PMBD discute o impeachment de Dilma: estratégia é trabalhar nos bastidores e não publicamente
As maniestações em todo o país neste domingo (13), convenceu a cúpula do PMDB de que o impeachment da presidente Dilma Rousseff é inevitável. Desde o sábado anterior as manifestações, quando aconteceu a convenção nacional do partido, conversas reservadas entre os líderes da legenda concluíram que Dilma não tem mais condições de se manter no poder.
Apesar de algumas diferenças entre grupos do partido, o consenso que vence é de que a melhor estratégia para o PMDB consiste em trabalhar pelo impeachment somente nos bastidores, em vez de romper publicamente com Dilma.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, adversário declarado de Dilma, apressará os trabalhos da comissão de impeachment, ajudará a tirar partidos da base aliada e aumentará os ataques públicos contra o governo. Na quarta (16), o Supremo definirá finalmente se haverá mudanças no rito do impeachment. Seja qual for o resultado, a Câmara fará a votação da comissão especial na quinta; a instalação será no dia seguinte. Em 30 dias, a comissão terminará seus trabalhos e, no começo de maio, os 513 deputados votarão em plenário o afastamento de Dilma. Isso, é claro, se o Supremo não intervier novamente no processo de impeachment.
Até lá, o vice-presidente Michel Temer, sucessor de Dilma no caso de impeachment da petista, ficará em silêncio e manterá uma distância segura do Planalto. Os senadores do PMDB, em especial Renan Calheiros, farão críticas pontuais ao governo, pregarão a “união do país” e ajudarão nas articulações com a oposição.
Pelos planos do PMDB, Temer assumiria a Presidência ainda em maio. Essa estratégia leva em conta duas premissas. A primeira, de que a situação política de Dilma não se deteriorará a ponto de exigir rapidamente um rompimento formal do partido. A segunda, de que os fatos da Lava Jato não acertarão com força Temer ou, de modo ainda mais incisivo, um número maior de deputados e senadores responsáveis pelo impeachment. Por enquanto, apenas Cunha e Renan estão conspurcados pelas acusações de corrupção. Se o fogo da Lava Jato se alastrar a ponto de queimar mais o Congresso do que o Planalto, o impeachment pode parar.
Fonte: Época
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