Polícia investiga deputados do MDB por morte de Marielle
Em entrevista a VEJA, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) disse que três deputados estaduais do MDB-RJ estão sendo investigados por participação no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), ocorrido em 14 de março. O parlamentar confirmou uma informação obtida pela reportagem: no dia 14 de junho, a pedido de dois delegados da Polícia Civil, ele e procuradores do Ministério Público Federal participaram de uma reunião para tratar de uma conexão do crime com políticos emedebistas.
Na conversa, os delegados Fábio Cardoso, diretor da Divisão de Homicídios, e Giniton Lages, encarregado das investigações, perguntaram a Freixo e aos integrantes do MPF se eles aceitariam depor no inquérito para falar sobre o caso dos três políticos – todos disseram que sim. O deputado disse que ainda não foi chamado para o depoimento. Os parlamentares investigados são Edson Albertassi, Jorge Picciani e Paulo Melo – todos estão presos desde o ano passado, acusados de envolvimento com uma máfia de empresários de ônibus. Freixo afirmou não descartar a participação dos políticos no crime. “É assustador, mas não posso eliminar nenhuma possibilidade”, declarou o deputado. Para ele, não há dúvida de que o assassinato de Marielle foi um crime político – no atentado também morreu o motorista Anderson Gomes. “Quem matou mandou um recado. E, se continuar solto, vai matar mais gente”, concluiu.
No dia 11 de maio, o site de VEJA publicou que a polícia tinha indícios da participação de “políticos importantes” no caso. Na terça, 7, em entrevista à Globonews, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que o assassinato de Marielle envolve agentes de Estado, inclusive políticos. “Envolve, inclusive, setores ligados seja a órgãos de setores de setores do Estado, seja a órgãos de representação política”. VEJA confirmou, na Polícia Civil, a existência de uma linha de investigação que liga o assassinato a políticos do MDB – a Delegacia de Homicídios tem em mãos, há mais de dois meses, a lista de pessoas que visitaram os parlamentares na cadeia, na época do crime.
Por esta investigação, o assassinato seria uma forma de vingança para atingir o próprio Freixo. Responsável pela entrada de Marielle na política – ela trabalhou em seu gabinete -, o deputado costumava se referir à vereadora como “minha filha”. Por conta de seu trabalho à frente da CPI das Milícias, ele sofreu várias ameaças de morte e, há dez anos, anda em carros blindados, protegido por policiais militares, o que dificultaria um atentado contra ele. De acordo com a apuração policial, políticos do MDB atribuiriam ao parlamentar do PSOL a responsabilidade por eles terem sido presos já que em decisão tomada em ação judicial protocolada por Freixo, a Justiça impediu que o deputado Edson Albertassi disputasse uma cadeira de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado. Se tivesse ido para o TCE, qualquer processo judicial contra ele seria remetido para o Superior Tribunal de Justiça, em Brasília. Outros denunciados no mesmo processo receberiam o mesmo benefício.
Pelas normas do TCE, a vaga de conselheiro iria para um técnico da instituição. Mas, no fim do ano passado, o governo estadual decidiu que a cadeira seria de Albertassi – três técnicos que haviam se candidatado foram procurados por assessores do parlamentar e desistiriam de concorrer. A nomeação passou a ser tratada com urgência. No dia 7 de novembro, Freixo foi à tribuna da Assembleia Legislativa e criticou de maneira dura a indicação. Logo em seguida, recebeu uma ligação do Ministério Público Federal, que pediu para se reunir com ele. Na conversa, os procuradores perguntaram se ele tomaria alguma medida para tentar barrar a nomeação de Albertassi. “Entendi que aquilo não era gratuito, que eles queriam que eu tomasse uma atitude, percebi que algo estava em curso”, afirmou Freixo.
Fonte: VEJA
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