Ranking que lista Styvenson como melhor senador do RN e 5° melhor do Brasil é chamado de ‘conto do vigário’ pelo site The Intercept Brasil
Um levantamento divulgado esta semana pelo Ranking dos Políticos indicou Styvenson como o melhor parlamentar do Rio Grande do Norte e o quinto melhor senador do Brasil. Os critérios foram: a assídua presença nas sessões; o uso do dinheiro público de forma de eficiente; se responde a processos judiciais; a qualidade da produção legislativa; a formação educacional; e quantas vezes o parlamentar mudou de partido. No entanto, segundo o site The Intercept Brasil, o Ranking dos Políticos não seria confiável e é classificado como “conto do vigário”.
O Senado encerrou nessa quarta-feira (17) o primeiro semestre da 56ª Legislatura. Na tribuna, Styvenson Valentim (Pode-RN) fez um balanço de seus primeiros cinco meses na qualidade de senador da República. “Foi intenso, está sendo intenso. É uma prestação de contas que todos precisam fazer como representantes públicos e funcionários públicos também. Eu me sinto na obrigação de dar essa satisfação a todas as pessoas, não apenas às que votaram em mim, mas às que também não votaram, neste país todo, às de outros estados, mas principalmente às do meu estado, o Rio Grande do Norte. Todas as pessoas que desempenham cargo público deveriam estar fazendo a mesma coisa: prestando contas à população”, ressaltou o senador potiguar.
“Neste último, eu não considero ter mudado de partido, porque eu concorri por um e, logo no segundo dia das eleições aqui desta Casa, eu assinei a minha filiação com o Podemos. Senador Alvaro Dias, que me deu total liberdade para atuação, e eu agradeço. Agradeço porque eu tinha uma resistência a partido político. Eu tenho uma resistência em me sentir coagido, ou me sentir inibido, ou me sentir preso em falar o que eu quero falar, no que eu quero pensar e votar da forma que deve ser votado, com a minha consciência. Eu me sinto honrado em fazer parte do Podemos hoje”, afirmou Styvenson.
Em cinco meses de mandato, o senador Styvenson apresentou 38 projetos de lei e 21 requerimentos; recebeu 70 projetos para analisar e emitir parecer; foi eleito vice-presidente da Comissão de Assuntos Sociais e é titular de outras nove comissões permanentes. Durante este período 197.678 pessoas começaram a acompanhar as atividades de Styvenson pelas redes sociais com mais de 2.300 postagens que alcançaram cinco milhões de visualizações, só no Facebook. Na plataforma IGTV os vídeos do senador foram vistos por 350 mil pessoas. O senador recebeu cerca de 40% dos prefeitos do Rio Grande do Norte, 67 no total. Também se reuniu com ministros de Estado, alguns o visitaram no gabinete.
“Quero falar da minha percepção do que é, até cerca de cinco meses atrás, estar dentro de uma viatura de polícia, uma viatura do 9º Batalhão. Eu andava pela Zona Oeste de Natal, área periférica, comandando 40 policiais. Tendo, sob minha responsabilidade, uma escola com 500 alunos, a qual financeiramente ainda mantenho. A minha presença está cada vez mais difícil lá pela quantidade de tempo que eu dedico aqui ao Senado, que eu dedico à nossa atividade legislativa, parlamentar. É uma percepção bem diferente do que eu via antes de estar aqui. A de que pouco se produzia, de que aqui era realmente o – aspas – “céu”, de muitos privilégios, benefícios e regalias. Creio que pode até ser para quem quer. Mas, para quem quer trabalhar também há o outro lado. E as pessoas precisam entender e ter paciência, porque todos aqui querem a mesma coisa, que este país cresça, que melhore. Se a nossa segurança, a nossa educação, não forem bem cuidadas, não seremos vítimas dos eleitores, seremos vítimas da nossa omissão, da nossa inércia, da nossa ausência”, alertou Styvenson Valentim.
OUTRO LADO
De acordo com matéria publicada no site The Intercept Brasil, há quase sete anos, tem circulado na internet um conto do vigário chamado Ranking dos Políticos. É um site que ranqueia os congressistas eleitos para a Câmara e o Senado e virou referência em avaliação da atuação parlamentar de candidatos em períodos eleitorais. A página é bonita, as ferramentas são excelentes, fáceis de usar, e tem uma boa base de dados sobre a atuação dos políticos. É possível, por exemplo, consultar os processos judiciais de todos os parlamentares e filtrar por partido ou estado. O site passa a impressão de credibilidade e independência, mas a sua principal função, o ranking que classifica os parlamentares do melhor para o pior, não passa de uma armadilha liberal para a massa incauta de eleitores que busca informações na internet para escolher seu candidato.
Logo na entrada do site, uma mensagem anuncia a independência do grupo: “O Ranking existe para fornecer informações sobre quem é quem no Congresso Nacional. Não temos rabo preso com ninguém. Não somos filiados a nenhum movimento, grupo ou partido. Não temos relação com o Governo. Temos apenas três bandeiras: Anti-Corrupção, Anti-Privilégios, Voto Consciente.” No Twitter, o caráter isentão é reforçado: “Nosso objetivo é oferecer informação para ajudar de forma objetiva as pessoas a votarem melhor”.
Mas isso não é verdade. Há outras bandeiras que movem os criadores do ranking. E o empunhamento ou não dessa bandeiras influi diretamente no posicionamento dos políticos dentro do ranking. A ideologia do site só fica clara para os visitantes que se dispuseram a perder tempo vasculhando-o em busca de informações que deveriam estar claras para quem acessa apenas o ranking. Em letras miúdas no fim da página “Sobre“, o ranking afirma que tem “firmes valores e princípios a respeito de temas econômicos” e que levanta bandeiras (perceba que já não são mais apenas aquelas três bandeiras em destaque na página inicial) que foram “conquistadas pela civilização nos últimos séculos” como a “livre iniciativa, na propriedade privada, no regime de mercado”. Não fica claro para quem não se aprofunda no site que há um viés liberal impregnado nos critérios adotados pelos seus criadores e aplicado por conselheiros ligados ao mercado e ao grande empresariado.
O ranking diz se basear nos ‘gastos, na assiduidade, na fidelidade partidária nos processos judiciais e na qualidade legislativa”. É nesse último quesito que está engodo. Quem define os critérios de qualidade é um conselho “totalmente independente, e composto por profissionais com reconhecida capacidade analítica e boa reputação no mercado”.
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