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Editorial Folha de São Paulo: Sem privatizar, governo Lula afunda os Correios

FOTO: RICARDO STUCKERT

Retirada do plano de desestatização, estatal tem prejuízo de R$ 1,7 bi no primeiro trimestre, depois de R$ 2,6 bi em 2024

Acontece nos Correios o que era previsível desde que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afastou a possibilidade de privatização da empresa —aumento acelerado dos rombos financeiros e dos riscos de apagão operacional.

Só no primeiro trimestre deste 2025, a estatal registrou um prejuízo alarmante de R$ 1,7 bilhão, mais que o dobro do apurado no mesmo período do ano passado. Isso depois de fechar 2024 com R$ 2,6 bilhões no vermelho.

A degradação dos balanços aparece tanto na menor geração de receitas como no aumento de custos —especialmente folha de pagamento de pessoal.

Parte da queda de 12% nas vendas de produtos e serviços, para R$ 3,9 bilhões, pode ser atribuída ao menor volume de encomendas internacionais de pequeno valor, agora mais tributadas.

O cerne do problema, entretanto, está na incapacidade de competir com empresas privadas que investem dezenas de bilhões de reais em tecnologia, robotização e eficiência logística.

A promessa de criação de um marketplace próprio e da expansão para novos mercados, como banco digital, soam como delírios diante da insuficiência de recursos financeiros e administrativos, dadas as travas e os vícios do regimento estatal.

Quanto às despesas, também observa-se o padrão petista. Salários e encargos aumentaram 8,7%, para R$ 2,7 bilhões no período, impulsionados por reajustes, gratificações e benefícios previstos em acordo coletivo.

É óbvia a gestão leniente, incapaz de conter o inchaço do quadro de pessoal. A promessa de economizar R$ 1,5 bilhão com novo programa de demissões voluntárias é tardia e insuficiente.

Desde o primeiro dia de mandato, ao retirar a estatal do Programa Nacional de Desestatização (PND), Lula apenas ratificou sua obsolescência ideológica.

É perfeitamente possível manter a natureza pública dos serviços postais com a necessária inserção privada num mercado competitivo e intensivo em capital. Baseado em experiencias internacionais bem sucedidas, o plano de privatização abandonado pelo petista buscava exatamente essa combinação positiva.

Ademais, a universalização do serviço postal, embora relevante, não justifica prejuízos bilionários que oneram o contribuinte.

Em nota explicativa do último balanço, a direção argumenta que 90% dos custos diretos do manejo dos volumes postais diz respeito ao cumprimento da obrigação de universalização, numa aparente tentativa de justificar os prejuízos —mas que apenas releva o amplo escopo para melhoria operacional.

O governo Lula, ao priorizar o controle político sobre a racionalidade econômica, perpetua um ciclo de déficit financeiro e caos administrativo que degrada cada vez mais o patrimônio público. A privatização não é apenas uma opção nesse caso; é uma necessidade urgente para salvar os Correios do colapso.

Editorial Folha de São Paulo

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