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Categoria: agosto 16, 2019

LULA DISPARA: “Se bater Dallagnol e Moro no liquidificador, o suco não dá 10% da minha honestidade”

“AS MINHAS PALESTRAS NÃO ERAM CLANDESTINAS COMO AS DO DALLAGNOL”, DISSE LULA. FOTO: REPRODUÇÃO/TVE

Em entrevista ao jornalista Bob Fernandes gravada na última quarta-feira (14) e que está sendo veiculada pela TVE da Bahia nesta sexta-feira (16), o ex-presidente Lula voltou a defender sua inocência e criticar o ministro da Justiça, Sérgio Moro, além do coordenador da Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol.

Como de costume, Lula ressaltou que Moro, enquanto juiz, mentiu na sentença que o levou à cadeia e reafirmou sua honestidade.

Perguntado por Bob Fernandes sobre o papel do departamento de Justiça dos Estados Unidos no processo que o condenou, visto que os norte-americanos teriam cooperado com a Lava Jato para encontrar supostas contas secretas de Lula no exterior – que não foram encontradas -, o ex-presidente disparou: “Desafio a CIA, o FBI a encontrar qualquer dinheiro meu. Desafio a Nasa, pode até procurar na lua”.

Sobre o ex-juiz e o procurador da Lava Jato, Lula usou sua habitual analogia popular: “Se bater Dallagnol e Moro no liquidificador, o suco não dá 10% da minha honestidade”.

“Desde o dia que ele [Dallagnol] deu uma coletiva dizendo que não tinha provas contra mim, mas apenas convicções, o Conselho Nacional do Ministério Público tinha que ter tirado esse moleque”, afirmou o petista, que ainda acrescentou: “As minhas palestras não eram clandestinas como as do Dallagnol”.

Assista:

Com informações: Revista Fórum

Com a participação do ex-deputado Felipe Maia, Tomba tem encontro com Ministro da Saúde e garante benefícios para Santa Cruz

TOMBA APROVEITOU A PRESENÇA DO MINISTRO EM NATAL PARA LEVAR A SECRETÁRIA DE SAÚDE AO SEU ENCONTRO E DISCUTIR OS PLEITOS QUE SANTA CRUZ TEM PARA A ÁREA

O deputado Tomba Farias e a secretaria de Saúde de Santa Cruz, Myllena Ferreira, tiveram na manhã desta sexta-feira (16) encontro com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Tomba aproveitou a presença do ministro em Natal para levar a secretária de Saúde ao seu encontro e discutir os pleitos que Santa Cruz tem para a área, que já foram apresentados pelo prefeito Ivanildinho em audiência com o ministro em Brasília.

O saldo do encontro foi bastante positivo. Segundo Tomba Farias, o ministro garantiu a liberação de verba para custeio do Hospital Regional Aluízio Bezerra e a publicação da autorização da mudança do prédio da UPA para se tornar o Centro de Saúde da Família e começar a funcionar o mais breve possível em Santa Cruz.

O deputado Tomba Farias ainda destacou que continuará articulando encontros em busca de garantir melhorias na saúde e liberação de verbas importantes para o desenvolvimento de Santa Cruz. O encontro ainda contou com participação do ex-deputado federal Felipe Maia.

Natal recebe R$ 5,3 milhões para saúde

ÁLVARO DIAS FALOU DISSE QUE ESSA ERA UMA OPORTUNIDADE PARA O MINISTRO CONHECER DE PERTO A REALIDADE NA SAÚDE DE NATAL E DE TODO O RIO GRANDE DO NORTE

O prefeito de Natal, Álvaro Dias, assinou na manhã desta sexta-feira (16) diversas portarias administrativas entre a gestão municipal e o Ministério da Saúde, garantindo recursos para custeio e investimentos na rede pública da capital potiguar. Serão recursos anuais na ordem de R$ 5,3 milhões que serão aplicados na manutenção das quatro Unidades de Pronto Atendimento, ampliação dos serviços do Hospital Infantil Varela Santiago e do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (SAMU).

A solenidade de assinatura aconteceu no auditório da Governadoria e contou com as presenças da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mendetta, deputados federais, estaduais, prefeitos de diversos municípios, profissionais do SUS, lideranças políticas e comunitárias. Durante o evento, Mendetta anunciou a liberação de mais R$ 84 milhões do Ministério da Saúde para o Estado aplicar na atenção básica e em serviços de média e alta complexidade.

