntos, tipo “corda de caranguejo”.
Henrique também tem abertura junto à pessoas influentes do governo Fátima Bezerra (PT). Sua opinião é relevante para quem é do ramo, independentemente da ‘coloração política’.
Prefeitos sonham com o retorno de Henrique à Câmara dos Deputados, onde hoje, o RN é representado por uma bancada desbotada – tirando dois ou três parlamentares. “Bacuraus” de várias gerações, idem.
Sim, com uma “fênix” que ressurge das cinzas, Henrique Alves se encontra pronto para retomar o seu mandato de deputado federal e se submeter ao julgamento popular nas praças públicas do seu Estado. Sem ódio e sem medo.
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- CRONOLOGIA
- Em junho de 2017, o ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves foi preso em um desdobramento da operação Lava Jato que investigava corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro na construção da Arena das Dunas, em Natal. Na operação, foram presos um funcionário do Ministério do Turismo e dois assessores de Henrique Alves. Ao todo, foram cumpridos 27 mandados, sendo três de prisão, dois de condução coercitiva e o restante de busca e apreensão. Mesmo preso, ele comandava um esquema de ocultação de bens e fraude de licitações, por meio de assessores e pessoas ligadas a ele, afirmou a Polícia Federal.
- Em julho de 2018, ele teve a prisão domiciliar revogada pelo juiz Francisco Eduardo Guimarães Farias, da 14ª Vara Federal de Natal. Com isso, passou a responder em liberdade ao processo da operação Manus, em que é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em investigação de desvios na construção da Arena das Dunas.
- Em novembro de 2021, Henrique teve prisão decretada por dívida milionária em pensão alimentícia ao filho caçula – fruto da união com a ex-mulher Priscila Gimenez. O ex-ministro recorreu e o processo segue em trâmite desde 2017 até hoje.
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