A imagem de uma mulher, identificada como Lety Perez, implorando a um soldado para atravessar a fronteira e entrar nos Estados Unidos foi divulgada pela Reuters e viralizou. Perez é vista agachada em uma estrada de terra, cobrindo o rosto com a mão e escondendo as lágrimas, enquanto seu outro braço está envolvido em torno de seu filho de 6 anos, Anthony, que olha para o guarda.
O momento foi registrado pelo fotógrafo da Reuters José Luis Gonzalez na última segunda-feira, 22. Mãe e filho viajaram cerca de 2.400 quilômetros de sua terra natal, Guatemala, até a cidade fronteiriça de Ciudad Juárez, a apenas alguns metros dos Estados Unidos.
Segundo o fotógrafo, ele estava andando pela fronteira até o anoitecer porque esperava pegar o momento em que algum migrante cruzasse ou fosse detido por policiais. Nos últimos dias, ele disse que tem notado que as tentativas de cruzamentos aumentam ao anoitecer, porque os migrantes se aproveitam do fato de serem menos visíveis para os agentes. No entanto, não esperava a cena que registrou.
Desde que o governo americano aumentou o rigor para conter a imigração ilegal principalmente na fronteira sul, a Guarda Nacional mexicana está em maior número na fronteira. Antes, não havia ninguém no lado mexicano para impedir que os migrantes cruzassem, agora há oficiais quase a cada 100 metros.
“No início, eu os vi tentando segurar os imigrantes fisicamente para impedi-los de cruzar e entregá-los ao Instituto de Migração, agora eles apenas ficam na frente como se estivessem criando uma barreira. A grande maioria das mulheres que atravessam a fronteira é acompanhada por seus filhos, às vezes até os homens. Apesar de nem sempre derramarem lágrimas, eles pedem à GN para que eles continuem sua jornada”, explicou o fotógrafo.
Nas últimas semanas, os migrantes que cruzam a fronteira são devolvidos quase que imediatamente, um dia ou dois depois, ao México, onde aguardam o processo do pedido de entrada nos EUA. Perez chegou a atravessar para o lado americano, mas agentes da imigração a detiveram e ela será devolvida ao México para esperar por uma data na corte.
O presidente Donald Trump, em junho, suspendeu as tarifas sobre produtos mexicanos depois de chegar a um acordo com o governo mexicano. As tarifas foram destinadas a pressionar o governo mexicano a fazer mais para conter o fluxo de migrantes da América Central que cruzam a fronteira do México para os EUA.
Um homem de 59 anos foi baleado durante uma tentativa de assalto que aconteceu na madrugada deste sábado, 27, no município de São Gonçalo do Amarante. A vítima foi socorrida ao Hospital Santa Catarina, na Zona Norte da capital, e não corre risco de morrer.
De acordo com o sargento Martins, da Companhia da Polícia Militar de São Gonçalo do Amarante, o crime aconteceu por volta das 3h. O homem estava em uma moto no bairro Regomoleiro, quando foi abordado por dois assaltantes armados.
Quando percebeu que seria roubado, o homem avançou com a motocicleta e os bandidos atiraram. Ainda segundo o sargento Martins, dois tiros o acertaram, ambos no peito. Os criminosos fugiram em seguida e não levaram nada da vítima.
Um homem em Natal – que não teve o nome revelado – foi diagnosticado com sarampo, segundo informação confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) nessa sexta-feira, 26. De acordo com a Secretaria, esse é o primeiro registro da doença em 19 anos na capital potiguar.
O rapaz, é natalense e viajou para São Paulo, ao retornar à Natal, começou a apresentar sintomas do sarampo e procurou atendimento médico, quando foi constatada a doença.