DURANTE O EVENTO, MENDETTA ANUNCIOU A LIBERAÇÃO DE MAIS R$ 84 MILHÕES DO MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA O ESTADO

Álvaro Dias falou em nome dos prefeitos, agradeceu a visita do ministro e disse que essa era uma excelente oportunidade para ele conhecer de perto a realidade vivida na saúde de Natal e de todo o Rio Grande do Norte. O prefeito lembrou dos diversos investimentos que a sua gestão vem realizando para dotar a saúde municipal de um serviço eficiente e capaz de suprir as demandas crescentes.

Ele destacou que a administração municipal tem a obrigação constitucional de investir 15% de suas receitas na saúde, mas quase duplica essa índice, aplicando 27% do orçamento no setor: “Mesmo com essa contínua elevação na destinação de recursos, ainda temos dificuldades para atender as necessidades da população de Natal. Muito pelo desequilíbrio do nosso sistema, que recebe muitos pacientes oriundos do interior. Estamos aqui para reforçar ao ministro o apelo pela necessidade de mais recursos para oferecermos um serviço com mais qualidade. Já fizemos a solicitação para obter uma linha de crédito para construirmos um Hospital Municipal maior que tenha condições de abranger mais ações com o objetivo de desafogar a nossa rede. Confio na sensibilidade do ministro, que é médico, assim como eu, e acredito que o Governo Federal vai atender os nossos pedidos”, disse Álvaro Dias.

Deputado Tomba Farias consegue com o Ministro da Saúde benefícios para Santa Cruz

O PARLAMENTAR ESTEVE ACOMPANHADO NO ENCONTRO DO EX-DEPUTADO FEDERAL E EMPRESÁRIO FELIPE MAIA, ALÉM DA SECRETÁRIA DE SAÚDE DE SANTA CRUZ, MYLLENA BULHÕES

O deputado Tomba Farias se reuniu na manhã desta sexta-feira com ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Entre os assuntos debatidos no encontro estão a liberação de emendas para melhorar a saúde do município de Santa Cruz, além do atual quadro da Unidade de Pronto Atendimento da cidade. O parlamentar esteve acompanhado no encontro do ex-deputado federal e empresário Felipe Maia, além da secretária de Saúde de Santa Cruz, Myllena Bulhões .

Informações: Édipo Natan

Administrador da Wikipédia rebate ameaça de processo de Weintraub: “Tentativa de censura”

PADULA RECEBEU UM E-MAIL DO MEC DIZENDO QUE SE NÃO FOSSE RETIRADA A RESTRIÇÃO DE EDIÇÕES NO VERBETE DO MINISTRO SERIAM TOMADAS “MEDIDAS JUDICIAIS CABÍVEIS”. – FOTO: CAMPUS PARTY BRASIL/ARQUIVO PESSOAL

“Vejo essa atitude como uma tentativa de censura e total incompreensão do que é a Wikipédia e suas dinâmicas”. Esta é a resposta de Rodrigo Padula, gerente de projetos da wiki educação Brasil e administrador da Wikipédia em português, à ameaça de processo feita pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.

“Anteriormente, o ministério havia tentado se comunicar com a Wikipédia através de um e-mail do site. Um editor que gere esses e-mails me repassou a questão e, como eu trabalho em vários projetos com instituições públicas relacionadas à Wikipédia, entrei em contato pessoalmente com o MEC para esclarecimentos”, relatou Padula à Fórum.

Ele revelou que, na ocasião, se ofereceu para dar uma palestra e até um treinamento sobre as dinâmicas da Wikipédia, para orientar e capacitar a equipe do ministério. Porém, sem resposta. “Recebi dias atrás essa nova mensagem com a ameaça judicial, que era não somente direcionada a mim, mas aos editores do projeto”.

Prática comum

Padula destacou que a restrição para edições é uma prática comum. “Quando um verbete é muito editado de maneira imprópria, vandalizado frequentemente, protegemos por um período para manter uma versão estável e de qualidade, evitando retrabalho. Isso é comum, fazemos proteções quase que diariamente nas mais diversas áreas”.

Segundo o administrador da Wikipedia, o artigo do ministro havia sido protegido novamente por um período longo, excessivo. “O que eu fiz foi desproteger novamente para que qualquer pessoa possa editar o verbete, edições boas são aceitas, edições ruins tendem a ser eliminadas. Caso volte a ser vandalizado ou editado de forma equivocada o verbete pode ser protegido novamente, isso é algo comum à Wikipédia”, explicou.

