GRANDE IMPRENSA: Valor Econômico diz que PT pode ter fracasso histórico no Rio Grande do Norte
Por Marina Falcão — Do Recife
Segundo matéria publicada pelo jornal Valor Econômico, mais importante veículo de economia, finanças e negócios do Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT) corre sério risco de um fracasso histórico na disputa pela prefeitura do Natal – capital de um Estado governado pelo partido. Com elevada desaprovação em Natal, a governadora Fátima Bezerra não conseguiu, até agora, alavancar a candidatura do senador Jean Paul Prates, que patina em pesquisas lideradas por três candidatos de perfil conservador.
Com ampla margem sobre os adversários, o prefeito Álvaro Dias (PSDB) é favorito e pode ser reeleito já em primeiro turno. De acordo com um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, realizado entre os dias 12 a 14 de outubro com 700 eleitores, Dias tem 36,4% das intenções de voto, distante do segundo colocado, o deputado estadual Kélps Lima (Solidariedade), que tem 10,3% e empata tecnicamente com Delegado Leocádio (PSL), com 6,4%, no limite da margem de erro de quatro pontos percentuais.
Entre os cinco candidatos de esquerda em Natal, o mais bem colocado é Hermano Morais (PSB), com 5,4%. O candidato petista aparece em sétimo, com 2%.
O cenário que se desenha em Natal não é exatamente uma surpresa. A cidade está na lista de capitais nordestinas onde o presidente Jair Bolsonaro venceu Fernando Haddad (PT), ao lado Aracaju, João Pessoa e Maceió, em 2018.
Historicamente, o PT tem participações importantes nas eleições em Natal, indo com frequência ao segundo turno, mas o desempenho esse ano pode ser irrisório. As dificuldades começam pelo fato de a atual governadora Fátima Bezerra enfrentar elevada desaprovação. Segundo levantamento do Ibope, realizado no início de outubro, a gestão da governadora é considerada ruim ou péssima por 40% dos natalenses. Apenas 26% consideram a gestão da petista boa ou ótima na capital. Já o presidente Bolsonaro é considerado bom ou ótimo por 39%, enquanto 37% o avaliam como ruim ou péssimo.
Nos bastidores, comenta-se que o deputado estadual Fernando Mineiro e a deputada federal Natalia Bonavides, que eram os candidatos mais óbvios, não quiseram representar o PT. Opção que restou, Prates que chegou ao cargo de senador como suplente da então senadora Fátima Bezerra, disputa votos pela primeira vez.
Ao Valor Econômico, o candidato disse que faz parte da ala do partido que acredita que o PT deve renovar as suas lideranças. “O PT colocar nos ombros de Lula a responsabilidade de salvar o partido é muita coisa”, afirmou o petista. “Nossa campanha terá Lula na medida certa. Temos que mostrar ele, ajudar na sua defesa, mas não posso fazer disso a plataforma para a cidade”, disse Prates.
Em uma campanha curta, com escassos debates e inúmeras restrições para atos com aglomeração, Prates precisa driblar o desconhecimento. O candidato disputa Natal com uma chapa puro sangue, já que a esquerda se dividiu. Fernando Freitas (PCdoB), Rosália Fernandes (PSTU) e Nevinha Valentim (Psol), têm 1%, 0,4% e 0,3% das intenções de votos, respectivamente. O levantamento do Paraná Pesquisas, contratado pelo próprio instituto, está registrada na Justiça Eleitoral sob o protocolo RN-05048/2020. O com nível de confiança é de 95%.
Candidato à reeleição, prefeito Álvaro Dias assumiu o cargo depois que o ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT) renunciou para disputar o governo do Estado em 2018. Embora não seja o defensor mais ferrenho do presidente Bolsonaro entre os postulantes conservadores, Dias é sempre lembrado pelo fato de ter distribuído cloroquina e ivermectina na rede pública, durante a pandemia.
O tucano faz uma gestão com avaliação ótima ou boa por parte de 63% dos eleitores, segundo Ibope. Embora tenha atraído o DEM e MDB para sua coligação, a maior na disputa, Dias não é original dos clãs Alves e Maia.
“Há um desgaste dessas figuras tradicionais, ninguém quer atrelar imagem a eles”, avalia o cientista político Antônio Spinelli, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Ele lembra que, embora o PSDB nunca tenha tido representatividade no Estado, os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin tiveram votações expressivas em Natal em eleições presidenciais. “O natalense sempre teve perfil mais conservador”.
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