Empresariado e moradores de Ponta Negra são contra “trincheiras” que Robinson Faria quer fazer na Roberto Freire

O novo projeto de reestruturação da avenida Engenheiro Roberto Freire, localizada na zona Sul de Natal, foi criticado por representantes do comércio, turismo e associações dos moradores de Ponta Negra e Capim Macio, durante reunião com o diretor do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio Grande do Norte, general Jorge Fraxe.
Entre os principais pontos questionados pelos representantes da sociedade contra a obra que será executada pelo governo estadual, ao custo de R$ 220 milhões, está a construção de “Trincheiras ” (espécie de túneis) em determinados pontos da via. Segundo o grupo, esse tipo de edificação só prejudicará o comércio local, impactando diretamente na geração de empregos.
“Essas trincheiras, se realizadas, vão afetar negativamente, e talvez de modo definitivo, a prosperidade da região, inviabilizando muitos negócios existentes há décadas, e até mesmo a implantação de novos empreendimentos”, questiona.
Em um documento enviado para o titular do DER-RN, obtido com exclusividade pelo BLOG DO FM, o grupo descreve vários pontos negativos de construções deste tipo, alertando os possíveis danos à população de Natal, caso a obra seja realizada na região.
“É fato conhecido mundialmente que infraestruturas desse tipo – vias expressas, trincheiras e viadutos, produzem danos irreparáveis ao desenvolvimento comercial, de serviços e habitacional do seu entorno”, alerta os moradores citando o recente exemplo do complexo de túneis no entorno da Arena das Dunas.

O texto encaminhado também é favorável a outras demandas do projeto. “Somos totalmente favoráveis à implantação de melhorias na região, que podem passar, por exemplo, pela criação de caminhos alternativos para tráfego, como a utilização das Avenidas das Alagoas e Praia de Muriú; melhorias no pavimento, sinalização e passeio público da Avenida Engenheiro Roberto Freire; intervenções pontuais de alargamento de faixas, como na região da rotatória, para permitir a conversão à direita do fluxo que se dirige à Via Costeira; e mudanças de semáforos e fluxo de tráfego, como na Avenida Odilon Gomes, dentre outras. Essas intervenções ora sugeridas, que não trariam pesados impactos na infraestrutura, seriam realizadas a um custo infinitamente inferior, e poderiam, sim, trazer importantes melhorias para a situação atualmente vivenciada”, descrevem na carta.