Padula não vê qualquer ilegalidade no verbete, em seu conteúdo e nos atos praticados pelos voluntários. “O que observo é o uso indevido do poder do Estado para tentar pressionar editores voluntários a cumprir as vontades do ministro. O verbete dele nada mais é do que um texto biográfico. Inclusive, já há entendimento do STF no que tange a biografias não autorizadas, de figuras públicas e notórias, como é o caso do ministro. Logo, não precisamos de autorização dele ou ainda do ministério para escrever sobre a biografia na Wikipédia”, ressaltou.

Desbloqueio

Ele enfatizou que o artigo se encontra desbloqueado para edição. “Não sei dizer o que o ministério vê de ação judicial cabível nessa questão, já que nenhuma lei ou direito está sendo violado. Recebi e-mail do ministério no dia 13, às 20 horas, e no dia 14 eu já havia respondido a eles. Desde então, não recebi nenhuma informação a respeito, nenhum contato”, disse.

Padula afirmou que é importante ressaltar que a Wikipédia tem vários casos de colaboração com instituições públicas, como o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Aeronáutica, diretoria de patrimônio histórico da Marinha, biblioteca da Marinha, entre outras.

“Todas já entenderam a importância da Wikipédia e contribuem com o projeto, cedendo conteúdo, editando e melhorando verbetes. Enquanto responsável pela pasta da educação no país, o ministério deveria entender o papel educacional da Wikipédia e contribuir para a sua evolução e adoção”, acrescentou Padula.

Revista Fórum

ESCÂNDALO: Luciano Huck usou dinheiro público para financiar 85% de jatinho

O BNDES FINANCIOU 85% DA AERONAVE EMBRAER PHENOM 300, CUJO VALOR TOTAL FOI DE R$ 20.838.054,81.

O empréstimo de R$ 17,7 milhões que o BNDES concedeu à empresa do apresentador Luciano Huck para comprar um jatinho foi 14 vezes maior que o capital social dela. A Brisair Serviços Técnicos Aeronáuticos, que tem sede no Rio de Janeiro, pertence a Huck e à sua mulher, a também apresentadora Angélica Ksyvickis. O BNDES financiou 85% da aeronave Embraer Phenom 300, cujo valor total foi de R$ 20.838.054,81.

Huck é cotado para concorrer à Presidência da República e deve decidir, nos próximos dias, se continua na televisão ou entra na disputa para o Palácio do Planalto. O empréstimo do BNDES vence em 2023.

Segundo dados da Junta Comercial do Rio de Janeiro, a Brisair Serviços Técnicos Aeronáuticos foi criada em 23 de julho de 2003 por Luciano Huck, Philip Eric Haegler e Mário Pederneiras de Faria Júnior. O nome da empresa na época era H2F Serviços Técnicos Aeronáuticos e tinha capital social de R$ 12 mil distribuídos entre os três sócios.

Segundo a última atualização na Junta Comercial, em 2010, a empresa pertencia somente a Huck e Angelica e o capital social já era de R$ 1,2 milhão – 5,7% do valor do jato adquirido três anos depois.

O Portal R7 teve acesso à Cédula de Crédito Bancário da transação do jatinho. O apresentador usou a linha de crédito BNDES Finame PSI – Programa de Financiamento de Máquinas e Equipamentos. O documento de 14 páginas, emitido pelo Itaú, detalha as condições do empréstimo do dinheiro público para a compra do jato executivo.

O BNDES aprovou o financiamento em 29 de maio de 2013 com taxa de 3% ao ano, carência de 6 meses para o início do pagamento e prazo de 114 meses para pagamento do empréstimo. A primeira prestação estava prevista para ser quitada em 15 de janeiro de 2014. A Brisair conseguiu o financiamento em 2013 com intermediação do Itaú. Huck é garoto-propaganda do banco.

A matrícula foi efetuada na Anac em 13 de agosto de 2013 na categoria Transporte Privado de Passageiros. O jato executivo tem capacidade de 8 lugares e está alienado para o banco até que a dívida seja quitada em junho de 2023.

Outro Lado

O R7 procurou o apresentador Luciano Huck, mas a assessora pessoal dele não se pronunciou.

Em nota, o BNDES informa que reafirma seu compromisso com a transparência de sua atuação e, em complemento às informações já disponíveis em seu site esclarece, a propósito da informação que circula nas redes sociais sobre o financiamento da compra de uma aeronave por uma empresa do apresentador Luciano Huck.

Veja a nota:

A Brisair Serviços Técnicos Aeronáuticos Ltda. contratou junto ao Itaú Unibanco S.A., em 2013, empréstimo para aquisição da aeronave da Embraer no valor de R$ 17.712.346,00, por meio do programa BNDES Finame.

