‘Devemos incluir, não isolar e apenas vestir uma camisa dizendo que tem filho autista’, diz mãe sobre sala de cinema exclusiva
A Comissão de Direitos Humanos, Proteção das Mulheres, Idosos, Trabalho e Minorias esteve reunida nessa sexta-feira, 27, na Câmara Municipal de Natal, para mais um debate com pretensão de analisar propostas para pessoas diagnosticadas com espectro autista. Durante a reunião, o vereador Fúlvio Saulo (Solidariedade), apresentou um Projeto de Lei que pretende obrigar cinemas de Natal a realizarem, pelo menos uma vez por mês, sessão adaptada e destinada para pessoas autistas. Tendo como relatora a vereadora Divaneide Basílio (PT), a matéria foi aprovada pelos membros, na justificativa que assim, o projeto garante direito e acessibilidade à sétima arte.
Laysla Gabrielle, professora e mãe do Levi de 10 anos, Laysla já esteve presente em diversos debates de inclusão desde que o filho foi diagnosticado com espectro autista. A professora lamenta a falta de participação das próprias nas reuniões e até mesmo a falta de conhecimento, não apenas da população, mas da própria família sobre o assunto.
Quanto a proposta de sessões adaptadas e exclusivas, no entanto, Laysla afirma que já se mostrou aberta a ideia, mas que hoje, após estudar e verificar mudanças no comportamento do filho diante do público, enxerga a medida com outros olhos. ”Eu entendo hoje que ideia assim não é de um momento de inclusão. Eu vejo como um momento em que a gente se isola e apenas veste uma camisa dizendo que tem um filho autista”, comenta.
Laysla acredita que a proposta é boa quando se pensa na dificuldade que muitas mães sentem para expor seus filhos ao ambiente que realmente os incomoda, uma vez que não encaram com facilidade a exposição à luz, ao ruído do som e apropria quantidade de pessoas. No quesito cinema, em especial, para ela, a ideia é interessante para uma introdução ao ambiente, mas não como forma definitiva. “Hoje eu já vejo que é muito importante se expor. É muito semelhante à gente falar ao filho se expor aos riscos, aos não da vida. Hoje eu tenho uma criança totalmente controlada. Quando ele começa a se sentir incomodado, ele mesmo já pede para sair”, diz acrescentando que sai normalmente com o filho para ambientes mais movimentados como um shopping.
“Para as mães que ainda sentem um pouco de dificuldade, o ideal é procurar sessões de cinema em horários mais cedo, com menos pessoas. Talvez, acho que uma ideia seria haver um adesivo, ou uma pulseira para que no momento em fosse necessário se retirar da sala com a criança, não houvesse problemas de retornar depois e sem precisar ser acionada ou chamada a atenção”, conclui.
Um dos pontos apresentados ainda pelo Projeto, é que o acesso à sessão seja gratuito tanto para pessoa com autismo como para o seu acompanhante, caso seja necessária e comprovada a necessidade de acompanhante.
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