Em nota, a Secretaria de Saúde, que confirmou o caso, disse que após a constatação da doença enviou equipes para o “bloqueio vacinal” – que consiste na imunização de pessoas que tiveram ou poderiam ter algum tipo de contato com o paciente. O bloqueio vacinal é a forma sugerida pelo Manual da Vigilância do Ministério da Saúde para evitar a proliferação da doença.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) comunicou que vai realizar uma coletiva na manhã desta segunda-feira, dia 29, para comentar o caso.
Os casos de Sarampo tiveram aumento em alguns estados do Brasil. O balanço epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 1 de julho apontou 142 casos da doença no país. Em março, o Brasil perdeu o certificado de erradicação da doença concedido pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).
A manhã deste sábado foi de alegria para o nadador brasileiro Bruno Fratus, que conquistou a medalha de prata na prova dos 50 metros livres do Mundial de Esportes Aquáticos, que está sendo disputado em Gwangju, na Coreia do Sul. Ele vai dividir a conquista com o grego Kristian Gkolomeev, que completou a prova mais rápida da natação tambémm em 21s45. A medalha de ouro ficou com o norte-americano Caeleb Dressel, com 21s04.
Essa foi a quarta medalha conquistada em Campeonatos Mundiais pelo brasileiro. Ele já foi bronze (50m livre em Kazan, 2015) e duas vezes prata (50m livre e no revezamento 4x100m livre em Budapeste, em 2017). Ou seja, essa é sua terceira medalha seguida de quatro finais em 50m livre – em 2011, ele ficou em quinto lugar em Shangai.
Quando um homem faz sexo com uma mulher sem seu consentimento, isso é estupro. Mas e se uma mulher obriga um homem a fazer sexo com ela? As leis sobre o tema variam de país para país. Enquanto isso não é considerado estupro pela lei da Inglaterra e do País de Gales, sua definição legal foi alterada no Brasil em 2009.
Em vez de dizer que se trata de “contranger mulher”, passou a estabelecer que o estupro significa “contranger alguém”, mediante violência ou grave ameaça, a fazer sexo ou praticar ou permitir que se pratique com essa pessoa um ato libidinoso.
A autora de um estudo sobre o tema defende que a interpretação legal de estupro não deve excluir a possibilidade de que mulheres cometam esse crime contra homens – ainda que esses casos sejam bem menos frequentes do que a situação inversa, de acordo com estatísticas oficiais de diferentes países.
Siobhan Weare, da faculdade de Direito da Universidade de Lancaster, fez a primeira pesquisa sobre penetração forçada no Reino Unido entre 2016 e 2017, reunindo relatos de mais de 200 homens por meio de uma pesquisa online.
Seu mais recente estudo, publicado nesta semana – baseado em entrevistas individuais com 30 homens entre maio de 2018 e julho de 2019 – explora em mais detalhes o contexto em que ocorre a penetração forçada, suas consequências e a resposta da Justiça.
Os participantes da pesquisa nesta reportagem tiveram seus nomes alterados para preservar suas identidades.
“Não havia nada que eu pudesse fazer”
John diz que o primeiro sinal de que algo estava errado foi quando sua parceira começou a se automutilar. Depois de um incidente particularmente assustador, ele a levou para o pronto-socorro. O casal passou então horas discutindo possíveis causas psicológicas para seu comportamento.
Cerca de seis meses depois, em vez de se automutilar, ela passou a agredir John. “Eu estava sentado na sala. Ela veio da cozinha, me deu um soco forte no nariz e saiu dando risada”, diz ele. “A violência começou a ocorrer com bastante regularidade.”
Ela buscou ajuda médica, diz John. Recebeu aconselhamento e foi encaminhada a um psicólogo, mas não foi à consulta. Um dia, chegou em casa do trabalho “e exigiu fazer sexo”, diz ele. “Ela era violenta, e chegou ao ponto de eu temer o momento em que ela voltava do trabalho.”
Em certa ocasião, John acordou e descobriu que sua parceira havia algemado seu braço direito ao estrado de metal da cama. Então, ela bateu em sua cabeça com uma caixa de som, amarrou seu outro braço com uma corda e tentou forçá-lo a fazer sexo.
