Treze freiras do mesmo convento morrem de Covid-19: “Espalhou como fogo”
Treze freiras idosas de um mesmo convento católico em Livonia, no Michigan (EUA), morreram de complicações do novo coronavírus, número que corresponde a 20% das moradoras antes da pandemia, afirmou Suzanne Wilcox English, porta-voz das Irmãs Felicianas da América do Norte. Doze das 13 mortes aconteceram no período de um mês, entre 10 de abril, Sexta-feira Santa, e 10 de maio – a 13ª foi a óbito em 27 de junho. Outras 17 freiras contraíram a Covid-19, mas se recuperaram.
As freiras, que tinham entre 69 e 99 anos, moravam juntas em três andares do convento e exerciam funções diversas: professora, bibliotecária, acadêmica, organista, enfermeira – uma delas era uma executiva da Secretaria de Estado do Vaticano, de acordo com a Global Sisters Report, uma agência católica de informações. As 13 mortes “podem ser a pior perda de vidas para uma comunidade religiosa desde a pandemia de influenza de 1918”, segundo a agência.
“Ouvi pela primeira vez que duas auxiliares haviam contraído o vírus. Não sabemos quem foi e nem queremosa saber”, disse a madre superiora do convento de Livonia, Mary Andrew Budinski: “Então, atingiu as irmãs no segundo andar e se espalhou como fogo. Não nos davam números. Mas todo dia diziam: ‘outra irmã’, ‘outra irmã’, ‘outra irmã’… Foi muito assustador”.
Ela chegou a contrair o novo coronavírus, em meados de abril, e pensou que morreria como suas companheiras, mas conseguiu se recuperar: “Eu estava tão doente que rezava para que o Senhor me levasse, senti muita dor. Eu realmente pensei que ia morrer e me rendi a isso. Disse: ‘Deus, se você vai me levar, estou pronta’. Então, acordei na manhã seguinte e ainda estava viva. De alguma forma, melhorei”.
Agora, o pior parece ter passado, mas a vida no convento continua limitada. As freiras não puderam assistir aos funerais das que morreram. O número de pessoas que podem frequentar a capela ao mesmo tempo é limitado. No refeitório, só comem duas religiosas em cada mesa, em três turnos diferentes, e elas não podem visitar os quartos das outras.
A comunidade tinha 65 irmãs antes da pandemia. Agora, elas são 52 e temem o dia em que poderão ficar juntas novamente, quando efetivamente verão quantas não estão mais lá. “Sinto calafrios ao pensar nisso”, afirmou a irmã Budinski: “A tristeza ainda está por vir, eu acho.”
iG
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