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Califórnia volta a considerar furtos como crimes graves

FOTO: GABRIEL DE ARRUDA

Em meio à vitória do republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, os americanos residentes na Califórnia — Estado tradicionalmente “progressista” — também decidiram sobre outras 10 medidas políticas.

Entre as propostas aprovadas, está o projeto que volta considerar como graves crimes não violentos, como furto em lojas.

O movimento vai na direção oposta das mudanças na legislação do Estado nos últimos anos, que facilitaram a vida de criminosos de todo o tipo.

Em artigo para a Edição 130 da Revista Oeste, Gabriel de Arruda Castro destacou que desde 2014, quem furta até US$ 950 (mais de R$ 5 mil) não ia preso no Estado — não importasse quantas vezes o crime se repita.

Além disso, com a pandemia, o governo estadual e os promotores do Estado resolveram esvaziar ainda mais os presídios. O uso de drogas ficou praticamente liberado.

Mas, números mostram que essas mudanças não foram benéficas para os californianos. Em 2020, houve um salto de 31% no total de homicídios na Califórnia. Em 2021, as estatísticas foram ainda mais alarmantes. E, proporcionalmente, 2022 ficou ainda pior que o ano anterior.

Frustrados com os crimes desenfreados, especialmente no varejo, os eleitores aprovaram uma a chamada “Proposta 36”, que volta a tornar crime para reincidentes o furto em lojas.

A medida também aumenta as penalidades para casos que envolvem drogas — incluindo o opioide sintético fentanil — e dá aos juízes a autoridade para ordenar que pessoas com reincidência recebam tratamento.

O governador da Califórinia, Gavin Newsom, foi contra a decisão e alegou que a proposta reavivaria uma “guerra às drogas”.

“Isso ressalta o descontentamento generalizado com o aumento do crime e da desordem pública, bem como o quão distante o Sr. Newsom está das preocupações de seus cidadãos”, avaliou o The Wall Street Journal, em editorial deste sábado, 9. “Talvez ele esteja gastando muito tempo fazendo campanha na Flórida.”

É difícil numerar a quantidade de furtos em lojas na Califórnia devido à falta de dados. No entanto, é comum encontrar na internet vídeos de grandes grupos de pessoas roubando lojas em plena luz do dia.

O portal APNews, por exemplo, cita o furto em uma loja da Nike fechada com tábuas em Los Angeles. O caso aconteceu na semana passada, depois que o time de futebol americano Dodgers venceu a World Series.

Os proponentes disseram que a iniciativa é necessária para fechar brechas legais que dificultam a punição de ladrões de lojas e traficantes pelas autoridades policiais.

“Esta é uma mensagem retumbante de que os californianos estão prontos para ter comunidades mais seguras”, afirmou a copresidente da coalizão, Anne Marie Schubert, que apoia a medida.

Mesmo assim, ainda há quem discorde da medida. Figuras da oposição, que incluem líderes estaduais democratas e grupos de justiça social, disseram que a medida vai dar aval para prender “desproporcionalmente pessoas pobres e aquelas com problemas de uso de substâncias, em vez de mirar em líderes que contratam grandes grupos de pessoas para roubar produtos para revenda online”.

Revista Oeste

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