Com medo e dor, John foi incapaz de cumprir a exigência. Então, ela o espancou novamente e o deixou acorrentado por meia hora, antes de libertá-lo. Depois, ela se recusou a falar sobre o que havia acontecido.
Não muito depois, sua parceira engravidou, e a violência diminuiu. Mas, poucos meses depois do nascimento do bebê, John acordou novamente uma noite e descobriu que estava sendo algemado à cama.
Então, diz ele, ela o obrigou a engolir um comprimido de Viagra e o amordaçou. “Não havia nada que eu pudesse fazer”, afirma John. “Mais tarde, eu fiquei sentado sob o chuveiro não sei por quanto tempo. Quando eu finalmente desci, a primeira coisa que ela me disse foi: ‘O que vamos jantar?'”
Quando John tentou contar às pessoas sobre isso, ele diz que muitas vezes não acreditaram nele. “Fui questionado por que não saí de casa. Bem, era a minha casa, que eu comprei para meus filhos. E havia o lado financeiro também. Eu estava preso no relacionamento financeiramente”, diz ele.
“Eu ainda ouço bastante: ‘Por que você não bateu nela de volta?’ É bem mais fácil falar isso do que fazer. Eu gostaria de ter escapado daquela situação bem antes.”
“Como um homem pode ser estuprado?”
Aspectos da história de John são refletidos nas experiências de alguns dos outros homens que Weare entrevistou. Uma de suas descobertas é que quem força uma penetração é frequentemente uma parceira ou ex-parceira da vítima (sua pesquisa foca apenas em penetração forçada envolvendo homens e mulheres).
A experiência é muitas vezes um elemento de um padrão mais amplo de abuso doméstico. A descrença diante dos relatos também é mencionada por outros entrevistados. “Você deve ter gostado ou teria falado sobre isso antes”, disse um homem sobre o que ouviu de um policial.
Outro participante disse: “Ficamos envergonhados de falar sobre isso e, quando falamos, não acreditam em nós, porque somos homens. ‘Como um homem pode ser estuprado? Olhe para ele, é homem’.”
Weare diz ser comum esse sentimento de vergonha ao relatar experiências de penetração forçada. Eles chegam a denunciar o abuso doméstico sem mencionar os episódios de estupro. O impacto na saúde mental pode ser grave, incluindo estresse pós-traumático, pensamentos suicidas e disfunção sexual.
Alguns homens relatam ter sido alvo de abusos repetidamente. Alguns foram vítimas na infância e sofreram vários tipos de violência sexual por diferentes pessoas, inclusive homens. E muitos tinham percepções negativas da polícia, da Justiça criminal e da lei.
Um mito que a pesquisa de Weare expõe é que a penetração forçada é impossível porque os homens são fisicamente mais fortes que as mulheres. Outra é que os homens consideram todas as oportunidades sexuais com mulheres como positivas.
Um terceiro mito é que, se os homens têm uma ereção, precisam de sexo. Weare explica que “uma ereção é uma resposta puramente fisiológica a um estímulo”. “Os homens podem ter e sustentar uma ereção, mesmo se estão com medo, raiva, medo etc”, diz ela.
“Há pesquisas que mostram que as mulheres podem ter uma resposta sexual quando são estupradas (ter um orgasmo, por exemplo), porque seu corpo está respondendo fisiologicamente. Esse é um problema tanto para vítimas masculinas quanto femininas que não é discutido o suficiente, mas há evidências claras disso.”
“Pensam que isso é uma fantasia de todo homem, mas não é assim”
Vários participantes do estudo de Weare de 2017 relataram experiências de penetração forçada depois de ficarem extremamente bêbados ou drogados e incapazes de impedir o que estava acontecendo.
