Projeto Rodas da Vida, do ISD, leva cadeirantes ao Solar Ferreiro Torto em Macaíba
Pacientes atendidos pela Clínica de Lesão Medular Adulto do Instituto Santos Dumont (ISD) terão a oportunidade, muitos deles pela primeira vez, de visitar o Solar Ferreiro Torto, um dos mais importantes museus do Rio Grande do Norte, nesta sexta-feira, dia 1º de outubro. A ação é alusiva ao 5 de Setembro, intitulado Dia Mundial da Lesão Medular. A visita visa proporcionar um momento de entretenimento aos pacientes atendidos no Instituto e, mais ainda, chamar atenção da sociedade e dos gestores públicos acerca das barreiras arquitetônicas que impedem a livre circulação dos cadeirantes.
“Faremos uma atividade coletiva com os pacientes seguindo todas as regras de biossegurança, como uso de máscaras e álcool em gel. Durante a visita ao Solar Ferreiro Torto, iremos discutir as dificuldades dos cadeirantes em acessar pontos turísticos, ampliar sua participação social, acessibilidade e outras questões que fazem parte do cotidiano dessas pessoas. Queremos chamar atenção dos gestores públicos para as causas que envolvem as pessoas com limitação de mobilidade. Nosso objetivo é dar visibilidade às pessoas com lesão medular e às suas necessidades para participação social”, destaca a preceptora multiprofissional fisioterapeuta do ISD, Heloísa Britto.
Além dela, desenvolvem o projeto Rodas da Vida através da Clínica de Lesão Medular Adulto ISD, a psicóloga Miliana Galvão, a assistente social Alexandra Lima e a neuropsicóloga Joísa Araújo. Atualmente, cerca de 40 pacientes, de 18 a 60 anos de idade, são atendidos. São homens e mulheres com lesão medular traumática, provocada por arma de fogo ou acidente automobilístico, por exemplo; adquirida por doença através de infecções, tumores; ou congênita, como é o caso da mielomeningocele.
História
A visita ao museu é fruto de uma parceria do Instituto Santos Dumont com o Solar Ferreiro Torto. Na ocasião, os participantes terão a oportunidade de conhecer um pouco mais da rica história do município de Macaíba, seu passado glorioso com figuras como Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, político e inventor do dirigível Pax, nascido no município em 1864. Além da poetisa Auta de Souza, autora do livro de poemas Horto.
O museu Solar Ferreiro Torto está localizado nas proximidades do Rio Jundiaí. Antigamente, era a sede do Engenho do Ferreiro Torto. O prédio foi edificado no século XVII, recebendo então a denominação de Engenho Potengi, constituindo-se no segundo engenho de cana-de-açúcar do Rio Grande do Norte.
O local foi cenário de inúmeras batalhas envolvendo colonos holandeses, portugueses, índios e escravos africanos. O prédio chegou a ser praticamente destruído. Somente no Século XIX, em 1845, foi reformado e recebeu a atual denominação de Solar do Ferreiro Torto, servindo como moradia para muitas famílias nobres da cidade.
De acordo com Aécio Pereira, filho de Bruno Pereira (antigo proprietário do estabelecimento), o nome Ferreiro Torto foi inspirado por um coqueiro muito alto e torto que existia nas proximidades da construção, sendo que, perto da árvore, um ferreiro tinha uma tenda onde atendia viajantes que precisavam fazer manutenção das ferraduras de seus animais. Essa narrativa é apresentada no livro “O Giramundo”, de autoria de Aécio Pereira.
Durante muito tempo, o local serviu de moradia e até que no final da década de 70 do Século XX foi transformado em museu de arte sacra, passando a ser mantido pela Fundação José Augusto. No mesmo período, o Solar Ferreiro Torto tombou e restaurou o antigo palacete colonial.
Na década de 80 do mesmo século, o prédio foi novamente reformado e adaptado para funcionar como sede do Poder Executivo Municipal. Desse modo, o Ferreiro Torto foi a sede da Prefeitura de Macaíba no período de 1983 a 1989.
Em seguida, o prédio foi transformado em museu municipal. Mas, pouco tempo depois foi fechado. O Solar foi reinaugurado no mês de abril de 2003, reunindo uma grande exposição de fotografias que retratam a História de Macaíba e de filhos ilustres que foram destaque na sociedade local.
Hoje, o local recebe visitas frequentes de pesquisadores de História e de Ciências Biológicas, grupos de estudantes, famílias e turistas em geral oriundos de várias partes do Estado, do país e do mundo. O Solar Ferreiro Torto é cercado por um trecho preservado de Mata Atlântica, vegetação típica da área litorânea do Brasil. Ao seu redor, existem diversas trilhas ecológicas que o visitante pode aproveitar, além de apreciar a vista do Rio Jundiaí. Portanto, o espaço é ideal para quem gosta de História e Meio Ambiente.
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