A candidata Fátima Bezerra (PT) mostrou-se menos tranquila, do que em vezes anteriores.
Tentou ser sarcástica com o seu opositor, mas revelou irritação, ao esboçar sorriso forçado, sempre.
Por outro lado, municipalizou o debate.
Cingiu-se a levantar questões miúdas, em relação à Prefeitura de Natal, citando problemas de bairros da cidade, na tentativa de desconstruir as quatro administrações do seu adversário, na capital. Falou até em poças dágua em dias de chuva.
Percebeu-se, desde o início, que a estratégia de Fátima seria provocar e irritar Carlos Eduardo.
Já Carlos Eduardo, em nenhum momento irritou-se, diante da postura agressiva de Fátima (todas as vezes que falava), ao chamá-lo de “mentiroso”, “hipócrita” e “oligárquico”. várias vezes.
Mesmo diante desses insultos, a coordenação do debate negou esclarecimento solicitado por Carlos Eduardo.
Percebeu-se, em termos de estratégia, que Fátima pouco falou em Haddad, o seu candidato a presidente.
Certamente, temeu desgaste político-eleitoral, em razão do notório crescimento do presidenciável Jair Bolsonaro no RN.
Ao contrário, Carlos Eduardo apoiou-se na parceria futura dele com Bolsonaro, na administração estadual.
Fátima praticamente não usou virulência contra Bolsonaro, que era o seu estilo costumeiro.
Em nenhum momento do debate a petista refutou ou desmentiu que Jair Bolsonaro será o futuro Presidente da República.
Os temas vinculados ao Estado, ao serem abordados, por um e outro candidato, foram sempre entremeados, de um lado com acusações à administração de Carlos Eduardo em Natal e de outro, críticas ao apoio de Fátima à Lula, PT e a Dilma.
Não houve novidades, em matéria de propostas dos candidatos. Isso ocorreu pelo clima pouco cordial, em razão da linguagem agressiva e tentativa de intimidação, como Fátima se dirigia à Carlos Eduardo.
A análise geral dos blocos do debate permite algumas conclusões.
Fátima apoiou-se, de forma incondicional e sem exceções, na tese de que o PT foi o maior governo da história do Brasil e que Lula é um injustiçado.
Inclusive, instada por Carlos Eduardo a fazer um “mea culpa” sobre os desmandos do PT e dos crimes cometidos, ela atrapalhou-se e com certa vacilação não admitiu erros substanciais, acentuando sempre os acertos das administrações de Lula, Dilma e dela nos mandatos que exerceu no Congresso.
Carlos Eduardo quase não teve oportunidade de abordar questões estaduais, em função da agressividade de Fátima e as suas indagações municipalistas para atingi-lo na administração de Natal.
Não parece ter sido boa orientação para Fátima esse comportamento.
Afinal, Carlos Eduardo foi prefeito de Natal quatro e vezes e teve a aprovação das urnas.
“O tiro saiu pela culatra” e Fátima terminou levantando a “bola” para Carlos Eduardo fazer gol.
Ele mostrou, em detalhes, resultados positivos à frente da cidade do Natal, ao longo de quatro administrações e colocou-se mais como um “gestor”, do que político.
Quando Fátima arguia fatos minúsculos ocorridos nos bairros de Natal (ela falou até em calçamento de ruas), Carlos Eduardo além de descrever as suas conquistas administrativas, deixava claro que não resolveu todos os problemas da cidade, mas fez o possível.
Do ponto de vista político, a abordagem por Fátima do tema oligarquia não lhe foi favorável, no balanço geral do confronto.
Ela insistiu em que Carlos Eduardo representava grupos oligárquicos com dezenas de anos no poder estadual e tentou responsabilizá-lo por todos os atrasos do RN.
Carlos Eduardo, que no passado rompeu com o seu próprio grupo político familiar, reagiu e sua argumentação “balançou” o ânimo de Fátima, o que foi notado na face contraída dela na TV, ao responder as perguntas formuladas.
Disse Carlos que estranhava Fátima citar oligarquias, quando o PT, a nível nacional, aliou-se a todos os partidos e grupos oligárquicos do país, o que resultou em operações contra a corrupção como aLava Jato, que levou o seu principal líder à cadeia.
Mostrou, ainda, que no nordeste, por exemplo, o PT ainda hoje é aliado ao MDB de Michel temer e a partidos chamados oligárquicos da região, sem o que os governadores da sigla não teriam ganho a eleição em alguns estados.
O momento mais “forte” (e não respondido por Fátima) foi quando Carlos Eduardo citou os apoios que ela recebeu no Estado, de “envolvidos” em seis operações policiais e criminais, por acusações de desmandos na Assembleia Legislativa do RN e outras áreas.
Além do envolvimento em práticas ilícitas, Carlos Eduardo mostrou que esses novos correligionários petistas pertenciam a grupos políticos , que também poderiam ser considerados oligárquicos.
Fátima preservou os “seus novos aliados” e limitou-se a dizer que tudo aconteceu com transparência.
Não convenceu. Ficou a pecha de conivência com atos tidos como ilegais no manuseio do dinheiro público, embora não haja condenação definitiva , até o momento.
Outro ponto político a ser analisado foi o apoio à Fátima, no segundo turno, do governador Robinson Faria. Carlos Eduardo mostrou que todos os ex-aliados do governador passaram a apoiá-la incondicionalmente, a pedido do governador.
Ela deixou a resposta no ar e não disse sim, nem não.
Preferiu sair do tema e acusar o presidente Temer de golpista, quando Carlos Eduardo lembrou que Temer era criação de Lula, Dilma e o PT e não do seu partido o PDT.
Por fim, quando abordada a questão da segurança pública, que mais inquieta a população, Fátima limitou-se a acusar as administrações passadas do Estado.
Carlos Eduardo mostrou-se seguro e otimista de que contará com o apoio do Presidente Bolsonaro para enfrentar esse problema, como prioridade total.
Na análise geral do debate da TV Cabugi, se nenhum dos dois candidatos perdeu votos, com certeza quem mais deixou de ganhar foi Fátima Bezerra.
No balanço de “perdas e ganhos” após o debate é mais provável que ela tenha perdido votos pela exaltação à Lula e ao PT, amplamente rejeitados no atiual momento político.
Por outro lado é possível que Carlos Eduardo tenha ganho votos, pelo temor do eleitorado, de que Fátima, caso eleita, sem ter ao seu lado o futuro Presidente da República Bolsonaro, inevitavelmente levará o RN para o aprofundamento da crise e do fosso, em que já se encontra.
Sobretudo os funcionários públicos, com salários em atraso, ponderarão muito essa hipótese do “Palácio Potengi” tornar-se uma ilha, isolada do governo federal e transformado em comitê político pró-Lula e seus adeptos.
Agora, só as urnas darão o veredicto final sobre como será o futuro do RN!
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