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Cerveró sai da prisão só com a roupa do corpo; casaco, livros e até remédios, tudo ficou na PF

NESTOR CERVERÓ EMBARCA PARA O RIO, ONDE CUMPRIRÁ PRISÃO DOMICILIAR COM TORNOZELEIRA EM SUA CASA EM ITAIPAVA

NESTOR CERVERÓ EMBARCA PARA O RJ, PARA CUMPRIR PRISÃO DOMICILIAR  EM SUA CASA EM ITAIPAVA (Heuler Andrey)

Quando saiu da prisão nesta sexta (24), o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró levou só a roupa do corpo. Deixou para trás casaco, livros e até remédios. Tudo ficou na sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde passou a maior parte do último um ano e meio de prisão.

Na véspera de sair, disse que não queria levar nada de lá. Segundo seu advogado Beno Brandão, Cerveró falava aliviado que “finalmente” iria embora, e que só queria “esquecer tudo”.

Poucos depois de chegar a custódia da PF, em janeiro de 2015, ele passou a ter crises de choro e ansiedade.

A situação fez com que tivesse direito a tratamento psiquiátrico , com calmantes e sessões de terapia que terminaram há pouco.

Apesar das crises, o ex-executivo resistiu quase meio ano até procurar a Justiça para fazer um acordo de delação premiada.

Nos primeiros meses, acreditava que sairia com um habeas corpus que nunca veio.

Pesaram na decisão a perspectiva de não sair da cadeia, já que só em uma ação foi condenado a 12 anos de prisão, e a falta de dinheiro para a família.

Com dificuldades financeiras, mulher e filhos passaram a pegar Uber e comprar passagem em promoção. Em maio de 2015,o ex-diretor se queixou do “parco salário” que a Justiça lhe deixara, só uma aposentadoria. Afirmava que ganhava R$ 100 mil por mês na Petrobras, e que sua nova vida era “uma dificuldade”.

Cerveró partiu para a primeira rodada de conversas com os procuradores da Lava Jato em agosto. Dois meses depois, teve outro encontro sem avanços. Os investigadores não o consideravam “confiável” e o viam como um “jogador”.

A salvação veio pelo filho Bernardo. Ele gravou um encontro que teve com o então senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) em que o político propunha um plano de fuga para Cerveró.

Depois de entregar o material à Justiça e garantir o acordo, assinado em novembro, Bernardo viajou para o exterior. Segundo advogados, ele está em Londres, na Inglaterra, e nem Cerveró quer que o filho volte, com medo de que sua vida esteja em risco.

Após fechar a delação, o ex-executivo mudou o comportamento. Parou com as crises de choro e passou a se desentender com carcereiros, que o descrevem como “arrogante”. Chegou a apontar o dedo no rosto de um deles em uma discussão. Como punição, ficou sem banho por dois dias.

Fora da cela, o ex-executivo cumprirá prisão domiciliar com tornozeleira em um dos únicos imóveis que lhe restou, uma casa em Itaipava, no Rio. É lá que ele passará um ano e meio em prisão domiciliar, antes de progredir de regime. Questionado por pessoas próximas se estava preparado para enfrentar vaias, disse que sabia que passaria por isso.

Com informações da Folha de São Paulo ( BELA MEGALE e ESTELITA CARAZZAI)

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