Um dos entrevistados para o novo estudo descreve ter ido para casa com uma mulher depois de sair à noite para ir a uma boate e desmaiar após ter sido recebido o que suspeita ser uma droga de estupro. Ele diz que foi forçado a fazer sexo.
Outro descreve ter sido coagido a fazer sexo enquanto trabalhava em um acampamento de férias durante o verão, quando era estudante. Uma colega descobriu uma carta que ele havia escrito para um namorado e ameaçou tirá-lo do armário, a menos que ele transasse com ela.
Ela achou que, se ele fizesse sexo com uma mulher, “isso transformaria sua vida e o tornaria heterossexual”. Como não tinha revelado ser gay para amigos, familiares ou colegas de trabalho, ele sentiu que não tinha escolha a não ser cumprir a exigência.
Weare afirma que a maioria dos participantes do seu estudo mais recente considerou suas experiências de penetração forçada como “estupro” e que alguns ficaram frustrados por isso não ser considerado como tal segundo a lei da Inglaterra e do País de Gales ou pelo fato de que isso provavelmenteb não seria visto como estupro pela sociedade britânica em geral.
“Falar que uma ex-parceira costumava ficar bêbada e te forçar a fazer sexo, te estuprar basicamente, é a fantasia da maioria dos caras, não?”, disse um dos participantes.
“No bar, você sabe, ela fica um pouco bêbada, um pouco brincalhona, e alguém pode pensar ‘Ah, isso seria fantástico! Eu adoraria!’ Não, você realmente não adoraria. Não é do jeito que se pensa que é”.
Criminosos estão utilizando a notícia do saque das contas ativas e inativas do FGTS para aplicar golpes por meio de um link falso para consulta ao fundo e promete o saque do suposto benefício. O laboratório especializado em segurança digital da PSafe identificou que o ataque já afetou mais de 100 mil pessoas que receberam, acessaram ou compartilharam o link malicioso em apenas dois dias. Por hora, são registrados, pelo menos, 2.083 novos acessos à fraude.
Ao tocar no link do golpe disseminado pelo WhatsApp, o usuário é incentivado a responder uma breve pesquisa, que inclui perguntas como “Deseja sacar todo seu FGTS ou parcial?” e “Você sacou algum valor do FGTS nos últimos 3 meses?”. Independentemente das respostas, ele é encaminhado a uma nova página para compartilhar o link do ataque com mais 10 amigos do WhatsApp e liberar o suposto saque de sua conta.
Segundo Emilio Simoni, diretor do laboratório, o objetivo do golpe é induzir o usuário a conceder permissão para receber futuras notificações com outros golpes diretamente no celular, abrindo um canal direto de comunicação entre o cibercriminoso e a vítima.
“Além disso, ela é direcionada a páginas para realizar cadastros indevidos em serviços de SMS pago. A partir do momento em que este cadastro ocorre, sem perceber, a vítima passa a receber cobranças indevidas”, esclarece Simoni.
Para dar mais realismo ao ataque, os hackers criam comentários de falsos usuários afirmando que já sacaram seu benefício, como, por exemplo, “é verdade mesmo pessoal” e “vou na lotérica segunda-feira sacar o meu”.
A 10ª Vara Federal de Brasília determinou nessa sexta-feira, 26, o bloqueio de ativos em carteiras de criptomoedas dos investigados da Operação Spoofing. A investigação prendeu na última terça-feira, quatro pessoas suspeitas de envolvimento na invasão do celular do ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública). Os presos são: são Gustavo Henrique Elias Santos, Suelen Priscila de Oliveira, Danilo Cristiano Marques e Walter Delgatti Neto.
Tanto a decisão de prender quanto de bloquear os ativos é do juiz Vallisney de Oliveira. Nas buscas realizadas pela PF (Polícia Federal), foram encontrados valores que, segundo os suspeitos, foram obtidos pelo mercado de bitcoin.
