Presidente do TJ diz que UTI do Maria Alice Fernandes deverá ser reaberta, nem que precise usar a força policial
Depois de se reunir com representantes da diretoria do hospital Maria Alice Fernandes, que consideraram como sendo “crítica” a situação da unidade hospitalar, o desembargador Cláudio Santos, deverá se reunir, nas próximas horas, com o governador Robinson Faria, a quem irá cobrar providências para a reabertura da unidade de tratamento intensivo (UTI) pediátrica da unidade. O problema, no entanto, é maior do que se imagina: o diretor técnico do hospital, médico Renílson Rodrigues, revelou que não apenas a UTI foi fechada, mas também o pronto-socorro do hospital, inaugurado em 1999.
Os dez leitos foram fechados devido à falta de profissionais especializados para assegurar as escalas de plantão, porém Claudio Santos destacou a necessidade de se reverter imediatamente o fechamento da unidade diante do risco às vidas das crianças no Rio Grande do Norte.
Segundo a diretora geral da unidade, Sayonara Barros, a UTI voltará a funcionar na próxima segunda-feira, 1º de agosto, devido à abertura de nova escala de plantão, mas o problema da falta de profissionais persiste e tende a se repetir caso não haja reposições na equipe.
Força policial
O presidente do TJ mostrou, em suas declarações, que não poderá tolerar outra situação que não seja a que aponte para o restabelecimento dos serviços, nem que seja necessário o uso da força policial, conforme prevê a legislação.
“Que se faça concurso, que se contrate imediatamente, que se aumente salários de médicos, não importa. O que importa é que temos soluções e que temos que efetivar essas soluções”. Ele defendeu que os envolvidos não podem se prender a burocracias, conveniências e limites para resolver essas questões.
Atualmente, o Hospital Maria Alice Fernandes conta com apenas seis médicos para a escala deste setor, quando seria necessário um mínimo de oito – e de dez para que a unidade funcione dentro dos parâmetros adequados. O único hospital público pediátrico do RN concentra o maior número de leitos de UTI.
Dificuldades
A coordenadora da UTI pediátrica do Maria Alice Fernandes, Luciana Correia, destacou que a crise atual já vinha se anunciando há dois anos e que todas as providências necessárias foram pedidas pela direção do hospital ao Estado, sem que houvesse uma resposta efetiva. Ela cobrou um plano de metas e prazos para a reestruturação plena do hospital.
Luciana Correia informou que a escassez de médicos atinge também a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Walfredo Gurgel e que a unidade corre o risco de fechar, contando atualmente com apenas quatro intensivistas na escala. Por outro lado, ela lembrou que uma UTI pediátrica demanda profissionais capacitados e que são necessários 11 anos para formar esse médico especializado.
Para o cirurgião Ulysses Cavalcante, que trabalha no hospital, é preciso que o Governo do Estado olhe para o único hospital estadual que atende exclusivamente crianças, recebendo casos cirúrgicos e clínicos, e que dá suporte a todo o Rio Grande do Norte.
A secretária estadual adjunta da Saúde, Denise Aragão, afirmou que um plano de atenção rápida está sendo construído para o Maria Alice Fernandes e que já foram identificadas fontes de recursos para assegurar o funcionamento da unidade, a partir do realinhamento de despesas da Fonte 160 (projeto Cegonha) e do programa RN Sustentável.
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