As condições seguiram aquelas definidas pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI), programa do governo federal operacionalizado pelo BNDES segundo condições estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e vigente à época, com taxas de juros fixas entre 3% a.a. e 3,5% a.a. e oferecidas a qualquer empresa que obtivesse financiamento à aquisição de máquinas e equipamentos.

Até dezembro de 2017, havia 1.036.572 operações registradas no BNDES com as condições do PSI, o que demonstra a pulverização do programa entre milhares de empresas de todo o Brasil.

O processo de concessão de financiamento do BNDES Finame é realizado por meio de agentes financeiros credenciados, que podem ser bancos, cooperativas e agências de fomento, por exemplo. Os agentes analisam o risco de crédito e decidem pela concessão do financiamento. O BNDES repassa os recursos após a verificação dos requisitos exigidos pelo produto.

É importante ressaltar que a principal função do BNDES Finame é fomentar a indústria brasileira de bens de capital, criando mecanismos de crédito que estimulem a produção, aquisição e comercialização de bens, máquinas e equipamentos nacionais, devidamente credenciados no Finame. Este credenciamento verifica o índice de nacionalização do bem ou se sua industrialização cumpre o Processo Produtivo Básico (PPB).

Com informações: R7

Claudia Rodrigues volta aos palcos 6 anos após afastamento; atriz luta há 19 anos contra esclerose múltipla

Seis anos separavam Claudia Rodrigues dos palcos. Entre melhoras e recaídas de saúde, agora, a atriz deve retomar os trabalhos em cena no próximo dia 19. Após seis anos fora da TV e do teatro, ela participará do 3º Brazilian Comedy Club, no Paraná.

Há 19 anos, a atriz luta contra a esclerose múltipla. A doença tem sintomas ainda pouco conhecidos. Fadiga crônica e perda dos movimentos são alguns dos sinais.

A volta de Claudia Rodrigues foi anunciada pela amiga e empresária Adriane Bonato, no Instagram. “Está chegando o grande dia! Um evento em prol da solidariedade. Parte dos ingressos será doada para a Provopar Estadual e Instituto Big Brazil”, escreveu Bonato na legenda do cartaz da apresentação.

O evento também terá a participação especial José Roberto Marques, presidente do IBC – Instituto Brasileiro de Coaching.

Vítimas do coronel Ustra, senhor da morte do regime militar, contam torturas que sofreram em suas mãos e repudiam discurso de Bolsonaro

VIOLÊNCIA ENTRE 1970 E 1974, USTRA ATERRORIZOU, ATACOU, FERIU E FACILITOU A MORTE DE CENTENAS DE PRESOS POLÍTICOS (CRÉDITO: DIDA SAMPAIO)

O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra (1932-2015), chamado de herói nacional pelo presidente Jair Bolsonaro, foi um torturador incansável, um estrategista da crueldade. Em 2008, ele foi o primeiro militar condenado pela Justiça brasileira pela prática de tortura durante a ditadura. Coordenando o DOI-Codi de São Paulo, órgão de repressão, entre setembro de 1970 e janeiro de 1974 (sob a presidência de Emilio Garrastazu Médici), aterrorizou, atacou, feriu e facilitou a morte de centenas de presos políticos. Pelo menos 50 pessoas morreram sob seu comando. Ustra foi um sujeito odioso que se regozijava com o sofrimento alheio. Nos tempos em que esteve à frente do DOI-Codi, controlou tudo com mão de ferro, supervisionou sessões de tortura e, quando necessário, assumia as agressões.

Normalização da barbárie

Uma de suas vítimas, o vereador Gilberto Natalini (PV-SP), lembra que Ustra chegou a levar a filha, ainda criança, para passear no DOI-Codi e brincar entre paus de arara e cadeiras do dragão — cadeira eletrificada em que se colocavam as vítimas molhadas para aplicar-lhes choques. A atitude sugere que, para ele, a violência contra seres humanos era algo banal e corriqueiro: o burocrata cumprindo ordens superiores. É a chamada normalização da barbárie, a banalidade do mal formulada pela filósofa Hannah Arendt . ISTOÉ conversou com três torturados sob as ordens de Ustra, um dos maiores vilões da nossa história. Ele jamais será preso porque morreu, mas se fosse vivo provavelmente responderia pelos seus crimes, como vai acontecer com o sargento reformado do Exército Antônio Waneir Pinheiro de Lima, o “Camarão”. Na semana passada, ele se tornou réu sob a acusação de sequestro qualificado e estupro de Etienne Romeu, em 1971, na “Casa da Morte”, em Petrópolis.

