
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio Grande do Norte (ABIH-RN), Edmar Gadelha, defendeu a criação de um calendário fixo de eventos como forma de garantir fluxo constante de turistas e geração de receita ao longo do ano. Para ele, a dependência de altas estações e sazonalidades fragiliza a economia do setor e impede que o RN alcance o seu verdadeiro potencial como destino turístico nacional. “A gente precisa parar de vender o Estado só no verão. O turismo não pode depender só do sol e mar”, afirmou.
Gadelha tem reforçado o discurso de que o Rio Grande do Norte precisa se posicionar com consistência no mercado, promovendo eventos que ocupem todas as épocas do ano e que se tornem parte da identidade cultural e econômica do estado. Ele cita o sucesso crescente do Mossoró Cidade Junina e do São João de Natal como exemplos de que é possível criar agendas fortes fora da alta temporada tradicional. “Eventos bem organizados, com promoção adequada e apoio da gestão pública, transformam cidades e movimentam toda a cadeia do turismo, do hotel ao ambulante”, disse.
Segundo o presidente da ABIH-RN, a hotelaria potiguar já sente os efeitos positivos desses eventos. Com base nos dados da entidade, a taxa de ocupação hoteleira em Mossoró durante o mês de junho ultrapassou os 90% em edições anteriores do evento junino, com impacto direto sobre os empregos temporários e no consumo local. Em Natal, a ampliação da estrutura do São João em polos como a Arena das Dunas já começou a atrair visitantes de estados vizinhos, com registro de aumento na procura por hospedagens e passagens aéreas para o período.
Gadelha afirmou que o setor produtivo está disposto a colaborar com o poder público, mas cobra organização, previsibilidade e compromisso com o calendário. Para ele, a ausência de planejamento faz o estado perder espaço para destinos concorrentes. “A Bahia tem Carnaval, Réveillon, festas regionais, congressos, eventos esportivos e culturais acontecendo o ano inteiro. A gente aqui ainda trabalha com base na incerteza”, disse.
Durante a conversa, Gadelha também comentou a recente aprovação da Lei do Tax Free no Rio Grande do Norte, de autoria do deputado estadual Luiz Eduardo. A medida permite a restituição de ICMS para turistas estrangeiros em compras acima de R$ 50. Para o presidente da ABIH, a iniciativa é bem-vinda, mas precisa ser acompanhada de uma política sólida de promoção e infraestrutura. “O Tax Free ajuda, mas sozinho não resolve. Se o turista não tiver motivo para vir, não tem benefício fiscal que segure”, afirmou.
Na visão dele, além dos eventos, o estado precisa enfrentar gargalos como conectividade aérea, burocracia ambiental e falta de investimentos em promoção de destinos menos explorados, como o interior. Ele defendeu que os próximos governos, independentemente de partido, assumam compromisso público com o setor e estabeleçam metas anuais para atrair novos voos, impulsionar eventos e qualificar mão de obra.
Edmar Gadelha concluiu que o turismo do RN precisa deixar de ser reativo e se tornar protagonista da agenda econômica estadual. “Com sol e mar, qualquer estado do Nordeste concorre. O que faz a diferença é gestão, é visão de calendário, é dar previsibilidade para quem quer investir, vender e trabalhar. O turismo não pode ser um tiro de verão. Ele precisa ser uma engrenagem que gira o ano todo.”
Agora RN