
Ernesto Paglia estava na Globo há 44 anos, quando foi demitido da emissora. O jornalista revelou que o canal tomou a decisão de mandá-lo embora e que a motivação teria sido o alto salário. Ele abriu o jogo durante entrevista ao Alt Tabet, do Canal UOL.
“Eu consegui chegar ao final da minha carreira na Globo com um salário muito bom, o que foi minha alegria por muito tempo, mas o motivo pelo qual tive que sair. Tranquilo, sem problemas, sem mágoas. Não foi minha escolha sair, mas é um novo momento da empresa, de um modelo de negócios diferente”, declarou.
Apesar da situação, ele negou qualquer mágoa do canal. “Saí da Globo há dois anos deixando as portas abertas. Não tenho problema nenhum com a Globo, nem a emissora comigo, a não ser aritmético, foi o que foi me dito. Hoje o público vai ao streaming e determina o que quer ver. Isso muda o modelo de negócio, mudou o faturamento. É um negócio e tem que ser ajustado para não morrer”, completou.
Paglia revelou que o salário de correspondente internacional varia conforme o país de trabalho. “Normalmente o correspondente ganha até menos porque você vai para esses lugares e não é que você eleva seu salário, você vai pelo salário do lugar, que é adequado à realidade daquele local”, contou.
Por fim, ele contou que Galvão Bueno o ajudou quando passou por crise financeira. Na época correspondente em Londres, Paglia jantou com o narrador e descreveu que não tinha dinheiro nem para pagar a creche do filho. “Chorei as pitangas”, disse ele.
“Ele perguntou: ‘mas você não falou com a direção [de jornalismo da Globo]?’ Eu falei: ‘mandei umas mensagens’… Na época não tinha nem e-mail, era carta por malote ou telex, que era uma coisa aberta e todo mundo lia… Era difícil, um assunto desagradável, mas o Galvão falou ‘deixa comigo’. E ele voltou ao Brasil e resolveu a questão. O Galvão Bueno me salvou, sou grato até hoje. O Galvão, que é uma figura polêmica, nem todo mundo fala bem dele, mas eu falo”, completou.
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