No despacho, Vallisney informa que a PF e o MPF (Ministério Público Federal) apontaram a necessidade de obter senhas e chaves das carteiras de criptomedas de 2 presos: Gustavo Henrique e Suelen Priscila.
A PF busca informações sobre a existência de contas de criptomoedas “que poderiam seriam controladas por Walter Delgatti como forma de ocultar pagamentos recebidos por suas atividades ilícitas, bem como para se determinar a real dimensão das invasões praticadas”.
Na decisão de Vallisney de Oliveira, também foi prorrogada a prisão dos 4 suspeitos por mais 5 dias.
Segundo ele, a manutenção das prisões é necessária para o aprofundamento das investigações, “porque a informação técnica atesta que cerca de 1.000 pessoas ou números telefônicos teriam sido alvos dos ataque“. Ao prorrogar as prisões, o juiz atendeu a pedidos da PF e MPF que solicitaram o ato devido ao grande número de arquivos e materiais apreendidos com os suspeitos.
“Sem a prorrogação de mais 5 dias das prisões, soltos os investigados poderão agir e combinar e praticar condutas, isoladamente e em conjunto, visando apagar provas em outros endereços, mudar senhas de contas virtuais, fazer contatos com outras pessoas eventualmente envolvidas, retirar valores de contas desconhecidas ou de algum modo prejudicar o inquérito policial”, afirmou na decisão.
Quando estamos com fome, praticamente qualquer comida serve, mas um desejo pode nos deixar fissurados em um determinado alimento até que ele esteja em nossas mãos (ou nossa boca). A maioria de nós sabe como é sentir desejo por um tipo de comida. Geralmente, são as mais calóricas, e por isso estes desejos estão associados ao ganho de peso. Mas a origem desses anseios pode determinar a facilidade com que cedemos a eles.
Muitos acreditam que isso é uma maneira de nosso corpo sinalizar que precisamos de um determinado nutriente – e, para as mulheres grávidas, o que o bebê precisa disso. Mas é verdade? Grande parte das pesquisas feitas sobre os desejos aponta que provavelmente existem várias causas para eles. E que elas são, principalmente, psicológicas.
Condicionamento cultural
No início dos anos 1900, o cientista russo Ivan Pavlov percebeu que cães antecipavam a oferta de comida em resposta a certos estímulos associados ao tempo de alimentação.
Os desejos alimentares em grande parte podem ser explicados por essa resposta condicional, diz John Apolzan, professor de Nutrição Clínica e Metabolismo do Pennington Biomedical Research Center, nos Estados Unidos. “Se você sempre come pipoca quando assiste ao seu programa de TV favorito, seu apetite por pipoca aumenta quando você faz isso”, diz Apolzan.
A vontade de comer um doce no meio tarde é outro exemplo disso. Se você deseja algo doce neste momento do dia, há uma chance de que esse desejo seja mais forte quando você está no trabalho, diz Anna Konova, diretora do Laboratório de Neurociência em Vício e Decisão da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos.
Isso porque os desejos surgem a partir de sinais externos específicos, em vez de nosso corpo estar exigindo algo. O chocolate é um dos desejos de comida mais comuns no Ocidente – o que fortalece o argumento de que os desejos não resultam de deficiências nutricionais, porque o chocolate não tem altos níveis de qualquer coisa de que possamos ter deficiências.
Muitas vezes, argumenta-se que o chocolate é um desejo tão comum porque tem altas quantidades de feniletilamina, uma molécula que faz o cérebro liberar substâncias químicas boas como dopamina e a serotonina.
Mas muitos outros alimentos que não desejamos com tanta frequência, como laticínios, contêm concentrações mais altas dessa molécula. Além disso, quando comemos chocolate, uma enzima quebra a feniletilamina, então, ela não entra no cérebro em quantidades significativas.