Confira na íntegra o texto elaborado pelos moradores e comerciantes locais:
Natal, RN, 17 de julho de 2017
Ilustríssimo Senhor
General JORGE ERNESTO FRAXE
Diretor-Geral do Departamento de Estradas e Rodagens do Rio Grande do Norte – DER/RN
N E S T A
Senhor Diretor-Geral,
Na oportunidade em que o cumprimentamos e saudamos o Governo do Estado do Rio Grande do Norte pela pretensão de realizar melhorias na Avenida Engenheiro Roberto Freire, pedimos permissão para manifestar, mais uma vez, nossa oposição à obra, tal como apresentada no projeto em curso, ao tempo em que apresentamos nossas considerações e preocupações relacionadas a essa grande intervenção urbana.
Consoante pudemos constatar a partir de informações que dispomos, a obra tem como fundamento essencial a construção de trincheiras localizadas na descida do viaduto que passa sobre a BR 101, no início da Avenida Engenheiro Roberto Freire, e também onde hoje se situa a rotatória de acesso à Avenida Senador Dinarte Mariz (Via Costeira de Natal), cujo objetivo claro e básico, pelo que se percebe, é a segregação o tráfego.
Não obstante tenhamos como louvável, em princípio, quaisquer iniciativas de melhorias no tráfego da nossa Capital, no caso da obra prevista para a Avenida Engenheiro Roberto Freire, os impactos econômicos e sociais, indiscutivelmente negativos, superarão, em muito, os eventuais benefícios pontuais que venham a trazer. Essas trincheiras, se realizadas, vão afetar negativamente e talvez de modo definitivo a prosperidade da região, inviabilizando muitos negócios existentes há décadas e até mesmo a implantação de novos empreendimentos.
É fato conhecido mundialmente que infraestruturas desse tipo – vias expressas, trincheiras e viadutos, produzem danos irreparáveis ao desenvolvimento comercial, de serviços e habitacional do seu entorno. Inclusive essa situação já aconteceu Natal, como se nota com os impactos negativos provenientes da implantação do conhecido Viaduto do Baldo, bem como da via elevada construída próxima à entrada do túnel de acesso ao Campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ainda das recentes trincheiras erguidas no entorno do Arena das Dunas.
Essas obras comprovadamente produziram o declínio do desenvolvimento de seus entornos, talvez de modo irrecuperável, levando ao fechamento de estabelecimentos comerciais e de serviços, e inviabilizando a instalação de novos negócios, que poderiam estar gerando emprego e renda para o nosso povo. Isso sem contar os enormes transtornos que essas obras trazem, durante sua realização, para toda a população que reside na região e às pessoas que por lá transitam, que indiscutivelmente não se justificam, principalmente em face dos questionáveis benefícios que trarão, que podem ser traduzidos, na verdade, em incalculáveis prejuízos.
No caso específico das trincheiras previstas nas obras da Avenida Engenheiro Roberto Freire, de acordo com a informações que dispomos até o momento, até porque não conseguimos ter acesso ao Projeto Executivo, vislumbramos vários pontos dessas intervenções urbanas que, antes mesmo de serem executadas, já vêm trazendo enormes preocupações para os moradores e, notadamente, os empreendedores com negócios já instalados e a serem implantados na região.
Na região da primeira trincheira, no início da Avenida Engenheiro Roberto Freire, logo após o viaduto que passa sobre a BR 101, localiza-se um próspero ambiente comercial, com shopping center, supermercados, lojas comerciais e de serviços, incluindo alimentação, farmácia e posto de gasolina, área que, além dos empregos gerados, possui faturamento anual várias vezes superior ao valor da obra que se pretende realizar. Se implantada, a obra fatalmente produzirá severas e irreparáveis perdas econômicas naquela localizada, com impacto direto nos empregos e, em consequência, na renda da população, sem comtar com a significativa queda nos impostos arrecadados.
Já na área da segunda trincheira, localizada na rotatória de acesso à Via Costeira de Natal, se situam, além de outro shopping center, a principal região dos meios de hospedagem da Capital, bem como de alimentos e bebidas, com uma gama de restaurantes e bares, e ainda dos principais empreendimentos de lazer e serviços turísticos do Estado, que atualmente geram emprego e renda a dezenas de milhares de pessoas, totalizando mais de dois mil estabelecimentos instalados.
Para se ter uma ideia da sua importância, essa próspera região abriga cerca de 80% (oitenta por cento) dos leitos de hospedagem de Natal, além dos dois restaurantes classificados pelos turistas entre os cinco melhores do país, sendo ainda o principal espaço do renovado e vibrante carnaval de rua da Cidade. Esse local é também a via de entrada do principal cartão postal do RN, a Praia de Ponta Negra.
A trincheira da rotatória de acesso à Via Costeira, se realizada como prevista, além do dano a um dos nossos maiores patrimônios imateriais, a vista da Praia de Ponta Negra e do famoso “Morro do Careca”, irá produzir um verdadeiro desastre à economia daquela região, com severo impacto no turismo de Natal e do Estado, atividade que representa cerca de 15% (quinze por cento) do nosso Produto Interno Bruto (PIB) e maior vetor econômico estratégico.
Como ilustração e a título de comparação, apresentamos, no anexo, imagens de obras similares que foram implementadas, como em Medellín, na Colômbia (interseção da Avenida San Juan com a Avenida Carrera 55), as quais refletem como poderão ficar, nas intervenções programadas para a Avenida Engenheiro Roberto Freire, os ambientes então descritos, no caso da construção dessa obra em nossa Capital. As imagens falam por si e, definitivamente, não queremos isso para a população e economia da cidade do Natal.
E, ao que se verifica, retirando as trincheiras da obra projetada, o seu restante fica evidentemente prejudicado, sendo necessários e inadiáveis novos estudos de alternativas de intervenções para melhoria do tráfego na Avenida Engenheiro Roberto Freire, estudos esses que precisam e devem ser feitos com bastante acuidade, destinando o tempo adequado e indispensável à efetiva participação com toda a sociedade, indistintamente e com a imprescindível transparência, discutindo especialmente com todos os setores econômicos envolvidos. Temos que qualquer obra pública, de tamanha envergadura e com riscos de irreversíveis impactos negativos, jamais poderia ser realizada de outra forma, senão mediante amplo e democrático debate.
Nesse sentido e por todas as razões ora apresentadas, vimos respeitosamente à presença de Vossa Senhoria, com a devida permissão, expressar nossa veemente discordância com execução dessa vultuosa obra neste momento, nos posicionando contra qualquer solução de intervenção viária que envolva a edificação de trincheiras e viadutos em uma eventual e futura readequação da Avenida Engenheiro Roberto Freire, sem antes ser amplamente debatida com a sociedade, de forma a contemplar os reais e efetivos interesses públicos.
Por outro lado, é oportuno registrar que somos totalmente favoráveis à implantação de melhorias na região, que podem passar, por exemplo, pela criação de caminhos alternativos para tráfego, como a utilização das Avenidas das Alagoas e Praia de Muriú; melhorias no pavimento, sinalização e passeio público da Avenida Engenheiro Roberto Freire; intervenções pontuais de alargamento de faixas, como na região da rotatória, para permitir a conversão à direita do fluxo que se dirige à Via Costeira; e mudanças de semáforos e fluxo de tráfego, como na Avenida Odilon Gomes, dentre outras. Essas intervenções ora sugeridas, que não trariam pesados impactos na infraestrutura, seriam realizadas a um custo infinitamente inferior, e poderiam, sim, trazer importantes melhorias para a situação atualmente vivenciada.
Mas essas e quaisquer outras ações a serem feitas, entretanto, por melhores e mais eficazes que sejam, devem também ser sempre precedidas do diálogo e discussão com a sociedade, sendo programadas no tempo e forma adequados, de modo a minimizar seus impactos sociais e econômicos negativos durante e após sua realização.
E, no caso concreto, se não bastassem todas as questões já postas, relacionadas à concepção equivocada da obra, é impensável e completamente inviável realizá-las nessa região em plena época de alta estação turística, atingindo negativamente nossa principal atividade econômica, fato que resultará em perdas econômicas evidentes dos setores empresariais, com impacto negativo direto no emprego e na renda da população, afetando ainda a arrecadação de impostos.
Na certeza da atenção e compreensão de Vossa Senhoria, antecipamos os agradecimentos, ao tempo me que permanecemos, como sempre, à disposição para discussão conjunta do assunto, de maneira a colaborar com a busca de soluções que efetivamente melhorem o ambiente de negócios de nossa Cidade e a qualidade de vida do seu povo e, em particular, de toda a região no entorno da Avenida Engenheiro Roberto Freire, via de importância vital para o comércio, os serviços e o turismo de Natal.






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