“Penso que a questão interna dos presídios deve ser exclusivamente dos governos estaduais. Cada um tem que cuidar dos seus problemas, e isso infelizmente não está acontecendo. As Forças Armadas não são para desordens nos presídios, mas em desordens generalizadas nas ruas, que a força policial não pode mais conter. E não para entrar em presídio para vistoriar. Ela tem que ter seu papel constitucional preservado. Até porque não tem preparo para isso. As autoridades têm que entender que o homem fardado não é apenas um espantalho que causa intimidação, mas ele tem que estar preparado para agir. E ação no presídio é trabalho estritamente policial. É até preferível que as Forças Armadas não atuem nos presídios, para não haver desgaste no governo Federal. Porque se houver problemas como um enfrentamento com morte numa tropa, além de se criar um problema operacional, se tornará um problema político grave.
Não vejo condição para as Forças Armadas fazerem esse tipo de trabalho. Daqui a pouco todo governador vai começar a pedir mais do que deve. É uma temeridade. Os estados têm condições de fazer isso. Todos têm seus batalhões de operações especiais. E eles normalmente são bem estruturados e podem ampliar seu treinamento para outras unidades, como fazem os batalhões do interior do Rio ou de São Paulo. O que o governo poderia fazer é ajudar no treinamento de outras tropas. Em São Paulo, tem cerca de duas mil manifestações por ano. Não dá para o Batalhão de Choque cuidar de tudo, então os outros batalhões são treinados para fazer trabalho suplementar, além do patrulhamento. Fora que há lugares em que o contingente é desnecessário. No Rio de Janeiro, só na Assembleia Legislativa, tem 500 policiais atuando. E o Estado todo tem 45 mil PMs. Está mais do que suficiente. No Amazonas tem 10 mil homens. Em Roraima, 2 mil. É possível.”
Fonte: O Globo






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