
O ex-senador e ex-presidente da Petrobras Jean Paul Prates fez críticas ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmando que ele tentou interferir na gestão da estatal com o objetivo de agradar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As afirmações foram feitas nesta quarta-feira (23) na 98 FM Natal.
“O presidente hoje tem total noção do que é a Petrobras e como ela funciona, principalmente após tudo o que aconteceu, como a Lava Jato, as melhorias na governança, a transparência e a atuação nos mercados de ações em Nova York e no Brasil”, afirmou. No entanto, ele rebateu a ideia de que os controles da empresa foram afrouxados: “Não, não flexibilizou. O problema é que algumas pessoas acham que podem fazer coisas que não podem.”
Jean Paul citou diretamente Alexandre Silveira, alegando que o ministro usava informações internas para se antecipar em declarações públicas, pressionando a companhia por mudanças na política de preços. “Ele sabia que não podia, mas forçava a barra. Quando havia uma janela técnica para, por exemplo, reduzir o preço de combustíveis, ele corria para a imprensa dizendo que estava mandando a Petrobras baixar o preço do diesel ou da gasolina”, relatou.
Para evitar problemas com o mercado, Prates conta que era obrigado a suspender decisões em andamento. “Eu imediatamente dizia: suspende o processo e vamos esperar para a semana que vem. Não podíamos cumprir uma ordem direta de ministro.”
O ex-presidente da estatal reforçou que, embora o governo federal seja o controlador da Petrobras, a influência deve ocorrer apenas por meio do Conselho de Administração. “O governo manda na Petrobras? Manda, mas manda de uma certa forma, por meio do conselho. Não é uma relação direta.”
Jean Paul também comentou sua relação pessoal com Silveira, com quem dividiu espaço no Senado. Ele relembrou que ambos chegaram juntos ao Executivo, mas que se surpreendeu com a mudança de postura do ministro. “Apesar de sermos companheiros e termos combinado ações juntos, ele começou a se reconfigurar para agradar muito o presidente. Provavelmente é um jogo político válido.”
Prates disse ainda que perdeu disputas internas no governo, mas afirmou que a condução da estatal seguiu firme dentro da legalidade. “Talvez eu tenha perdido essa batalha, mas nós fizemos um jogo de várias batalhas”, concluiu.
Jean Paul Prates foi demitido da chefia da Petrobras em maio de 2024. Em mensagem interna aos funcionários da estatal, Jean Paul confirmou ter sido demitido pelo presidente Lula. No texto, Jean falou que sua missão na Petrobras foi “precocemente abreviada” – ele atribuiu a demissão a Silveira e Rui Costa (Casa Civil), que teriam se “regozijado” com sua demissão precoce.
Portal 98 FM