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Presidente da OAB/RN alerta para golpe do falso advogado; entenda como funciona

FOTO: DIVULGAÇÃO

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Norte (OAB/RN), Carlos Kelsen, fez um alerta importante sobre uma nova modalidade de golpe que está se espalhando pelo Brasil: criminosos estão se passando por advogados para aplicar fraudes com base em processos judiciais verdadeiros e até recursos de inteligência artificial. O esquema já causou prejuízos a diversos clientes e está mobilizando entidades da advocacia e autoridades de segurança pública.

Como funciona o golpe

Segundo Carlos Kelsen, os golpistas entram em contato com clientes por meio do WhatsApp, utilizando fotos e nomes de advogados reais, extraídos de sites institucionais ou redes sociais. A abordagem é feita com riqueza de detalhes: aparece o nome completo da vítima, sempre em letras maiúsculas, e documentos anexos, como petições iniciais verdadeiras contendo o timbre do escritório de advocacia.

“Na última quinta-feira, usaram a minha própria foto para enganar clientes com falsas mensagens no WhatsApp”, relatou Kelsen.

O criminoso alega que há um valor judicial disponível e que ele poderá ser liberado com o pagamento de uma taxa via Pix. O tom de urgência é parte da armadilha: afirmam que, se não for feito em até 15 minutos, o valor será perdido.

Golpistas usam inteligência artificial e chamadas de vídeo

O golpe tem se tornado cada vez mais sofisticado. Já houve casos em que os criminosos utilizaram mensagens de voz geradas por inteligência artificial, simulando a voz dos próprios advogados. Também foram relatadas videochamadas com supostos juízes afirmando estar diante do processo no computador, prontos para liberar a quantia mediante o envio imediato de Pix.

“Já temos relatos de ex-presidente da OAB Nacional que recebeu uma mensagem de voz tão realista que ficou em dúvida se não era ele mesmo”, destacou Kelsen.

De acordo com o presidente da OAB/RN, os criminosos acessam o sistema eletrônico da Justiça (PJe), retiram dados autênticos dos processos e constroem o golpe com base nessas informações. “O cliente realmente tem um processo na Justiça, muitas vezes movido pelo nosso escritório. Os estelionatários usam inclusive a petição inicial com os dados reais, o que torna o golpe ainda mais crível”, explicou.

Medidas da OAB e atuação das autoridades

A OAB do Rio Grande do Norte já recebeu diversos relatos de advogados cujas identidades foram utilizadas nos golpes. Um canal na ouvidoria do site da OAB está disponível para denúncias. Os advogados e vítimas devem enviar prints das conversas, números de telefone e demais evidências. Um dos DDDs utilizados recentemente é o 84, o que dá aos criminosos aparência de contatos locais.

A Ordem também procurou a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do RN. Um ofício foi entregue ao secretário, coronel Araújo, solicitando a designação de um delegado específico para investigar os casos e centralizar as informações.

Carlos Kelsen reforça que nenhum advogado legítimo solicitará valores por meio de WhatsApp para liberar quantias judiciais. “Não existe esse procedimento. Um saque judicial só pode ser feito com alvará assinado digitalmente pelo juiz, com token. O dinheiro não é liberado por mensagem ou chamada”, alertou.

Ele acrescenta que custas processuais e depósitos judiciais devem ser pagos por guias oficiais, emitidas dentro do sistema do processo, com código de barras e dados verificáveis.

Tribuna do Norte

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