Geraldo Ferreira fala ao portal do PPS/RN sobre política e eleições municipais de 2016
O vice-presidente do PPS/RN, Geraldo Ferreira, falou ao portal do partido no Rio Grande do Norte quando fez uma análise do momento político por que passa o Brasil, radiografou a atual gestão na capital do estado e apontou prioridades do PPS para uma administração do partido em Natal. Geraldo Ferreira é médico anestesista e presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte.
Leia abaixo a entrevista do vice-presidente do PPS/RN.
Você defende candidatura própria do PPS a prefeito de Natal? O candidato será você?
Geraldo Ferreira: Uma candidatura majoritária permite ao partido e ao candidato a exposição de seu programa e suas ideias com largo alcance, para toda sociedade. Isso fortalece o partido e contribui para seu reconhecimento como força política comprometida e com proposições que dizem respeito ao futuro da cidade e de seus cidadãos. Nessa perspectiva, a candidatura de uma pessoa do partido, é na verdade a defesa do programa do partido e de suas propostas. Há espaço, dentro da conjuntura atual, para uma campanha que semeie ideias e ofereça soluções para os graves problemas que afligem a população de Natal. Nessa perspectiva, eu defendo uma candidatura própria do partido a prefeito como forma de levar à sociedade a mensagem e o programa do PPS. Mas há um detalhe: o agravamento da crise nacional e uma série de negociações salariais e de plano de carreira da categoria médica estão exigindo minha atuação na área que milito que é a sindical. Embora tenha me colocado como provável pré-candidato e que tenha alcançado repercussão adequadada na categoria médica e na sociedade, sinto que meu papel, na minha área de ação, não me permitirá a dedicação que uma campanha a prefeito exige. Assim, apesar de defender uma candidatura própria do PPS a prefeito acho que devemos procurar no partido uma outra alternativa. Não poderia enfrentar essa luta sem a concentração total de mente e esforços, o que no momento a luta médica no plano nacional e local dificilmente me dariam.
Há negociações com outros partidos para formação de um bloco político liderado pelo PPS nas eleições deste ano?
Geraldo Ferreira: As conversas de alianças que buscam consolidar o projeto de uma candidatura majoritária caminham paralelas às das candidaturas a vereadores. O projeto do partido é coletivo. Elas estão sob o comando do presidente do PPS, Wober Júnior, que tenta viabilizar alianças que nos possa dar tempo de televisão e viabilidade eleitoral. Temos uma caminhada até começo de agosto, prazo final das convenções partidárias para decidirmos qual o melhor rumo para o PPS.
Quais as prioridades de uma possível administração do PPS na capital do estado?
Geraldo Ferreira: O caos administrativo que se espalhou por quase todos os municípios de Brasil é capitaneado pelas questões de segurança, saúde, educação, mobilidade urbana, saneamento, meio ambiente, questões sociais como moradores de rua, atração de empresas, projetos que criem empregos e em Natal um olhar todo especial para o turismo, talvez a principal fonte de renda e emprego de nossa cidade. Nosso programa olha necessariamente para todas essas questões, com a equiparação da guarda municipal à polícia, postos de vigilância e fiscalização em rotas de entrada e saída de Natal, para a segurança. Na saúde, melhora da infraestrutura da rede pública e parcerias com cooperativas e setor privado para ampliação de leitos e procedimentos para o SUS. Na educação possibilidade de professores com dedicação exclusiva para termos um corpo técnico disponível para ensinar e administrar nossas unidades, incentivar nos colégios municipais o ensino profissionalizante, para que o aluno possa, ao longo do estudo, desenvolver suas aptidões para uma profissão que lhe permita a subsistência. Na mobilidade urbana estacionamento rotativo nas ruas principais, velocidade controlada, redução das lombadas físicas, ampliação frota de ônibus e criação do cartão dia ou semanal. Programas de recuperação dos moradores de rua, batalhões ecológicos para limpeza de rios, ruas, praças, praias, canteiros, eliminando sacos plásticos e sujeiras desses ambientes, educação ambiental, coleta seletiva e reciclagem do lixo, divulgação e marketing de Natal em feiras e eventos turísticos, roteiros, ônibus city tour para turistas, jardins a beira-mar como em Santos/SP, praças iluminadas, arborizadas e seguras, incentivo a pequenos empreendedores e pequenos negócios. São alguns pontos que necessariamente precisam ser tocados por uma próxima gestão para melhorar a vida do nosso povo e fazer de Natal uma cidade humana, limpa e segura.