O chocolate, que é desejado duas vezes mais entre mulheres do que homens, foi considerado o alimento mais desejado pelas mulheres no Ocidente antes e durante a menstruação. Apesar da perda de sangue aumentar o risco de algumas deficiências nutricionais, como de ferro, os cientistas dizem que o chocolate não restauraria os níveis deste nutriente tão rapidamente quanto carne vermelha ou verduras escuras.
Alguém poderia supor que, se algum efeito hormonal causasse uma necessidade biológica de chocolate durante ou antes da menstruação, isso diminuiria após a menopausa. Mas um estudo encontrou apenas uma pequena redução do desejo por chocolate em mulheres após a menopausa.
É mais provável que a associação entre a tensão pré-menstrual e o desejo por chocolate seja cultural. Um estudo descobriu que as mulheres nascidas fora dos Estados Unidos eram menos propensas a ligar o desejo por chocolate ao ciclo menstrual, e tinham menos desejo por chocolate do que as americanas e as imigrantes de segunda geração.
Mulheres podem associar o chocolate à menstruação, argumentaram pesquisadores, porque durante e antes de sua menstruação é a única vez em que sentem que é culturalmente aceitável comer alimentos “tabu”. Uma cultura ocidental com um “ideal de beleza feminina” cria a percepção de que o desejo por chocolate deve ter uma boa justificativa.
Outro estudo da Universidade de Albany, nos Estados Unidos, argumenta que os desejos por comida são causados pela ambivalência ou tensão entre desejar um alimento e querer controlar a ingestão de alimentos. Em um artigo, os cientistas argumentam que as mulheres tendem a resolver essa questão ao evitarem a comida em questão – o que aumenta sua chance de desejá-la.
Pode ser problemático, Hill diz, se os desejos forem alimentados por sentimentos negativos. “Ao comer um alimento desejado, quem restringe o que come para perder peso sentirá que quebrou uma regra alimentar e se sentirá mal”, afirma ele.
“Sabemos, a partir de estudos e observações clínicas, que uma emoção negativa pode provocar mais desejo por comida e, para alguns, tornar-se uma compulsão. Este padrão tem pouco a ver com uma necessidade biológica ou fome fisiológica e mais com as regras que estabelecemos em relação à alimentação e as consequências de sua transgressão.”
A pesquisa também indica que, embora o desejo por chocolate seja predominante no Ocidente, ele não é comum em muitos países orientais. Há também diferenças em como o desejo por diferentes alimentos são comunicados e compreendidos.
Como superar um desejo?
“Em todo lugar que vamos, vemos anúncios de comida com muito açúcar, e é fácil ter acesso a esses alimentos. Este bombardeio contínuo de publicidade afeta o cérebro – e nos faz querer eles”, diz Nicole Avena, professora de Neurociência da Escola de Medicina Mount Sinai, em Nova York.
Como não há uma maneira realista de reduzir o estímulo a algo como chocolate em um ambiente como o nosso, pesquisadores estão estudando como podemos superar esse condicionamento com estratégias cognitivas.
Vários estudos descobriram que as técnicas de mindfulness (atenção plena, em tradução livre) como estar ciente dos nossos desejos e não julgar esses pensamentos, podem reduzir desejos em geral.
Pesquisas descobriram que uma das maneiras mais eficazes de conter um desejo é cortar o alimento da dieta – o que vai contra o argumento de que desejamos o que precisamos.
Em um estudo, os pesquisadores deram aleatoriamente a 300 indivíduos quatro dietas diferentes em níveis de gordura, proteína e carboidratos e mediram seus desejos por alimentos. Quando eles comiam menos de um determinado alimento, eles o desejavam menos.
Os pesquisadores dizem que suas descobertas mostram que, para reduzir este tipo de desejo, as pessoas devem comer a comida desejam com menos frequência.
Mais precisa ser feito para definir e compreender os desejos e desenvolver maneiras de superar essa resposta condicional que desenvolvemos para certos alimentos. Mas tudo aponta que quanto mais saudável for nossa dieta, mais saudáveis serão nossos desejos.
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