GILBERTO NATALINI TORTURADO NO DOI-CODI DURANTE 30 DIAS, O ATUAL VEREADOR DO PSOL DEFINE USTRA COMO UM SER PERVERSO E BESTIAL (CRÉDITO:MASAO GOTO FILHO / AG. ISTOÉ)

“Fui preso em 1972. Na época, eu era estudante do terceiro ano de medicina na Escola Paulista e não pertencia a partido algum. O Ustra comandava o Doi-Codi e tinha a patente de major. Seu nome de guerra era doutor Tibiriçá. Nós tínhamos um grupo de 20 estudantes e nos organizamos para ser oposição ao regime militar. Nosso trabalho não tinha nada de guerrilha, era oposição política. Nunca usei uma arma contra ninguém. A atividade clandestina que fazíamos era nos organizar para receber pacientes doentes que estavam na luta armada. Mas tínhamos um colega de turma cuja irmã pertencia ao Movimento de Libertação Popular (Molipo) que nos dava o jornal da organização. Prenderam um estudante para quem eu tinha passado um exemplar desses e ele entregou meu nome à polícia. Resolveram me prender, me levaram ao Doi-Codi e começaram a me bater para saber que diabo de jornal era aquele. Queriam o nome de quem o entregava, que era a irmã do Paulo Horta. Apanhei durante 30 dias. Eles me deram tantos choques nas orelhas que perdi a audição no ouvido esquerdo. Essa história de dizer que Ustra não torturava é mentira. Eu vi o Antonio Benetazzo (1941-1972) saindo morto de lá.

“Eles me deram tantos choques nas orelhas que perdi a audição do ouvido esquerdo”

Ustra entrava na sala nas horas chave da tortura e, às vezes, ia até as celas. Era uma personalidade dupla: ao mesmo tempo que queria ser agradável, justificava a tortura. Batia pessoalmente. Era perverso, bestial, um monstro. Um domingo ele apareceu levando pela mão a filhinha de cinco anos, circulando entre paus de arara e cadeiras do dragão como se estivesse passeando no zoológico. Para nos torturar, não havia uma rotina fixa. Às vezes nos pegavam no meio da madrugada, às vezes pela manhã. Davam muita pancada, telefone (tapas nos ouvidos) e choques. Tinha a cadeira do dragão e o pau de arara. Quando o cara era importante na organização eles batiam até matar. Achei que não sairia vivo de lá. Ninguém defende a tortura, a não ser um insano ou um ser que se afastou da raça humana. Tortura é um crime ignóbil, abjeto.”

ARLETE LOPES DIOGO A SOCIÓLOGA, PRESA EM 1973 NO DOI-CODI, DIZ QUE O CORONEL, ALÉM DE VIOLENTO, POSSUIA FOCO E CONTROLE DAS EMOÇÕES (CRÉDITO:MASAO GOTO FILHO / AG. ISTOÉ)

“Eu fazia ciências sociais na USP e atuava no movimento estudantil, que era um caminho de apoio para algumas organizações armadas. Formei-me em 1972 e, em março do ano seguinte, fui presa junto com meu companheiro, Adriano Diogo, que estudava geologia. Fomos presos por causa da nossa relação com a Ação Libertadora Nacional (ALN). Fizemos algumas atividades de pichação contra a ditadura militar e acolhemos pessoas que estavam sendo perseguidas, como o Alexandre Vannucci Leme (1950-1973), que foi morto no Doi-codi um dia antes de sermos presos. Morávamos na Mooca e me detiveram em plena Avenida Paes de Barros. Levaram-me direto para o Doi-Codi. Fiquei numa cela onde estavam 18 mulheres do PC do B. As torturas começaram no dia seguinte. Queriam saber nomes de companheiros que participavam da luta armada. Ustra pessoalmente nunca me torturou, mas assistia às sessões e me interrogava. Sofria com choques elétricos em todas as partes do corpo e me batiam nos ouvidos. Sua frieza era impressionante. Interrompia a sessão e dizia que eu estava mentindo. Além de violento, tinha foco e controle impressionante das emoções. Era bastante objetivo no que queria: acabar com os comunistas e com a esquerda. Não fiquei com sequelas físicas, mas psicológicas. A defesa do Ustra é abominável. Falar que é um herói nacional passa do deboche. Estamos em 2019 mas o Bolsonaro parece que vive em 1973.”

ÉPOCA