Qual a avaliação que você faz sobre a atual administração de Natal?
Geraldo Ferreira: O prefeito Carlos Eduardo foi eleito quase como um desabafo da população contra a gestão de Micarla, que tinha derrotado a candidata de Carlos Eduardo, que era o prefeito na época. Com a má gestão de Micarla, o prefeito herdou uma cidade destroçada, mas bom para ele que com algumas medidas conseguiu vencer o caos e se vestiu então como bom gestor. O prefeito faz uma gestão de canteiros, banhos de lama asfáltica, luzes de Natal, e pouca coisa na educação, saúde, segurança, divulgação de Natal ou atração de empresas. Tomou partido na defesa de Dilma Rousseff e costura um acordão que tem sido muitas vezes rejeitado pela população. Tem uma avaliação razoável da população e domínio dos meios de comunicação da família, como rádio, jornal e televisão. Para ser batido precisa ser enfrentado do ponto de vista ideológico e como continuador de um projeto oligárquico. Tem também como ponto a ser explorado a possibilidade de renunciar ao mandato para concorrer ao governo estadual, ou seja, a candidatura à reeleição é um trampolim para uma candidatura ao governo, não um compromisso com a cidade.
Qual a análise que você faz do momento político brasileiro?
Geraldo Ferreira: O cenário político nacional sinaliza algumas coisas. Primeiro, uma intolerância absoluta à corrupção, de forma que até associar o nome de um candidato a apoios suspeitos pode matar uma candidatura. Segundo, um desejo de mudança não muito estruturado, mas que aponta uma rejeição aos políticos tradicionais, herdeiros familiares ou profissionais da política. Depois há um viés eleitoral com conteúdo ideológico, onde boa parcela da população passou a rejeitar teses da esquerda petista que antes eram quase unanimidade, assim emerge um movimento democrático que luta por liberdade econômica, valoriza o mérito e o trabalho, não aceita privilégios para minorias. Não se sabe ainda o peso disso nas próximas eleições, mas os candidatos vinculados ao PT enfrentarão dificuldades, como os que se identificam ou defenderam o governo do PT nos últimos anos. Há uma expectativa que as próximas eleições tragam os ventos da renovação e da mudança, resta comprovar isso nas urnas.
As ações da Operação Lava Jato terão influência na eleição?
Geraldo Ferreira: Este é um fato inconteste, a Operação Lava Jato mudou o País. O foco contra a corrupção será o ponto central das próximas eleições. A exploração de todos os aspectos, visões, opiniões, comportamento e passagem por cargos de gestão em busca de deslizes que comprometam ou inviabilizem a candidatura será a tônica. Claro que mídia partidarizada, blogs comprados, perfis falsos nas redes, contribuirão para o clima de procurar ou criar escândalos, mesmo que não existam. A política se transformou num jogo de denuncismos e de destruição do adversário, em vez de um campo de proposições e ideias para uma futura gestão. Mas, claro, o passado é sempre uma garantia para o futuro, assim quem tem escândalos ou condenações de mal uso de recursos públicos não conseguirá sustentar uma candidatura. O País apoia com muita força a ideia da “Lava Jato” de passar o Brasil a limpo e eliminar da política os corruptos. Dessa forma a associação do candidato a escândalos ou a apoios e lideranças que não tenham da população o reconhecimento de honestidade comprometerá a campanha e poderá derrotar mesmo quem se julgava imbatível.
O que se pode esperar da campanha eleitoral deste ano?
Geraldo Ferreira: A próxima campanha tem pelo menos três componentes que terão grande peso, há um desejo de mudança, que precisa ser respondido pelo candidato com um currículo que desperte confiança que tem experiência e perfil de bom gestor, há uma procura por um candidato honesto, limpo, que exige do candidato transparência e histórico confiável, e teremos um fator ideológico que poderá delimitar campos à esquerda ou de apoio ao PT e ao ex-governo Dilma, e um bloco democrático, com os movimentos que se associaram as manifestações de rua e defenderam a “Lava Jato”, Sérgio Moro, prisão dos corruptos e impeachment de Dilma. É dessa mistura que o filtro do eleitor selecionará o seu favorito, merecedor de seu voto.
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